domingo, 2 de setembro de 2018

A História Taxonômica do gênero Monodelphis -- por Nelson Fernandes Gomes © 2018 -2024


As Grandes Navegações e a Descoberta do Planeta sob o ponto de vista Europeu.

Com as Grandes Navegações empreendidas principalmente por Portugal e Espanha, inevitavelmente veio o crescimento do conhecimento sobre as coisas da Natureza. Novas plantas e animais desconhecidos pelos europeus, não paravam de chegar dessas terras distantes e misteriosas, e tornou-se importante fazer um levantamento dessas riquezas. Exploradores e estudiosos se envolveram nesse gigantesco empreendimento de colecionar e catalogar todas essas interessantes novidades. 
Devido à sua proximidade, a América tornou-se rapidamente o lugar mais explorado, particularmente a América do Norte e o Caribe tornaram-se o centro dessa colonização européia.
 
O registro mais antigo de um marsupial foi feito em 1557 por Hans Staden, um viajante alemão, que esteve no Brasil por duas vezes, participando de combates em Pernambuco e São Vicente contra navegadores franceses e seus aliados indígenas. Staden viveu com os índios Tupimambás por nove meses como escravo, e escreveu sobre suas experiências. Segundo ele: "Há também um tipo de caça, chamada de Serwoy, que é tão grande quanto, e que tem uma cauda como, um gato; seu pelo é cinza-esbranquiçado, e também cinza-escuro. E quando se reproduz, dá à luz cerca de seis filhotes, e tem uma fenda na barriga, com cerca de meio palmo de comprimento. Dentro da fenda há ainda outra pele; pois sua barriga não é aberta, e dentro dessa fenda estão as tetas. Aonde quer que vá, carrega seus filhotes na fenda entre as duas peles. Muitas vezes ajudei a pegá-los e tirei os jovens da fenda", Duas Viagens ao Brasil, Livro II, cap. 32.
 
Em 1578, o francês Jean De Léry, que também manteve contato com os Tupinambás por dois meses, teve seu diário de viagem publicado com o título: Histoire d'un voyage faict en la terre du Brésil, e nele escreveu sobre esse mesmo marsupial citado por Staden. Ele o chamou de Sarrigoy fedorento e o citou em uma lista de outros animais: "Há outro com a forma de um furão, e com pelos grisalhos, que os selvagens chamam de Sarigoy: mas ainda que possam comê-lo, eles não o comem de bom grado. No entanto, o resto de nós, tendo esfolado alguns deles, e percebendo que era apenas a gordura dos rins que lhes dava aquele mau cheiro, depois de tê-los retirado, não paramos de comê-los: e de fato a carne é macia e boa". Muito provavelmente o animal citado por esses dois viajantes era da espécie Didelphis aurita, pois ambos viveram em regiões próximas à Baía da Guanabara, onde esse animal predomina.

Nesse mesmo ano (1578), o médico Francisco Hernández de Toledo regressou a Espanha depois de uma investigação que realizara na Nova Espanha (hoje, México), desde 1571. Foram sete anos de pesquisas, que resultaram no estudo de 4000 plantas mexicanas. Hernández veio a falecer nove anos depois sem ter visto publicados os resultados de seus estudos. No entanto, eles foram publicados posteriormente em 1615 com o título de QVATRO LIBROS DE LA NATVRALEZA, pelo monge dominicano Francisco Ximénez, que os traduziu do latim para o castelhano e os ampliou. Entre os animais estudados pelo médico, figura o Tlaquatzin, no Cap. XVIII, nas p. 262-263, ele o descreveu assim:
   
"O Tlaqvatzin é um animal com a forma e o tamanho de um cão pequeno, de dois a três palmos de comprimento, tem um focinho pontudo, alongado, sem pelos e cabeça pequena. As orelhas são muito finas e macias, quase translúcidas. Possui pelos longos e brancos, com pontas castanhas ou pretas. Cauda lisa, dois palmos de comprimento, semelhante a uma cobra, de um marrom escuro, com a ponta branca, que segura firmemente, tudo o que ele prende, ele retém. O corpo e os pés como de um texudo. A fêmea dá à luz quatro ou cinco filhotes, que são concebidos no útero; e lançados em uma cavidade alimentada com luz, enquanto eles ainda são jovens, ela os fecha e guarda, dentro desse lugar feito para isso, pela própria natureza, alargado e descolado naturalmente da pele externa, junto à região das tetas, com tanta igualdade e precisão, que parece que a pele está unida, de uma forma muito estranha, em sua totalidade; que é impossível se ver em outro lugar ou em outro animal, de maneira semelhante, tal obra da natureza. Os olhos são negros, pequenos, brilhantes; proeminentes. Ele sobe nas árvores com uma velocidade incrível. Fica por muito tempo escondido em covas. Se alimenta de galinhas, que ele mata à maneira das raposas e das doninhas selvagens, sugando-lhes o sangue. É um animal inofensivo e simples. Embora, congênito por um certo estratagema: às vezes finge estar morto. Quando, é claro, não há outra maneira de escapar das mãos dos homens ou iludir e morder seus predadores".  
Aparentemente, essa descrição faz referência ao Tlacuache norteño, o Didelphis virginiana, que ocorre no México juntamente com D. marsupialis, ele tem uma coloração predominantemente branca, como cita a descrição de Hernández, enquanto a de D. marsupialis geralmente é escura. Cita as orelhas quase translúcidas, sugerindo orelhas brancas, ou com as pontas brancas, como podem ser as de D. virginiana. Além disso, D. marsupialis não ocorre na Cidade do México, lugar que foi o epicentro das atividades de Hernández por seis anos.
 
O primeiro registro de um marsupial, feito por um europeu de língua inglesa, é de John Smith 1607 (aquele da Pocahontas), eis aqui sua descrição do animal: "An Opassom hath a head like a Swine, and a taile like a Rat, and is of the bignes of a Cat. Under her belly shee hath a bagge, wherein shee lodgeth, carrieth, and suckleth her young". [Um opossum tem a cabeça como a de um suíno, e a cauda como a de um rato, e o tamanho de um gato. Sob a barriga ELA tem uma bolsa, onde ELA aloja, carrega, e amamenta seus filhotes].

"Opassom" é um termo do vocabulário POWHATAN de John Smith, coletado na Virgínia. Em 1610, William Strachey, o primeiro Secretário da colônia de Jamestown, na Virgínia, disse que : an “aposoum (was) a beast in bignes of a pig and taste alike” [um “aposoum (era) um animal do tamanho de um porco e de sabor semelhante”]. O Didelphis virginiana, como é conhecido pela ciência, atualmente é chamado de opossum na América do Norte, uma modificação do termo usado originalmente.

