quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Peter Simon Pallas e a sua minuciosa descrição em latim de Didelphis brachyura Pallas, 1784.

Peter Simon Pallas
Nasceu em Berlim em 1741 e morreu em 1811, foi um zoólogo alemão, que se tornou famoso na Rússia.
Escreveu Miscellania Zoologica em 1766, que incluía a descrição de vários vertebrados novos para a ciência, que tinha descoberto em coleções de museus holandeses. Após uma viagem ao sul da África e leste da Índia retornou a Berlim onde iniciou seu trabalho sobre Spicilegia Zoologica entre 1767 e 1780.
Em 1767 Pallas foi convidado pela Imperatriz Catarina II da Rússia para tornar-se professor da Academia de Ciências de São Petersburgo. Entre 1769 e 1774 liderou uma expedição a Sibéria coletando espécimes do seu interesse. Neste tempo explorou a parte superiores do Amur, o Mar Cáspio, os Montes Urais e as Montanhas Altai, alcançando o distante Lago Baikal. Durante a sua estadia em São Peterburgo, Pallas descobriu os diários da expedição de Georg Steller ao mar de Bering, que mandou editar.
Baseado nestes relatos, Pallas descreveu cientificamente muitas das espécies avistadas pela primeira vez por Steller. Wikipedia

Em 1784, Pallas (p. 235) descreveu como Didelphis brachyura, a uma das variações geográficas de Didelphis brevicaudata de Erxleben (1777: 80) (=Didelphys brachyuros Schreber, 1778). Em sua descrição, Pallas não fez nenhuma referência a espécie Didelphys brachyuros de Schreber (1778: 549), nem a Erxleben, se rementendo diretamente a Seba (1734: 50) e a Linnaeus (1758). Como todos os autores da época, ele se referia ao "Didelphis de cauda curta" da prancha XXXI de Seba, por isso Didelphis brachyura (que significa cauda curta).

Vale a pena deixar bem claro, que a descrição original de Monodelphis brevicaudata de Erxleben (1777:80), foi baseada totalmente nas informações fornecidas por Seba, ilustração e texto, inclusive resumidas. Portanto, ele apenas nomeou essa espécie descrita por Seba em 1734. No entanto, Schreber (1778:549), examinou um exemplar macho, e forneceu detalhes adicionais, em sua descrição, mais acurada. Pallas também examinou um exemplar do sexo masculino (e forneceu um desenho das tetas de uma fêmea, retirado de Gronovius), sem dúvida alguma, ele produziu a mais detalhada descrição de uma catita (Monodelphis), já feita. O exemplar de Pallas tinha características um pouco diferentes, devidas à sua procedência geográfica. Aparentemente, nenhum desses autores teve acesso às descrições uns dos outros. Isso fica bem claro na descrição de Pallas. Inclusive Buffon em 1789, se juntou a essa falta de comunicação da época, e redescreveu o mesmo "fenótipo" de Pallas, como Le Touan, o qual classificou como uma doninha. Veja o LINK.

