sexta-feira, 17 de abril de 2015

Carajás, "Ilha de Cerrado" na Amazônia, no interflúvio Xingú-Tocantins (ou Araguaia mais propriamente). Uma ÁREA biogeográfica ESPECIAL.


A Região situada entre o Rio Xingú e o Tocantins é uma área biogeográfica especial na Amazônia. Merece um estudo à parte, pela importância biogeográfica. Existe aí uma associação peculiar de espécies de Monodelphis. Provavelmente existem diferenças floro-faunísticas entre o interflúvio "Xingú-Araguaia" e o interflúvio "Araguaia-Tocantins". Isso poderá ser melhor compreendido numa visão mais detalhada, pois as "porteiras de acesso" a essas áreas estão afastadas. (Teoria das Porteiras - ARCANO).
M. domestica se diferenciou um pouco nessa área, varia na cor do pescoço, mas as orelhas são grandes, diferentemente do grupo M. brevicaudata. Também as almofadas plantares das mãos e pés são maiores. O colorido geral pode ser idêntico ao de M. domestica como uma variação individual. Esta é uma espécie do Cerrado, numa "ilha de Cerrado" estrangulada pela mata. A semelhança detectada pela análise molecular é uma característica plesiomórfica, não é uma indicação de parentesco mais estreito entre M. glirina e essas populações. Eu já expliquei, mas vou colocar outra vez. As espécies irmãs derivadas do ramo de M. glirina ( M. brevicaudata e M. amazonica ) mudaram mais que esta, partindo do ancestral comum. Isso deixou M. glirina mais semelhante a M. domestica, por retenção de genes antigos, plesiomorfismos. Como essas coisas que chamam de cladogramas ou de filogenias, são na verdade esquemas de compartilhamento genético, M. glirina é realmente mais semelhante à M. domestica. Mas eu acredito que existe mesmo uma limitação intelectual, esses burros não enxergam isso.  ( mais uma vez nos deparamos com aquela estupidez gradística de alguém, que está numa posição hierárquica que não merece ).
 
 

Nessa região existe M. adusta no extremo de sua distribuição para o leste da Amazônia. Essa espécie é de mata, mas aparentemente está associada à fragmentos, pois foi confundida com M. kunsi recentemente numa publicação. Na foto um exemplar de Tocantinzinho, Pará (margem direita do Rio Tapajós).


Também está presente M. emiliae (no extremo da sua distribuição para o leste)



O único representante do grupo M. brevicaudata nessa região é M. amazonica, uma espécie que veio da margem esquerda do Rio Amazonas, junto com outras tantas. Monodelphis amazonica - localidade tipo : Marabá (perto de Jatobal), PA, BR - Tipo: Museu Paraense Emílio Goeldi, MPEG 10247, macho.
 
Vemos neste mapa (em marrom) o interflúvio "XINGÚ - ARAGUAIA-TOCANTINS". Nessa região predomina uma forte influência do Cerrado e dos Campos de altitude. As formações abertas chegaram no passado até a Ilha de Marajó. Vejam a presença de M. domestica na região leste da ilha (que atesta esse deslocamento). A ilha abriga também a espécie M. amazonica que é típica da floresta. Esse interflúvio, é uma região muito especial por apresentar uma fauna mista, com elementos floro-faunísticos provenientes da margem esquerda do Rio Amazonas (norte), associados a elementos da margem direita e do Brasil Central (como é o caso de M. domestica, que é exclusivo das regiões com vegetação aberta).
 
Provavelmente no interflúvio Araguaia-Tocantins exista apenas M. americana, M. kunsi e M. domestica.

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