Porém, a América do Sul logo chamou a atenção dos naturalistas por sua grande riqueza floro-faunística. Mais de meio milênio já se passou e as descobertas de novos animais ainda não cessaram. Nesse contexto é que iremos buscar o nosso objetivo: a história taxonômica do gênero Monodelphis. 

A taxonomia, ou seja, a ciência que procura classificar e nomear os organismos vivos, tem no livro SYSTEMA NATURAE de Carolus Linnaeus o seu ponto de partida. Porém dois outros importantes livros tiveram uma grande influência no trabalho de Linnaeus: o primeiro deles foi "Historiae Rerum Naturalium Brasiliae" do naturalista Georg Marcgrave (1648) que foi escrito com a participação do médico e também naturalista Willem Piso. O segundo livro, e esse foi sem dúvida alguma a principal referência para a obra de Lineu, tem o pomposo título de: "Locupletissimi rerum naturalium thesauri accurata descriptio" também conhecido como o Thesauro de Albertus Seba (1734), seu autor. Seba foi um zoólogo e farmacêutico alemão radicado na Holanda, que colecionava itens trazidos pelos viajantes, principalmente plantas que eram usadas no preparo de medicamentos. 
O Systema Naturae de Lineu teve várias edições, e só na décima o livro se consagrou como uma obra de referência para a classificação das coisas da Natureza. 
O latim já era amplamente utilizado como a língua da ciência mesmo antes de Lineu, e por isso existe uma certa confusão na terminologia usada nos livros dessa época, particularmente para os não iniciados nesse assunto. Portanto quando Marcgrave usa o nome Mus Araneus para a primeira espécie conhecida e registrada de Monodelphis, não está usando o sistema binomial de Lineu, mas simplesmente descrevendo um animal da fauna brasileira em latim. Isso também vale para a nomenclatura de Seba, quando ele cita Mus Sylvestris Americanus
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Georg Marcgrave

Nascido em Liebstad, Alemanha em 1610, morreu em Luanda, Angola em 1644. Era astrônomo, cartógrafo, naturalista, pintor, aquarelista e desenhista. Estudou matemática, astronomia, medicina e botânica nas universidades de Leipzig e de Estrasburgo, Alemanha; da Basiléia, Suíça; e de Leyden, Holanda, onde conheceu Willem Piso e Jan de Laet. Em 1638, chegou a Recife (Pernambuco), onde permaneceu até 1643, integrando a expedição científica e militar de Maurício de Nassau, como ajudante do médico Willem Piso. Nesse período, dedicou-se também a atividade científica, classificando plantas e animais, fazendo a descrição do clima, habitantes e idiomas brasileiros e estudando as estrelas do hemisfério sul. Recebeu de Maurício de Nassau uma encomenda para a construção de um observatório astronômico para acompanhar o eclipse de 1640. Realizou com Albert Eckhout (ca. 1610-1666), Zacharias Wagener e Caspar Schmalkalden, as pinturas do livro Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae. É co-autor, com Willem Piso, da Historia Naturalis Brasilae (1648), obra para a qual realizou aquarelas. - Enciclopédia Itaú Cultural

Entre as 7 primeiras espécies descritas para o gênero Monodelphis, M. americana foi a primeira a ser descoberta e a última a ser admitida dentro do grupo. Quando foi descrita (publicada) em 1648 por Marcgrave (p.229), ele não a reconheceu como um marsupial [animal de bolsa].
Nessa época,  o único "marsupial" conhecido por ele era a sarigueia, hoje mais conhecido entre nós como gambá. Ele o descreveu como Carigueya. Taj ibi, no Capítulo VIII do seu livro, e dele fez essa gravura que está reproduzida abaixo.

Gravura que Marcgrave fez de Didelphis albiventris (a coloração foi restaurada). A palavra Tai-ibi está relacionada à Taibu e Timbu, esta última é usada em Pernambuco para designar o gambá-de-orelha-branca. A palavra TIMBÚ foi usada pela primeira vez na literatura em 1878, por João Franklin da Silva Távora, em O Matuto. Chronica Pernambucana. TAIBU é mais antiga, usada por Frei Vicente de Salvador em 1627, na História do Brasil: 'Há outro a que chamam taibu, que, depois que pare os filhos, os recolhe todos em um bolso, que tem no peito, onde os traz até os acabar de criar'. A associação entre Tai-ibi e Taibu, é facilmente explicada pelo som do "u" em Tupi-Guarani. Antigamente se escrevia TUPY, porque esse Y final tem um som fechado, como o "U" francês. Daí Ibi e ibu são os extremos do som original "Y" ou seja, IBY. Tai-iby. A palavra TIMBU vem de TAj-IBY. Marcgraf registrou Taj ibi, cognato de TAIBU, como expliquei acima. Esse "j" em Taj ibi, sugere um "i" longo, como o digamma grego (ϝ). Esse "i" longo deu TImBû > TIMBU. Houve supressão do "a". Para finalizar, a palavra Carigueya, é também grafada como Çarigueya, cujo som é "Sarigueia".
 
                                                                  CAPÍTULO VIII. Carigueya. Taj ibi. (Sarigueia. Tai-ibi)

O Carigueya [sarigueia] brasileiro, ou Iupatiima [jupati] de alguns, ou Petiguari Taibi (o Sarigoy de Léry. o Tlaquatzin de Ximenez na Espanha do Norte [México]) é um animal do porte de um gato jovem ou médio, com cabeça de raposa e focinho pontudo, a parte inferior da boca um pouco mais curta que a parte superior: com uma língua longa. No entanto, ele abre a boca numa atitude ameaçadora, mas não morde, embora pudesse. Tem os dentes voltados para trás como um gato ou raposa, os da frente, tanto os superiores quanto os inferiores são pequenos, daí quatro caninos longos, os superiores são mais longos, os inferiores são mais curtos, daí novamente seis outros, e então os molares, ou seja, dezesseis molares, doze intermediários, quatro caninos e oito pequenos incisivos no maxilar inferior e dez no maxilar superior, pois ele tem dois bem grandes no meio, como o coelho. Ele tem narinas abertas, olhos bonitos, redondos, negros: orelhas grandes para o tamanho do corpo, longas e largas, como as das raposas, que ele as tem eretas, constituídas por uma membrana fina, nua, translúcida, um branco translúcido, misturado com um marrom escuro. Ele tem uma barba de gato, de pelos pretos, mas sob o queixo elas são curtas, e mais longas na parte superior da boca, algumas acima dos olhos e igualmente em ambas as bochechas [ele se refere às vibrissas]. A cabeça tem três dedos [polegadas], ou um pouco mais do que o comprimento das orelhas, cada uma com dois dedos de comprimento, e a metade de largura. Pescoço curto, não mais que um dedo de comprimento: o resto do corpo até a cauda, tem sete dedos: a cauda tem o comprimento de um pé, e é mantida curvada, pois ele se pendura nos galhos das árvores, como um macaco. O peito é bastante grande. As duas patas dianteiras mais curtas, cada uma com três dedos de comprimento, e as patas traseiras com um pouco mais de quatro. As patas dianteiras possuem cinco dedos, como mãos, com garras brancas curvas como um pássaro: as patas traseiras são geralmente mais longas, como as dos macacos, também como cinco dedos. Ele está vestido com pelos longos, mas os da cabeça, pescoço, barriga e pernas são mais curtos; os pelos da cabeça, das partes inferiores do pescoço, da barriga e da cauda são quase amarelos: mas, ao longo do comprimento da cabeça, passando pelos olhos e no meio da cabeça, se estendem grandes listras pretas; os pelos pretos na parte superior do pescoço estão misturados. Todo o dorso, laterais e parte superior da cauda, ​​é quase preto, mas misturado com pelos acinzentados. A cauda é peluda na sua base apenas por quatro dedos, no restante é nua, onde a pele é dividida, por quatro dedos é preta, e nos outros quatro dedos esbranquiçada, mesclada com marrom. A cauda é redonda e gradualmente afinada.