235   DIDELPHIS  BRACHYVRA    descrita por   P. S. PALLAS

     Eu tornarei conhecido o Philander, ou seja a espécie de Didelphis, que entre  todos os seus congêneres, é pouco comum e pouco conhecida. Pois nem existe em abundância na América, e por isso, até agora tem permanecido obscura e imperfeita ao conhecimento zoológico. Enquanto a sua congênere de igual estatura, Marmosa, ou seja Didelphis dorsigera (a), todos celebram.
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(a)  O rato selvagem da América, dito Scalopes; Marmosa do Brasil, Seba, Thesaurus vol. I. p. 48. 49. Prancha 31. figs. 1. 2. 4. e 5. Philander da América de Brisson. Quadrupeda. espécie 5. Didelphis murina Linnaeus, Systema Naturae espécie 4. e dorsigera. Eiusd. espécie 5. certamente não distinta. La marmose Buffon, Histoire Naturelle volume X. p. 335. Prancha. 52.
     Os filhotes desta espécie são imaturos, cegos, nas tetas ventrais da mãe, em mamilos arredondados de sucção, muito firmemente fixados à boca, pendurados como frutos na mãe. Peludos e mais velhos, grudados ao dorso materno e com as caudas enroladas na cauda da mãe, num padrão complexo, cada um por conta própria. Expresso no famoso ícone de Seba (Thesauro I. prancha 21. fig. 4) [na verdade prancha 31. fig 5.] cujo belo exemplar, foi resgatado entre os tesouros do Divino Imperador Petro I, e está no Museu de nossa Academia, onde certamente permanece, não é diferente de D. Marmosa, esta Didelphis pulligera; surpreendentemente o refinado Buffon considerou essa figura uma nova espécie de Didelphis, animal que ele mesmo não examinou. (hist. XV. pag. 157. n 16).
O famoso ícone de Seba (Thesauro I. prancha XXXI. fig. 5)
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236    Entre as poucas figuras desta última espécie, até mesmo a única, pois a nossa figura de Didelphis brachyura se misturou com a de Seba (Thesaurus I. tab. 31. Fig. 6), realmente mais grosseira, no entanto facilmente discernível pela cauda curta. O animal junto com os demais da mesma prancha, chamados "ratos silvestres da América" (i. c. p. 50, n° 6); é considerado surpreendentemente fértil,  que a cada dois meses produz  9, 10 a 12 filhotes; como o espécime que Seba teve, novamente com 12 filhotes cegos e pelados, alguns dos quais grudados às tetas foram levados adiante.  Considera-se que o animal alimenta-se de aranhas e na descrição o dorso exibia uma cor avermelhada escura. Nenhuma figura adicional, à já citada de Seba, foi comentada ou sequer desenhos naturais existem nos livros de zoologia, certamente. Apenas as descrições de Brisson e Seba e a figura da nossa espécie distinguem e comprovam (Lib. de Quadrup. espécie 9.) "Philander avermelhado escuro no dorso, ventre amarelo-ocre,  cauda curta e grossa". Não menos judicioso, anotou e nomeou Gronovius, "Philander com mamas fora do abdômen, cauda curta, grossa e pilosa" (Zoophylacium fascículo 1. p. 9. n. 39 [35]) que de seu museu também compartilharei um desenho das tetas da fêmea.

Systema Naturae (1758), Carolus Linnaeus. pag.55. (acima, explicitada na 13°ed. de 1767).

237   Eu suspeito que a princípio Linnaeus também determinou esta espécie, quando no sistema a partir de Didelphis dorsigera separadamente nomeou D. murina, igualmente, pouco ele cita sobre esta, além de indicar a figura de Seba (fig.6); mas não apenas esta, isso vale também para outras duas da mesma prancha (figs.1. e 2.), à qual D. dorsigera pertence, bem como para outra a qual Didelphis Cayopollin macho (fig.3.), se soma. Então logo percebi na introdução do segundo volume do Museu Adolphe-Fridericianum, quando descreveu D. murina, o mesmo macho da mesma espécie, ou seja Marmosa, em duas distintas. D. murina para a descrição de Linnaeus, onde Marmosa se encaixa perfeitamente; sem dúvida é D. dorsigera assim chamada, igualmente sendo Marmosa; como o citado iconismo e as autoridades locais mostraram.
          O ilustrissimo Buffon, que na história das ilustrações de Didelphis foi muito pouco ocioso, aparentemente não conhecia a nossa aqui tratada Didelphis brachyura. Nem nenhuma outra além de D. opossum, Cayopollin; Marmosa e Oriental, ele conhecia. Mas depois, eu não sei qual razão o induziu, adotou Marmosa pulligera da figura de Seba (b) como a quinta e distinta espécie.  Contudo, também esta  nossa é distintíssima de todas, e não deve ser confundida; e D. setigera (mais tarde estabelecida) da qual ambas existem dúvidas para o Ilustrissimo. (b) Veja a nota precedente.
      Na nossa Didelphis brachyura todos os caracteres genéricos, dos dentes, pés, bigodes; aspecto geral e anatomia serão procurados, sua natureza cuidadosamente observada, e ainda

238    da trabécula óssea epigástrica ou os cornos da bacia (ele se refere aos ossos epipubianos), que em Didelphis marsupialis é especialmente útil; e nesta espécie parece menos necessária. Contudo existe nos machos, nos quais é especialmente supérfluo. 
           A título de comparação da forma e do contorno geral, na nossa espécie o tamanho da cabeça é mais como D. Cayopollin espécie Philander, do que com o resto do grupo. Não tem uma ponta como em D. Opossum e setigera; nem é afilada como em Marmosa. Desta última no entanto, imita o restante do corpo, especialmente as mamas dispostas em um circulo no ventre nu.   Faltam-lhes o saco ventral  (o marsupium), o pênis distendido é posterior ao escroto,  de forma semelhante a Marmosa e Philander.   Em outros aspectos especialmente as orelhas e a cauda curta, se distingüe dos demais,  e apenas na cor facilmente se destaca de seus congêneres, seria justo denominá-lo o mais belo Didelphis,  cuja figura exposta (Prancha: Tab.V.) exprime o tamanho natural.

