terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Monodelphis itatiayae Miranda-Ribeiro, 1936

Quando eu estava terminando o curso básico de biologia, cursei no departamento de geografia da USP, a disciplina de Biogeografia. Nesse curso e na época, não se fazia uma prova, mas um seminário. Eu escolhi apresentar um estudo das florestas de Araucaria angustifolia. O seminário mostrou, através de trabalhos realizados por botânicos, que a Araucaria avança sobre os campos abertos, pois as suas sementes necessitam de luz para germinar. Enquanto que as florestas umbrófilas, dependem de um ambiente fechado para sua germinação. Desse modo, a Araucaria acaba por criar condições que permitirão a expansão das matas umbrófilas.Essa sucessão explica perfeitamente a dispersão da espécie Monodelphis brevicaudis, que diferentemente de M. dimidiata, que se restringe as regiões abertas dos Pampas, se espalhou pelas matas umbrófilas circundantes, ocupando as florestas semicaducifólias.
Diante dessa evidência, poderíamos considerar M. itatiayae (que foi criada por Miranda-Ribeiro (1936) como uma subespécie de M. dimidiata, por sua pelagem mais clara e pelas semelhanças morfológicas cranianas) como uma forma relictual, que se conservou numa região onde os campos e a mata de Araucaria preservaram suas características originais. No entanto essa forma ou talvez até uma espécie separada de M. brevicaudis, possui o traseiro com uma coloração intensa como está última, mostrando suas afinidades. Isso explicaria as recentes confusões, apresentadas pelos estudos comparativos moleculares, que encontraram uma distância genética nessas populações da região de Itatiaia, com relação as demais amostras estudadas.

A figura acima mostra a Biogeografia do Grupo Monodelphis dimidiata. Não está presente a espécie M. unistriata, que também pertence a esse grupo, conhecida apenas de 2 localidades.



A figura acima, está divida em 4 quadrantes: superior e inferior, e direito e esquerdo. Na parte de cima temos o crescimento comparado entre as espécies Monodelphis dimidiata e M. brevicaudis, observe os tamanhos e relacione-os às formas para entender as diferenças existentes.
Na parte debaixo temos à esquerda uma comparação entre machos e fêmeas, relacionados na vertical, o resto mostra as diferenças existentes entre as vistas laterais dos crânios e também as variações relacionadas ao crescimento, observe os ângulos apresentados pelos ramos mandibulares.
No canto esquerdo separado temos uma vista dorsal do crânio do holótipo de Monodelphis dimidiata, um macho de idade avançada.

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