É um animal admirável, pois na parte inferior da barriga, perto das pernas traseiras, sua pele é dupla e a fissura externa é rasgada dois dedos e meio de comprimento, e faz com que pareça uma bolsa, que os brasileiros chamam de Tambejo, da capacidade de uma laranja grande. Esta bolsa é peluda  internamente e contém as tetas na pele interna da barriga, com oito mamilos: a boca da bolsa é bem fechada para que não apareça até que seja distendido por dois dedos. Esta bolsa em si é o útero do animal, pois não tem outro, como constatei com a dissecção [esse foi um engano que ocorreu nos primeiros estudos sobre esses marsupiais]; aí concebe a prole e se formam os filhotes. O animal que descrevo tinha na bolsa seis filhotes vivos com membros perfeitos, mas sem pelos; moviam-se daqui e dali, tendo cada um deles o comprimento de dois dedos. Aí eles são mantidos por um tempo, até serem capazes de buscar seu sustento; mas enquanto isso, eles às vezes saem e entram novamente. O animal tinha os testículos situado dentro do ânus [atenção: se era uma fêmea, certamente aquilo que ele viu, era o aparelho reprodutor, o útero e a vagina ambos duplicados nos marsupiais, e ligados à cloaca].
Sua pele pode ser facilmente removida como a de uma raposa ou de uma lebre, desde que seja cortada pela barriga: este animal fede como uma raposa ou uma marta: morde, e alimenta-se voluntariamente de galinhas, que apanha como uma raposa, e fica à espreita de pássaros nas árvores que escala, alimenta-se também de cana-de-açúcar; que mantive por quatro semanas em meu quarto; por fim, se enroscou na corda à qual estava amarrado e morreu por compressão: Cortei a pele morta e a mantive preenchida com recheio. O macho se parece com a fêmea em todos os aspectos, bem testiculado, transporta os testículos pendurados à maneira dos gatos.

ANOTAÇÃO: Eu dei esta descrição do animal do Frei Francisco Ximenez, in descript. América libro V. Capítulo 4, da qual trago aqui apenas: "A cauda deste animal é um remédio único e maravilhoso contra a nefrite; pois se for esmagada e do líquido tirado, seja dada na quantidade de um dracma, enquanto se jejua por várias vezes, limpa os ureteres maravilhosamente; expele os cálculos, e outras obstruções; desperta a libido e produz leite; cura as dores da cólica e creio que em toda a Nova Espanha nenhum outro remédio é tão útil; ele vive em lugares mais quentes e se nutre de carne e frutas, ervas e pão; e, assim, pela graça da mente, ele é criado em casa por muitos".

TAI-IBI brasileiro, em português "Cachorro do mato", em belga "een Boschratte" [o rato da floresta]: um animal de corpo redondo e oblongo. O comprimento de todo o corpo, do pescoço à cabeça, da cabeça à cauda, ​​é de quatorze dedos [polegadas], e a espessura de dez. Ele tem uma cabeça semelhante a da raposa, um focinho pontudo, uma barba felina: olhos conspícuos e proeminentes, negros: orelhas arredondadas, macias, finas, brancas, macias como papel. Ele tem pernas, pés e dedos com garras como a fêmea já descrita, além de uma cauda. Todo o corpo estava revestido de pelos brancos brilhantes, que escurecem nas extremidades, e mais ainda nas costas, mas especialmente nas pernas: quase enegrecem em torno do ânus e no início da cauda. A boca e as orelhas são brancas. A cauda na base, por cinco polegadas de comprimento, é enfeitada com pelos brancos enegrecidos na ponta, e a parte restante, até a ponta, é cercada por uma fina camada de pele esbranquiçada como a pele de uma serpente. Ele fede severamente, mas sua carne é comida. Ele facilmente preda galinhas, como as raposas. A pele é inserida em uma cutícula fina, que pode ser removida sem perder a pele mais grossa. Tem testículos pendurados como um gato macho. 
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Quanto à espécie de Monodelphis, Marcgrave (1648:229) a descreveu como Mus araneus (rato aranha), e a comparou ao musaranho europeu. Nessa época o latim era a língua da ciência, e foi descrita assim:

Mus araneus figura muris. corpore longitudo ab oris extremo ad caudan usque cinciter quinque digitorum; cauda fere duorum. Os habet acutum, dentes acutissimus: scrotum cum testiculis pendulum inter pedes posteriores. Fusci est coloris, sed in dorso secundum longitudinem à capite ad caudam tres nigras lineas habet crassas. Ludebat cum fele, nec illam metuebat, nec felis eum petebat.

Mus araneus  com a forma do rato. O comprimento do corpo, da borda da boca até a extremidade da cauda, tem cerca de cinco polegadas; a cauda tem cerca de duas (polegadas). Possui o focinho pontudo, e os dentes agudíssimos: escroto com os testículos pendentes entre as pernas traseiras. A coloração é escura, mas da parte posterior da cabeça até a cauda, tem três linhas negras grossas longitudinais. Brinca com o gato, não tem medo dele, nem ele o caça.

A descrição dessa espécie foi usada mais tarde por Buffon (1767:160) no seu tratado de História Natural, que a denominou La Musaraigne du Bresil. No entanto, Müller (1776:36) foi o primeiro autor a aplicar-lhe o sistema binomial de Lineu chamando-a de Sorex americanus. Essa espécie permaneceu 167 anos na condição de musaranho, sendo assim tratada em numerosas listas de espécies, e só em 1815, Illiger (certamente influenciado por Félix Manuel de Azara 1802:261) a tratou como Didelphys tristriata, portanto como um marsupial. No entanto ele não associou essa espécie ao musaranho de Müller (Sorex americanus),  a atual  Monodelphis americana, uma espécie válida.