*          *          *

TAB. V. Pag. 238.
Na ilustração, um exemplar macho, do Didelphis brachyvra de Pallas.
Na parte superior representação das mamas de um exemplar fêmea.
No tamanho se assemelha ou excede a menor Didelphis dorsigera; a estrutura  geral parece mais robusta e forte; a forma da cabeça, como já disse, se aproxima mais de D. Philander. O nariz e a boca são nus e esbranquiçados. Nariz delicadamente grande, dividido por uma estria, narinas lunuladas, abaixo dos caninos. Pelos (vibrissas) mistaciais macios,    ordenados em cinco fileiras separadas, como nos demais congêneres. Protuberâncias com duas cerdas acima de

239  cada olho, cerdas (vibrissas) paróticas grandes, aplanadas, estas duas maiores que as mistaciais, e outras menores, posteriores dispostas em arco espalhadas, estas cerdas (vibrissas) são todas negras,  esbranquiçadas nas pontas, quatro pelos separados abaixo do queixo, e quatro maiores numa verruga da garganta, esbranquiçados, ao redor da cabeça, assim como em todos seus congêneres, irradiam pelos longos. O lábio superior aos dos dentes da frente, atrás da estria média do nariz (rinário), é continuamente denteado (crenado) dos dois lados. O inferior é íntegro, tendo lateralmente, atrás dos caninos, um corte, como uma obsoleta cicatriz. A língua tem a ponta marginada por papilas, denticulada, característica comum ao gênero, no restante é macia e finamente papilosa. Os dentes aproximadamente como em D. Opossum, Philander e dorsigera, dos quais tratarei abaixo junto à descrição do esqueleto.  Orelhas nuas, acastanhadas, pouco engrossadas e fortemente comprimidas contra a cabeça, tão variadas como em D. dorsigera. Parte superior ovalada, na frente junto à base plicada, com o antitragus auriculeforme revirado, com lâmina transversa inclinada, lobuliformes, a superfície interna média emergente. Borda posterior engrossada do tragus obsoleta, debaixo da qual a grossa lâmina é descendente, com o jugo contínuo e dobrado, átrio do meato auditivo navicular, ou reniforme coroado, e o antitragus externo superior da orelha também contínuo. Olhos entre o nariz e o meio da orelha, fissura da pálpebra longitudinal, trago nu, escuro. Periophthalmium

240   mais de dois terços do tamanho do olho, amplo, branco, com a cartilagem marginal escura. Íris amarelo-acastanhada. Patas curtas especialmente as anteriores; todas pentadáctilas e conformadas com o modelo genérico. Dedos finamente pilosos, com a aparência da cauda do rato, tenuemente escamados; os três dedos do meio sub-iguais em todas as patas; Dedos internos das mãos  (pólex)  paralelos, dos pés (hálux) distanciados, com pontas bulbosas (como em todos os congêneres) e os demais com unhas amareladas, agudas. Verrugas calosas das palmas da mão brancas, quatro distribuídas junto aos dedos, com uma isolada na base do carpo; plantares, três junto aos dedos (artelhos) e no (hálux) duas na base. A pele, superfície (volar) das patas, entre as verrugas calosas, é escura e com aparência pustular. Nas patas anteriores, no lado externo junto aos antebraços, 2 cerdas (vibrissas) separadas e em baixo, no pulso, uma protuberância com duas, e uma interior menor. 
        Cauda mais curta do que em qualquer das outras especies, de base espessa cônica, dorsalmente por cerca de um terço do comprimento a pelagem se continua, no restante semelhante ao rato, escamosa anelada com pelos dispersos, por cima e na extremidade marrom, ventralmente acinzentada. A pele do animal é esbranquiçada. Pelo macio desajeitado, brilhante. A coloração da cabeça e no dorso longitudinalmente negra, as pontas dos pelos cinza murino, nos lados da cabeça e tronco;  nas articulações e base da cauda,  um belo vermelho saturadíssimo, no pescoço, subtamente diluído; tronco por baixo cinza pálido, na barriga acinzentado.