Acima vemos o frontispício do volume XV, da obra de Buffon, e a página com a descrição que ele fez
 baseado totalmente no Mus Araneus de Marcgrave.

A figura mostra a página original com a descrição feita por Müller, a partir do Musaraigne du Bresil de Buffon. A sua descrição é sem dúvida alguma a mais simples de todas. Temos também a tradução em português e uma figura feita por mim desta espécie, para comparação.

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Albertus Seba

Albertus Seba nasceu em 1665, em Etzel perto de Friedeburg, Alemanha e morreu em 1736, em Amsterdam, Holanda. Como já citei acima, ele foi um farmacêutico e zoólogo que viveu na Holanda e acumulou, durante o seu tempo, um dos maiores GABINETES de CURIOSIDADES. Ele vendeu um de seus gabinetes em 1717 para Pedro, o Grande da Rússia. Suas coleções posteriores foram leiloadas após sua morte. Ele publicou descrições de suas coleções na obra "Locupletissimi rerum naturalium thesauri accurata descriptio". Seus primeiros trabalhos sobre Taxonomia e História Natural influenciaram Linnaeus.
     Em 1734, ele descreveu na página 50, do volume I de sua obra citada acima, a segunda espécie do gênero Monodelphis registrada pela ciência. Ele a descreveu em latim como Muris, sylvestris, americani, foemina, e também em holandês como Amerikaansche Boschmuis, e em francês, como Femelle du Rat sauvage d'Amerique, fornecendo inclusive uma ilustração na Tabula XXXI, fig.6. O primeiro registro pictográfico de uma espécie desse gênero.

50                      RERUM      NATURALIUM

            Num. 6. Muris, sylvestris, Americani, foemina.

Quarta haec species à Graecis Ăγριος (Agrios)  appellatur, quum sylvas incolat. Dicitur autem mire foecunda esse, & quolibet bimestri spatio 9, 10 ad 12 catulos procreare; uti in hacce patet, quae 1 2, fœtus simul effudit, quorum bini, etiamnum papillis adhaerentes, & inter sugendum capti, adfuso desuper liquore, uberibus immortui sunt. Capite priori similis est haec species: at dorsi color obscurè ruber est, ventrisque helvus. Cauda brevis, crassa : pedumque digiti omnes parvos acutosque in ungues desinunt. Catuli adhuc pusilli & nudi sunt. Araneis vesci isthanc speciem, pro vero perhibetur.


                                                                     N°. 6.  Fêmea do Rato selvagem da América.

Esta quarta espécie, que habita as florestas, é chamada pelos gregos de Ăγριος (Agrios). Diz-se que é muito fecunda, transportando a cada dois meses de 9, 10 até 12 filhotes, como aquela que colocou doze em um dia, dois dos quais ainda estão presos às tetas, tendo sido apanhados sugando-as, e assim foram mortos por algum líquido, que foi jogado neles. Essa espécie se parece com a primeira pela cabeça (Marmosa murina). O dorso é de um vermelho escuro e o ventre de um vermelho pálido. A cauda é curta, grossa, os dedos dos pés são providos de unhas agudas. Os filhotes aqui representados são jovens e nus. Relata-se como uma verdade, que esta espécie se alimenta de aranhas.

Essa espécie teve uma história taxonômica bastante complicada, pelo fato de apresentar formas geográficas muito distintas. Albertus Seba a descreveu em 1734, mas no entanto, ela não apareceu na Décima Edição do Systema Naturae de Linnaeus de 1758, como aconteceu como outras espécies de marsupiais descritas por Seba nessa mesma obra.
Só em 1777, Johann Christian Polycarp Erxleben cria Didelphis breuicaudata, baseado na descrição e figura fornecidas por Seba no seu Thesaurus.  Ela foi descrita quase que simultaneamente por Schreber como Didelphys brachyuros, datada de 1778. A princípio a descrição de Schreber foi mais citada que a de Erxleben, que pode ser vista na figura ao lado, a qual é mais sucinta e só ficou conhecida mais tarde.


Assim como Erxleben, Schreber a descreveu baseado em Seba, mas  também se utilizou de um exemplar macho, aquele descrito por Seba, como podemos ver na ilustração acima, era uma fêmea. Isso possibilitou uma descrição mais detalhada dessa espécie. Veja logo abaixo, a descrição original de Schreber (em alemão), com a tradução para o português e a prancha CLI, colorida e modificada a partir de Seba 1734.


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              8Das kurzschwänzigte beutelthier 
                                     Tab. CLI

Philander cauda brevi; Ph. obscure rufus in dorso, in ventre helvus, cauda brevi et crassa. BRISS. quadr. p. 213.

Philander mammis extra abdomen; cauda brevi crassa pilosa. GRONOV. zoophyl. I. p.9. n. 35.

Muris silvestris americani femina. SEB. thes. I. p. 50. tab. 31. fig. 6.

Short-taited opossum. PENN, quadr. p. 208. n. 147.














Acima a página da descrição original de
Didelphys brachyuros Schreber, 1778
      8. O marsupial de cauda curta.    Didelphys brachyuros.           549
     O focinho é pontudo e o nariz (rinário) é dividido anteriormente em duas partes por um sulco profundo. As vibrissas, curtas e macias, estão ordenadas em quatro linhas no lábio superior, em pequenas protuberâncias oblongas; acima de cada olho duas, e atrás do canto da boca em uma verruga oblonga; estendendo-se da parte de trás da boca além da linha dos olhos, duas fileiras de pelos semelhantes. Na parte inferior do queixo, pode-se ver alguns espalhados para trás, e por trás dele há mais cerdas em uma verruga. Em cada pulso alguns pelos (vibrissas) mais longos. As orelhas são curtas, arredondadas na ponta e nuas. A cauda curta, aproximadamente do tamanho das patas traseiras, não é visivelmente escamosa, coberta no início com pelos longos, que se tornam progressivamente mais curtos, mas é muito mais densa na cauda inteira do que nas espécies anteriores. O mesmo pelo curto também cobre as patas, exceto o último elo do hálux. Todos os dedos das patas têm garras pontudas, salvo os polegares das patas traseiras (hálux). O animal inteiro exibe um marrom-café; mais escuro nas costas, ligeiramente mais claro na barriga. O pelo cinza-claro, que se vê na parte inferior, é marrom-avermelhado escuro na ponta, e o pelo mais comprido das costas tem uma ponta preta. A cor marrom é mais clara ao redor da boca. As orelhas, uma parte do nariz e a pele entre as vibrissas, os dedos dos pés e solas são cinza pálido. O comprimento do animal até a cauda é de 3 polegadas e 2 linhas, da cauda 1 polegada e 8 linhas. A dentição deste animal, até onde eu posso ver, concorda com a do opossum. O número e a forma dos dentes da frente são os mesmos; dos molares da mandíbula inferior, o segundo é o maior, o quarto e o seguinte têm uma coroa denteada larga, desde os dianteiros são estreitos e pontudos. Vive na América do Sul na mata e produz de nove a doze filhotes de uma só vez ª. Este que descrevi, é um macho, foi notificado a mim pelo Sr. D. e pelo Prof. Herrmann.                          
ª. Seba


Em 1784, Pallas (p. 235) descreveu como Didelphis brachyura, a uma das variações geográficas de Didelphis brevicaudata de Erxleben (1777: 80) (=Didelphys brachyuros Schreber, 1778). Em sua descrição, Pallas não fez nenhuma referência a espécie Didelphys brachyuros de Schreber (1778: 549), nem a Erxleben, se rementendo diretamente a Seba (1734: 50) e a Linnaeus (1758). Como todos os autores da época, ele se referia ao "Didelphis de cauda curta" da prancha XXXI de Seba, por isso D. brachyura (que significa cauda curta). Ver  LINK

Em 1789, Buffon descreveu como Le Touan o mesmo fenótipo da espécie M. brevicaudata, já descrito minuciosamente por Pallas (1784: 235) e citado logo acima. No entanto ele tratou Le Touan como uma doninha, e por isso essa variação geográfica foi descrita mais tarde como Mustela touan por Bechstein (1800: 358) e como Viverra touan por Shaw (1800:432). Ver LINK

Uma outra forma geográfica originarou Peramys b. orinoci, proposta como subespécie de  Peramys brevicaudatus por Thomas (1899:154), mas também reconhecida mais tarde como uma espécie válida por outros autores. Ver LINK
Em 1914, Osgood descreveu Peramys palliolatus, que foi citada por Cabrera (1958:8) como Monodelphis (Monodelphis) brevicaudata palliolata e por Pine and Handley (1984: 242) como parte de M. brevicaudata (portanto como um sinômino júnior desta). Assim também o fizeram Linares (1998) e Ventura et al. (1998), que como Cabrera trataram-na como uma subespécie de Monodelphis brevicaudata.
 
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CAROLUS LINNAEUS  e o  SYSTEMA NATURAE


Carolus Linnaeus (Carl Nilsson Linnæus) era sueco, nasceu em 1707 e morreu em 1778. Ele foi o botânico, zoólogo e médico, criador da nomenclatura binomial e da classificação científica, sendo assim considerado o "pai da taxonomia moderna". Lineu foi um dos fundadores da Academia Real das Ciências da Suécia. Em 1732, a Academia de Ciências de Uppsala cedeu todos os seus fundos para financiar a sua expedição para explorar a Lapônia, então praticamente desconhecida. O resultado dessa viagem foi o livro Flora Lapponica, publicado em 1737. Lineu conheceu Jan Frederick Gronovius e mostrou-lhe o rascunho de seu trabalho em Taxonomia, o "Systema Naturae". Embora esse sistema, a nomenclatura binomial, tenha sido criado pelos irmãos Johann e Gaspard Bauhin, Carl Lineu ficou com o crédito de tê-lo popularizado. Wikipédia
 


CAROLI LINNAEI REGNUM ANIMALE. Assim como acontece hoje com o absurdo retrocesso que veio com a Sistemática Molecular, depois de Aristóteles a "História Natural" sofreu igualmente um retrocesso. A Primeira Edição do "SYSTEMA NATURAE" de Linnaeus tinha uma parte denominada PARADOXA (veja na figura abaixo) que incluía a Fênix, Satyrus, Dragões e até a Hydra. Uma herança dos bestiários medievais, criaturas que não constavam na obra de Aristóteles. No entanto, Linnaeus manteve isso até a quinta edição. Apenas depois da SEXTA EDITIO foram removidos os tais monstros. LINK com as pags 102 e 103 da quarta edição com PARADOXA ampliada.

 A ORDO FERAE

 Didelphis   Digiti  5.  .  .  .  . 5.   Mamma  8. intra bursulam abdomin.   Philander. Possum.
 
 
Em 1740, na segunda edição do SYSTEMA NATURAE, Linnaeus citou páginas e figuras de Seba,
na caracterização que fez do gênero DIDELPHISTetas VIII. dentro da prega abdominal. Pés 5 - 5.
 
 
Em  1748, na EDITIO SEXTA, REFORMATA ET AUCTA, Linnaeus detalhou a caracterização de DIDELPHIS, fornecendo o número de dentes (de uma forma um pouco confusa). Dentes superiores da frente arredondados 2 & cônicos de ambos os lados 4; Caninos de ambos os lados 3. Cortadores da frente inferiores 8, pequenos; Caninos de ambos os lados 3. Ele também dividiu o gênero  Didelphis em  duas sub-unidades: 
 
1. Didelphis mammis intra abdomen..............relacionada à Philander, citando a Tabula. 36, figuras 1. e 2., e a Tab. 39. de Seba.
2. Didelphis mammis extra abdomen........relacionada à Mus africanus Hayopolin dictus, citando as figuras da Tab. 31. de Seba.
 
Existem 2 erros na citação de Seba: Mus africanus Kayopolin dictus, não está na TAB. 12, mas sim na TAB. XXXI, figura 3. Esse "12" que aparece depois de t. se refere as figuras 1 e 2, dessa mesma TABULA. A ilustração de Monodelphis brevicaudata, citada por Exlebem na sua descrição, está aqui citada na fig. 6, a unidade 2. Didelphis mammis extra abdomen, se refere aos DIDELPHIS desprovidos de marsupium. Em 1758, Monodelphis brevicaudata (ou mais propriamente, a fig.6. de Seba) é citada em [D.] murina, Seb. mus. I. p. 48 t. 31. f. I. 2. 3. 6.
 
TABULA XXXI - No centro da prancha vemos Mus africanus Hayopolin dictus, fig. 3. (corrupção de Mus africanus Kayopolin dictus, de Seba).

 
10ª EDIÇÃO do SYSTEMA NATURAE (de 1758) TORNA-SE UMA REFERÊNCIA INTERNACIONAL na CLASSIFICAÇÃO dos ANIMAIS.
 