(Acima, uma foto do animal, dessa forma geográfica descrita por Pallas, como o mais belo Didelphis)

241   Escroto globoso comprimido, muito pouco dividido, com pelos curtos e macios, esbranquiçados. A base ou o pedúnculo do mesmo, muito curto, anteriormente plano, posteriormente com dobras, e portanto com três pontas, Ânus com abertura plicada, afastada do escroto; abertura pré-genital no átrio do ânus, com plicas longitudinais convergentes. A região entre o escroto e o ânus, e ao redor do escroto é nua e sub-rugosa longitudinalmente. Mamas da fêmea, onze papilas cilindricas ventrais, dispostas em um circulo nu. (TAB.V. Fig. 1.)

As medidas do animal, estão todas aqui abaixo, tomadas a partir de um espécime masculino; que fique claro, ainda não claramente adulto:

Comprimento total do nariz à cauda ..................................................................5". 6'''
       "               da cauda desde a base ..............................................................2". 4.
       "               da totalidade da cabeça .............................................................1". 4 1/2.
       "               do focinho até o canto do olho....................................................0". 7.
       "               da fissura da pálpebra ................................................................0". 2 1/2.
Distância entre a orelha e o olho .......................................................................0". 4.
       "        da ponta do focinho até o canto da boca ..........................................0". 8.
Altura da orelha da extremidade inferior do átrio................................................0". 7 1/2.
A maior largura transversal da mesma ..............................................................0". 5.
Comprimento do braço do cotovelo ao pulso ....................................................1". 0.
       "               da perna do joelho até o calcanhar ............................................0".11.
       "               da mão com as unhas.................................................................0". 7.
       "               do dedo médio com unha............................................................0". 3 ½.
       "               do pé, até a ponta da unha.........................................................0". 9.
       "               do artelho médio com unha.........................................................0". 3 ½.
       "               hálux................ ...........................................................................0". 2 5 / 6.
Diâmetro transversal do escroto ........................................................................0". 5 ½.

Acta Acad. Imp. Sc. Tom. IV. P.II.

242                                                                                  
Diâmetro longitudinal ........................................................................................0". 4 ½ .
       "        vertical ..............................................................................................0". 3 ½.
Distância entre o escroto e o orifício genital .....................................................0". 4.

Da abordagem Anatômica : Palato com nove arcos, os primeiros com forma lunar, posteriores sub-curvos imbricados. Lóbulo dos incisivos superiores rugoso. Garganta estreita abobadada; infundíbulo a partir do nariz para dentro da garganta, quase acima da glote aberta. Língua finamente papilosa, papilas cónicas, em declínio, misturadas em direcção da borda às de bases fungiformes, minúsculas; no plano final da língua, uma borda de papilas denticuladas macias. Fígado  tripartido;  Porções duas abaixo do diafragma, a da esquerda mais grossa, hemisférica achatada; côncava por baixo e subdividida junto à espinha dorsal, a da direita desta parcialmente caída, com entalhe no meio e no sinus cistífero profundo bilobado, menos espesso, por cima arqueada. A terceira porção é dividida, a aba é alternada pontuda ou ovalada, de ápice triangular, A outra Spiegeliana canalizada por baixo; ápice ungulado colocado no seio dos ventrículos. Vesícula mediocre, duto comum, inserido no intestino, perto do piloro. O baço  é ligado ao omento, com o estômago do lado dorsal direito, e um pouco em redor dele, plano, semilunar, ou em vez disso, retangular, numa ponta mais largo, com lobo menor na frente, na outra pontudo, para fora, envolto pelo estômago. Omento, sobre o intestino, não vai para baixo. Pâncreas no seio esplênico estendido para o duodeno.
                                                                    