Em 1735, na 1ª edição do Systema Naturae, Lineu colocou Didelphis na Ordo Ferae, juntamente com alguns dos atuais Carnivora, "insetívoros" e o morcego Vespertilio. Posteriormente, na 6ª edição, na Ordo Glires, juntamente com roedores e "insetívoros", e em 1758, na 10ª edição, a mais importante, Didelphis foi colocado na Ordo Bestiae, que incluía "insetívoros", os tatus: Dasypus e os porcos.
Entre 1788 e 1793, Johann Friedrich Gmelin publicou uma versão aprimorada do Systema Naturae de Lineu, que é considerada como a 13ª edição do Systema. Nessa edição Didelphis foi recolocado na Ordo Ferae.
 
Em 1758, na DÉCIMA EDIÇÃO, Linnaeus reconheceu apenas 5 espécies no seu gênero Didelphis: 1. D. marsupialis, 2. D. philander, 3. D. opossum, 4. D. murina e 5. D. dorsigera. A partir dessas 5, o gênero Didelphis de Linnaeus, passou a aglutinar todos os marsupiais conhecidos, até os cangurus. Em 1792, no Animal Kingdon de Robert Kerr, uma versão do Systema Naturae de Gmelin, o gênero contava com 19 espécies, e continuava incluído na Ordo Ferae.
 
Indubitavelmente, a obra de Linnaeus é magnânima, e o seu pioneirismo e a dificuldade de se realizar um projeto colossal como esse, ou seja, classificar os elementos da natureza, devem ser ressaltados antes de se fazer qualquer julgamento ou mesmo antes de qualquer análise. Da primeira edição do Systema Natvrae de 1735, até a consagrada Decima Editio de 1758, mudanças signicativas foram realizadas, e continuaram acontecendo por algum tempo. Como já citei logo acima, essa obra foi continuada por Johann Friedrich Gmelin, por Robert Kerr e por outros autores e seguiu sendo aperfeiçoada.
 
Por terem se tornado uma espécie de paradigma na classificação dos marsupiais, e um importante ponto de referência histórico nessa nossa análise em questão, quero lançar um olhar mais detalhado sobre essas cinco espécies de Didelphis criadas por Linnaeus na 10ª  Edição.

Dessas 5 espécies, Didelphis marsupialis é a primeira da lista, a mais importante historicamente, e também a mais polêmica e questionada ainda em nossos dias. Inicialmente ela foi vista como uma espécie de carnívoro, uma "fera" e classificada junto com outros carnívoros. Em suas primeiras descrições foi igualmente comparada ao gato, a raposa, ao cachorro, ao texugo, as doninhas e também ao rato, devido a sua cauda nua e escamosa. Foi considerada como uma espécie de ampla distribuição geográfica, ocorrendo nas 3 Américas. A sua bolsa abdominal suscitou uma polêmica sobre a sua forma de reprodução e foi a princípio considerada como um segundo útero, daí vem o seu nome científico, que significa "dois úteros". Como já vimos logo acima, na primeira edição do Sistema, Linnaeus a tratou como Didelphis philander  e simplesmente citou sua bolsa abdominal, o número de tetas (8) e dos dedos das patas (5-5). Em 1740, na segunda edição, Linnaeus adicionou páginas e figuras de Seba, na caracterização que fez do gênero DIDELPHIS, que na época se confundia com a sua única espécie: D. philander. Curiosamente as duas tabulas de Seba, citadas com suas respectivas figuras, continham 2 diferentes espécies, as quais só na décima edição foram diferenciadas nas espécies 1 e 3, ou seja, D. marsupialis e D. opossum.
 
Em 1748, na sexta edição do Systema, como já citei, Linnaeus dividiu o gênero Didelphis em duas sub-unidades relacionadas à presença e a ausência de uma bolsa. Particularmente a tabula XXXI, que vemos logo acima, mostrava um aspecto ainda não compreendido adequadamente : animais sem uma bolsa abdominal, mas que ainda se encaixavam no gênero Didelphis. Provavelmente por não ter uma posição consolidada sobre isso, ele não tratou essas sub-unidades como duas espécies propriamente. Porém, esse passo foi sem dúvida, uma preparação para a criação das cinco espécies que ele propôs na 10ª  Edição. A tabula XXXI foi o ponto de partida para a criação das espécies 2, 4 e 5. No entanto, as 2 últimas ainda representavam uma mistura de espécies diferentes, em D. murina3 espécies.

[Didelphis] murina 4. D. cauda semipilosa    mammis senis
(com o aspecto do rato) espécie 4. Um Didelphis com a cauda parcialmente pilosa e 6 tetas.
Amoen. acad. I. p. 279.  Mus. Ad. Fr. 2. p. 8.
Amoenitates Academicae volume 1. página 279. Museu Adolpho-Fridericianum 2, página 8. (Uppsala, Suécia: 31 de maio de 1746)
Mus sylvestris americanus  Seb. Mus. Ip. 48.  t. 31. f. 12. 36.
Rato selvagem da América   no Museu de Seba, volume 1, página 48, tabula 31, figuras 12 e 36. Posteriormente corrigido para figuras 1, 2, 3, 6. (as figuras 1 e 2 são de Marmosa murina, a figura 3 é de Caluromys philander  e a figura 6 é de Monodelphis brevicaudata).
Habitat in Asia, America
Ela vive (habita) na Ásia e na América. Linnaeus cita a Ásia, isso nos mostra a incerteza da época.
Ungues digitis omnibus acuti, exceptis pollicibus posticis. Posteriormente Linnaeus adicionou: An pullus praecedentis ?
As unhas de todos os dedos são afiadas, exceto dos polegares posteriores.  
Manifestando dúvida, posteriormente Linnaeus adicionou: Seria um jovem da espécie precedente? (ou seja, Seria um jovem de Didelphis opossum ?). Notem que ele decreveu D. opossum como D. cauda semipilosa.
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A espécie 5 de Didelphis foi batizada por Linnaeus como dorsigera, com base na prancha e descrição de Maria Sibilla Merian, a qual ele citou de forma sucinta. Ele fez referência também as páginas com as descrições, e as tabulas e respectivas figuras de Albertus Seba, do seu Thesauri. Aparentemente ele teve acesso aos exemplares do Museu de Seba, pois descreveu detalhes da cauda, que não aparecem nas descrições ou nas figuras de Seba ou de Merian : D. cauda basi pilosa corpore longiore. Linnaeus usou as mesmas palavras : D. cauda basi pilosa, quando descreveu a cauda de D. philander, a espécie 2 de Didelphis, hoje Caluromys philander. Isso significa que dorsigera tinha uma cauda com a base pilosa como C. philander. No entanto, Linnaeus baseou D. dorsigera em dois animais diferentes, pois o primeiro exemplar citado, era o atual holótipo de D. murina. Sendo assim, o nome dorsigera, se tornou um sinônimo junior de D. murina, que o precede na página. O segundo animal era um exemplar de Micoureus demerarae, e além dessa confusa  descrição de Linnaeus, as outras descrições que se seguem, fornecerão as evidências para justificar essa afirmação. Seba informa sobre a pelagem lanosa e a cauda com manchas escuras, que podem ser vistas inclusive na sua figura 4, da tabula 31. Gronovius cita apenas as figuras 1, 2 e 5,  da tabula 31 de Seba, para justificar a sua espécie 33, referente à D. murina. Ele cita Brisson e Seba como referências, e separa a fig. 4 (dorsigera) na espécie 34, sem referências na sua publicação de 1763, mas referenciada em 1778 como dorsigera, citando a 34. A descrição que ele fez das orelhas, mostra que ele examinou o exemplar 4 de Seba, que aparentemente foi para a coleção do Museu Gronovius, junto com os exemplares das figuras 1, 2 e 6 da tabula 31 de Seba. Ele cita também que a espécie 34 é maior, tem mãos e pés mais fortes e na forma é muito semelhante a 33, com a qual é erroneamente confundida por alguns. Finalmente, em 1815: 112, Illiger afirmou que Didelphis dorsigera é uma mistura de espécies já conhecidas. Abaixo forneço a descrição de Linnaeus, seguida da descrição de Merian (que apenas motivou o nome D. dorsigera) e das de Seba e de Gronovius. Confira você mesmo.
 
[Didelphis] dorsigera 5. D. cauda basi pilosa corpore longiore, digitis manuum muticis.
(que transporta no dorso) espécie 5. Um Didelphis com a cauda pilosa na base, mais longa que o corpo, dedos das mãos curtos.
Mus sylvestris americana. Seb. Mus. I.  p. 49.  t. 31. f. 5, 4.
II p. 90. t. 84.  f. 4. Merian. surin.
Rato da floresta americano. Seba Museu I. página 49. tabula 31. figuras 5 e 4.& Museu
II  página 90. tabula 84. figuras 4.  Merian. surin.
Habitat in America.
Ela vive (habita) na América.
Pullos in dorso gerit caudis cirrhi instar convolutis.
Ela carrega os filhotes montados no dorso, com as caudas enrroladas como gavinhas.

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Mariæ Sibillæ Merian          Dissertatio de generatione et metamorphosibus insectorum Surinamensium
Maria Sibilla Merian     Dissertação sobre a geração e a metamorfose dos insetos surinameses   (1705)
 
Para que o lugar desta Prancha não ficasse desocupado, foi pintada em baixo esta espécie de rato selvagem, cujos filhotes, geralmente se desenvolvem em uma ninhada de cinco ou seis e são carregados nas costas; sua cor é amarelo acastanhado, mas sua barriga é branca. Quando saem das tocas para se alimentar, são atropelados pelos filhotes, que quando já estão alimentados, ou suspeitam de aborrecimentos; imediatamente sobem pelas costas da mãe, e enrolam seus rabos no rabo dela, que imediatamente os transporta para a toca. Várias espécies destes ratos são encontradas, mas a principal é realmente aquela que no idioma belga é chamada de "Zak de Beurs-rot", cujas fêmeas sempre carregam filhotes com elas na barriga, que depois passam a forragear e buscar comida, entrando no ventre materno com menos frequência. 
Obs. (A palavra Zak significa saco, e Beurs-rot, rato de bolsa, equivalente ao alemão Beutelratte, "marsupial" especificamente os didelfídeos).

Marmosa murina, Guiana Francesa - fotos de Antoine Baglan
Estas fotos mostram o que Maria Sibilla Merian deve ter visto ao criar sua famosa prancha. Marmosa murina, Guiana Francesa - fotos de Antoine Baglan
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Seba Thesaurus I, página 49, tabula 31, figuras 5 e 4.                                                                                                                        (1734)
 
                                                                       N°. 5. Mus Sylvestris Americanus Fêmea.

Esses pequenos e fortes animais, quando se vêem perseguidos, seguidos por alguns outros animais, enquanto procuram sua comida, mantêm-se firmemente presos, entrelaçando seus rabos com o da mãe, e assim, escapam com ela para sua toca. O grunhido desses pequenos animais imita o choro dos leitões. Mlle. Maria Sybilla Merian em sua História dos Insetos do Suriname, dá uma figura e uma descrição desta espécie de rato, muito parecida com a nossa, com essas únicas diferenças, que a cor do dorso deste não é tão avermelhada, o ventre de uma brancura misturada com amarelo, os dedos dos pés semelhantes aos das aves, mas armados de grandes unhas, como os descrevemos. Os pés são divididos em quatro dedos e um polegar, semelhantes às mãos dos macacos, os da frente estão equipados com unhas curtas e afiadas, e os polegares dos pés traseiros também. O número de tetas é o mesmo que descrevemos no nº. 2.
                                                           
                                                                   N°. 4. Mus ou Sorex Sylvestris Americanus Macho

Esta terceira espécie de Rato do Suriname, foge com seus filhotes nas costas, quando é perseguida por algum outro animal selvagem. Seus olhos são brilhantes, contornados com pelo amarelo escuro. A parte superior do corpo é coberta com uma lã fina de um castanho-avermelhado, tendendo ao vermelho claro. Toda a barriga é de um amarelo esbranquiçado, e da mesma cor é o focinho, a testa e os pés. As orelhas são nuas, rígidas. o lábio superior muito barbudo com uma barba longa. Notamos em cada olho dois pêlos compridos, transparentes, como pêlos de porco. Seus dentes são como os do Arganaz, afiados e pungentes; a cauda é sem pelos, levemente colorida e marcada com manchas vermelhas escuras, que não existem na fêmea.
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Gronovius                                                    Animalia  Quadrupeda                                                                   (1763)  

                                             DEZ DENTES INCISIVOS NO MAXILAR SUPERIOR E OITO NO INFERIOR.

                                                                        PHILADER. Brisson. Quadr. gen. 42


33. PHILANDER com as tetas fora do abdome; a cauda muito longa, cilíndrica e nua, mais longa que o corpo (erro?).
    Philander marrom avermelhado saturado  nas costas, sua barriga amarelo-pálido, seus pés esbranquiçados. Brisson. Regn. Anim. n. 5.
     Mus sylvestris americanus chamado de Scalopes. Seb. Thes. volume 1. p. 48 (49). Tab. 24 (31). figs. 1, 2, 5.       
     Americanische Marsupial, oder Beutel-thier. Valent. Mus. Museor. Germ. volume 2. p.145. Tab. fig.24. todas.
Focinho bastante afilado, alongado. O rinário é dotado de um sulco vertical raso, pontiagudo, convexo-deprimido e projetando-se para a frente da mandíbula. As vibrissas são muito grandes, alongadas, nas laterais do focinho, entre o nariz e os olhos. Os olhos são grandes. Orelha arredondada e nua. A cauda ultrapassando o comprimento do corpo, nua e cônica, enrrolada em direção a ponta. Dez tetas, inguinais. Mãos e pés arredondados pentadáctilos. Brisson descreveu brilhantemente o resto deste pequeno animal. Ela habita na América do Sul.