243  Estômago  globoso, sub-oval, do tamanho de uma avelã.  Piloro  mais constricto que o esôfago. Intestino pós-pilórico amplo, e depois de 1 polegada e 3 linhas, contraído, novamente é igualmente amplo até 1 polegada e 3 linhas, até o estreitamento do ceco, finalmente depois do ceco, é outra vez gradativamente ampliado e em direção ao ânus atenuado. O ceco com cerca de 10 a 11 linhas, distante do ânus, 1 polegada e 3 linhas,  arqueado, aglomerado ao intestino e muito sinuoso, a ponta é  arredondada, no meio do tamanho de uma pena seca, comprimido junto ao intestino. O Rim direito todo o seu comprimento superior e anterior; o esquerdo e o conjunto de vasos do pedúnculo pendurados. A glândula supra-renal esquerda, metade situada sobre a coluna, e metade sobre a ponta do rim, proeminente; a direita sobre o hylo renal, amarela, sub-globosa. Os rins internamente com ponta única; aguda. A bexiga urinária do tamanho de uma ervilha, oblonga (fig. 2a.). Os vasos espermáticos e troncos das grandes artérias e veias descendentes; cordões continuando através da virilha e pedúnculo do escroto até os testículos. Os testículos (Fig. 2b.) com membrana única, com pilares (cc.) voltados para dentro, redondos, no geral ovalado,

244 no lado interno aplanados, são justapostos entre si mantidos bem juntos. Os epidídimos  s. da próstata (cc.) semilunar, plana, a extremidade anterior larga, ambas arredondadas. Dutos deferentes emergindo no meio dos testículos. As vesículas seminais (dd.) grandes, oblongas, com parênquima preenchido por uma substância engrossada. as internas atravessadas pelo "silum nervosum". A direita um pouco menor. A glândula perianal mais exteriormente, os dois lados frontais do glóbulo cavernoso, da cavidade, cujo interior é menor (Fig. 2 cc); em ambos os lados de uma glândula grande, oval-esférica, parênquimatosa (ft.) e após cada bulbo (gg) oco, com a superfície interna parecendo esponjosa. O pênis dentro do ânus (mais propriamente da cloaca) (n.) O limiar da abertura longitudinal é pequeno, bilabiado esticado, acima do púbis na curvatura sigmoide retrátil (i.) linear, depresso. Pescoço da glande redondo-depresso, bifurcado; portanto, a glande é bipartida (Fig. 2 k) ambos partes afiladas, internamente plana inclinada. O pulmão esquerdo é menor, bilobado, lobo superior menor. Direito quadrilobado, lobo superior um pouco mais largo, plano, sem borda; o segundo triangular, longitudinal ao coração; o menor com o lado esquerdo inferior maior, visto dorsalmente parece um casco de boi achatado; o quarto ímpar; triângulo-piramidal, canto esquerdo projetado.

245  O coração é grande, direcionado para frente, como num cadáver humano, com a forma um pouco globosa.  
      O esqueleto é como nos seus congêneres. O crânio é muito menor que o de D. Opossum, em outros aspectos semelhante. A mandíbula é também de um modo semelhante arqueada, com o ângulo do ramo interno da lamina, subagudo. plano protraído. As fissuras do palato (forâmens), também são semelhantes. Os dentes da frente (incisivos) da mesma maneira que em seus parentes, os oito inferiores subiguais, no meio separados; os superiores, os dois do meio pontudos, e em ambos os lados, os demais em um intervalo, quatro iguais, totalizando portanto dez. Os caninos os primeiros bem evidentes, curvos para trás, Secundários (pré-molares) por toda parte três, curtos, largos, em ambos os lados da largura com dentículos, os primeiros por toda parte menores. Molares superiores quatro curtos, truncados com pequena elevações, internamente separadas, os últimos transversalmente contraídos: inferiores quatro, todos com processo mediano cônico, protraidamente bidentado, que cai em intervalos na parte superior interna. 

As vértebras do pescoço, sete: Atlas alargado; Axis dilatado dorsalmente. e comprimido na crista longitudinal; as demais encurtadas dorsalmente, na sexta ambos processos inferiores comprimidos proeminentes. Vértebras dorsais XII. da segunda à sétima com processos espinhosos longos proeminentes, para trás diminuindo pouco a pouco, e posteriores quase nenhum. Vértebras lombares VII. médias muito longas. Osso sacro seis porções (distintas no esqueleto mais jovem), a primeira das quais em ambos os lados com apófises articulares grossas, o resto com processos alados em ambos os lados. Cauda XII vértebras combinadas. além da ponta terminal;

246   as duas vértebras próximas do sacro, com lâminas laterais, sob as quais correm os tendões, aladas; demais lisas.