34. PHILANDER com as tetas fora do abdome; cauda muito longa, cilíndrica e peluda, do comprimento do corpo (erro?).
 
Maior que a anterior. Mas na forma concorda admiravelmente com a ela. Bigodes nas laterais do focinho e acima dos olhos. As orelhas são quase nuas, grandes, semitranslúcidas, esbranquiçadas, e arredondadas. Cauda cônica, coberta de pêlos raros e curtos. As mãos e os pés são mais fortes do que na anterior, pentadáctilos. Ela habita com a anterior, com a qual ela é erroneamente confundida por alguns.

35. PHILANDER, com as tetas fora do abdome; cauda curta, grossa, peluda. 
     Philander vermelho escuro no dorso, amarelo ocre na barriga, com uma cauda curta e grossa. Brisson. Regn. Anim. 9. 
       Mus sylvestris americanus. Seb. Thes. volume 1. p. 50. n. Tabula 6 (31). fig. 6. 
Ela habita com a anterior, cujo tamanho é igual. 
 
A espécie 33. é Marmosa murina © Magno Travassos,  a 34. é Micoureus demerarae © Andre Baertschi,  a 35. é Monodelphis brevicaudata © RD Lord.
As descrições das caudas parecem invertidas (em 33 e 34), pois contrastam com Linnaeus:  D. cauda basi pilofa corpore longiore (34).
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Em 1788, no Tomus I da Editio decima tercia, Aucta, Ref., do Systema, Gmelin acrescenta dados à descrição, que Linnaeus havia fornecido na Decima Editio, com respeito a Didelphis dorsigera. Ele manteve a caracterização inicial de Linnaeus, incorporou referências do final do século 18, como Schreber, Brisson, Buffon e Pennant, e além de repetir os dados de Seba, trouxe detalhes da então sucinta citação: Merian. surin.. No final ele questiona se dorsigera seria um sinônimo de murina. Porém, nos comentários de murina, na mesma página, ele fez referência à espécie 33 de Gronovius [correspondente à murina], que já incorporava a figura 5, Tabula 31 de Seba, referente à dorsigera. Abaixo a tal descrição de Gmelin, com meus comentários, na qual não cita a espécie 34 de Gronovius (que viria a ser Micoureus demerarae) :

dorsigera. 5.  D. cauda basi pilofa corpore longiore, digitis manuum muticis.    Schreber Saeugth. III.  p.546.  t.CL.
                          Philander (surinamensis) ex rufo helvus in dorso, in ventre ex flavo albicans. Briss. quadr.  p.212.
                          Genus gliris sylvestris, Merian. ins. sur. p.66. t.66.
                          Mus seu sorex. silvestris americanus. Seb. mus.I.  p.49. t.31.  f. 4. 5.
Seba 31-5  (embaixo)  copiou Merian,  veja os filhotes na mesma posição.
                         
Glis silvestris americanus cum catulis (pullis) suis. Seb. mus.2.  p.90. t.84. f.4.
                          Philandre de Surinam. Buffon hist. nat. XV.  p.157.
                          Merian opossum. Penn. quadr.  p.210.  n.149.
                          Habitat in Surinamo, in antris infra terram effossis; femina
                              parit  5-6 pullos, quos instante periculo in dorso gerit,
                              caudis maternae cirrhi instar circumvolutis.
                          Ela vive no Suriname, em covas escavadas no subsolo; a fêmea                                  
                               dá à luz de 5 a 6 filhotes, que ela carrega nas costas em caso de perigo                  
                               imediato, enrrolados na cauda da mãe como cirros.

108                                         MAMMALIA FERAE.  Didelphis.

                        Magnitudo Ratti; orbitae margine fusco; cauda albida,   
                             maris maculis fuscescentibus praelonga nuda; palmarum
                             ungues obtusi, plantarum acuti. Auriculae nitidae , nudae
                             An eadem cum murina?   
                       Do tamanho do rato; borda orbital marrom; com uma cauda branca, 
                             muito comprida e nua com manchas acastanhadas no macho;                               
                             garras palmares curtas, plantares afiadas. Orelhas brilhantes e nuas.  
                             Seria um sinônimo de murina? 


LITERATURA CITADA

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Seba, A. 1734. Locupletissimi rerum naturalium thesauri accurata descriptio, et iconibus artificiosissimis expressio, per universam physices historiam. Opus, cui, in hoc rerum genere, nullum par exstitit. Ex toto terrarum orbe collegit, digessit, descripsit, et depingendum curavit. Amstelaedami: Apud J. Wetstenium,&Gul. Smith,& Janssonio-Waesbergios, 1:1–178+38, 111 pls.   LINK

Shaw, G. 1800. General zoology or systematic natural history. London: G. Kearsley, 1:xv+1–552, 121 pls.
 
Staden H., 1557. Wahraftige Historia vnd Beschreibung eyner Landtschafft der Wilden, Nacketen, Grimmigen Menschfresser Leuthen, in der Newenwelt America gelegen, vor vnd nach Christi geburt im Land zû Hessen vnbekant, biss uff dise ij. nechst vergangene jar. Da sie Hans Staden von Homberg auss Hessen durch sein eygne erfarung erkant, vnd yetzo durch den truck an tag gibt. Dedicirt dem Durchleuchtigen Hochgebornen herrn, H. Philipsen Landgraff zû Hessen, Graff zû Catzenelnbogen, Dietz, Ziegenhain vnd Nidda, zeinen G. H. Mit eyner vorrede Dr. Joh. Dryandi, genant Eychman, Ordinarij Professoris Medici zû Marpurgk. Inhalt des Büchlins volget nach den Vorreden.Gedruckt in Marpurg, im jar. M.D.LVII. Andress Kolben, Marpurg.
 
Thomas,  O. 1899. On new small mammals from South America. Ann. Mag. Nat. Hist., ser. 7, 3:152–55.

Ventura, J., R. Pérez-Hernandez & M. J. López-Futer. 1998. Morphometric assessment of the Monodelphis brevicaudata group (Didelphimorphia: Didelphidae) in Venezuela. J. Mammal.,79(1) :104-117.


"Mammalia, estes e nenhum outro animal têm mamas" LINNAEUS descobriu uma SINAPOMORFIA


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