Costelas XII. sete verdadeiras, a primeira a um grande intervalo de distância, a última aproximada. Esterno cinco porções, das quais a lâmina é produzida, articulando-se com as proclavículas. Cartilagem xifóide produzida por uma ponta óssea. 
Pelvis equipada inclusive no macho de trabéculas abdominais (epipubianos) (fig. 3aa) projetadas para fora da bacia, pouco angulada na largura, quando articulada, Cornos da pelvis pripriamente ditos. Dedos do pé todas as terceiras falanges mais curtas; Hálux somente biarticulado, falange da ponta, capitada sem unha. 
Osso hióide (TAB.V. Fig.4) arco inferior largo e curto, cornos truncados; superior retraído, cornos atenuados, curvos.


Comprimento do crânio da crista transversal atrás da cabeça à ponta dos nasais.............1".3'''.
          "          da mandíbula do côndilo até os alvéolos da frente.........................................0".11'''.
          "          da espinha dorsal do atlas até a ponta da cauda...........................................6".3'''.
          "          das vértebras do pescoço...............................................................................0".7'''.
          "                  "           dorsais........................................................................................1".3'''.
          "                  "           lombares.....................................................................................1".1/2'''.


247
Comprimento do sacro ........................................................................................................0".10'''.
          "             do esterno....................................................................................................0".11'''.
          "             da cartilagem xifóide ...................................................................................0".5½'''.
          "             da clavícula..................................................................................................0".5'''.
          "             da escápula..................................................................................................0".7'''.
          "             do húmero....................................................................................................0".9'''.
          "             do radius .....................................................................................................0".8'''.
          "             da ulna ........................................................................................................0".9½'''.
          "             dos ossos pélvicos ......................................................................................0".10'''.
          "             dos cornos pélvicos (ossos epipúbianos)....................................................0".4'''.
          "             do fêmur.......................................................................................................0".10½'''.
          "             da tíbia.........................................................................................................0".10'''.
          "             da fíbula.......................................................................................................0".11'''.

Observado no espécime em líquido e inferido pela anatomia, espalhado por todo corpo, especialmente em torno do pescoço e na virilha, concentrados ao redor do escroto, aderidos à pele, Pediculus acaroideus (TAB.V. Fig. 5.). Menores que os ácaros dos coleópteros, em toda a forma se assemelhando aos ácaros. Exceto os pés, equipados apenas de estiletes. Os únicos e constantes caracteres são os três "pelos" de cada lado na parte posterior do corpo, que a figura mostra muito bem.


Literatura citada

- Buffon, G. L. le Clerc. 1767. Histoire naturelle, générale et particulìere, avec la description du cabinet du Roi. Paris: L’Imprimerie Royale, 15:5 +1–207, 17 pls.

- Erxleben, J. C. P. 1777. Systema regni animalis per classes, ordines, genera, species, varietates cum synonymia et historia animalium. Classis I, Mammalia. Lipsiae: Impensis Weygandianis, xlviii+636 pp.+64.

- Linnaeus, Carolus (1758). Systema naturae per regna tria naturae :secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis.

- Pallas, P. S. 1784. Didelphis brachyvra, descripta. - Acta Academiae Scientiarum Imperialis Petropolitanae1780 (2): 235-247, Tab. V.

- Schreber, J. C. D. von. 1777. Die Säugthiere in Abbildungen nach der Natur mit Beschreibungen. Erlangen: Wolfgang Walther, 3:377–440, pls. 1776–78.

- Seba, A. 1734. Locupletissimi rerum naturalium thesauri accurata descriptio, et iconibus artificiosissimis expressio, per universam physices historiam. Opus, cui, in hoc rerum genere, nullum par exstitit. Ex toto terrarum orbe collegit, digessit, descripsit, et depingendum curavit. Amstelaedami: Apud J. Wetstenium,&Gul. Smith,& Janssonio-Waesbergios, 1:1–178+38, 111 pls.




Acima, temos a descrição original de DIDELPHIS BRACHYVRA de PETER SIMON PALLAS (em latim) 



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