Artista e Zoólogo desde sempre. Aficionado à Linguística e Antropologia.
Em 1991, eu realizei (terminei) a mais completa Revisão do gênero Monodelphis que já existiu, mesmo não tendo acesso a toda literatura necessária, nem ao farto material de que dispunham os autores estrangeiros em seus museus, nem a facilidade de publicação que eles tinham, eu os suplantei com uma revisão ilustrada com mais de 100 desenhos feitos pelas minhas próprias mãos, além de pranchas coloridas. Nesse trabalho inclui um estudo detalhado sobre as relações filogenéticas de todas as espécies de Monodelphis, dividindo-as em 6 grupos de espécies e um estudo de suas relações com os demais Didelfídeos. Também realizei um brilhante estudo biogeográfico propondo um modelo que descrevia a evolução geográfica dessas espécies. Um trabalho que ainda não foi suplantado até hoje pela infantiloide metodologia usada pela chamada sistemática molecular (ou seja, morfologia molecular), e que venho incrementando ainda agora.
Nesse trabalho eu descobri o interessante dimorfismo sexual que existe na espécie M. americana, na qual os machos com idade mais avançada apresentam um eritrismo, que gerou a princípio a descrição de espécies, como M. umbristriata e M. rubida. Também descobri a variação etária que existe na espécie M. scalops, na qual os indivíduos mais jovens diferem drasticamente dos adultos, sendo confundidos com a espécie M. americana por apresentarem linhas longitudinais negras. Os outros autores ignoravam totalmente esse fenômeno, o que fica bem claro quando citam Monodelphis theresa como espécie válida. Além dessas descobertas devo incluir a descrição de 3 novas espécies: Monodelphis amazonica, M. obscura e M. macae. Em 2018, descrevi, e divulguei amplamente pela internet mais uma nova espécie: Monodelphis manauara, totalizando agora 22 espécies válidas para esse gênero. "Mudamos para uma zoologia em tempo real".
________________________________________________________________________________________________________________A apresentação da minha Revisão Sistemática do gênero Monodelphis aconteceu em 1991. Porém, dez anos antes, eu já estava estagiando na seção de mamíferos do MZUSP, organizando a coleção de Marsupiais e já trabalhava nessa revisão. Portanto esse trabalho teve uma abordagem atípica, já que eu mesmo me orientei por todo esse tempo. Foram, ao menos, dez anos de envolvimento com o tema central e suas implicações. Meu pseudo-orientador (o entomólogo Nelson Papavero) apenas assinava as solicitações, eu fazia todo trabalho sozinho.
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Posteriormente dois outros autores descreveram espécies válidas: Monodelphis osgoodi Doutt, 1938 e M. kunsi Pine, 1975. No entanto, essas duas espécies não apareceram na minha revisão como espécies válidas. M. osgoodi foi descrita originalmente como Monodelphis peruvianus osgoodi por Doutt 1938: 100, e considerada como Monodelphis adusta osgoodi por Cabrera 1958: 6. Por não ter exemplares de M. osgoodi em mãos, simplesmente segui Cabrera colocando-a na sinonímia de M. adusta. Quanto a Monodelphis kunsi, eu examinei 2 exemplares de São Paulo, dessa espécie pouco conhecida na época, e a considerei como parte de Monodelphis adusta, apenas uma variação regional. Além dessas duas, outras espécies que considero simplesmente sinônimos de espécies já existentes, foram propostas nesse tempo que antecedeu o meu trabalho, e serão todas descritas aqui e comentadas a seguir: Peramys melanops, P. peruvianus e P. palliolatus.
Em 1912, Edward Alphonso Goldman descreveu Peramys melanops, com base num único exemplar. Ele a comparou com P. adustus, diferenciando-a com base na coloração bem mais escura e também pela faixa esbranquiçada na região ventral. Essa espécie é atualmente considerada como sinônimo júnior de Monodelphis adusta. A coloração diferente mostrou ser apenas uma variação individual.
Tipo de Cana (altitude 2.000 pés), nas montanhas do leste Panamá. número 179609, macho adulto, Museu Nacional dos EUA (Biological Survey Collection), coletado por E. A. Goldman. 23 de maio de 1912. Número original 21737.
Caracteres gerais. Tamanho médio: forma robusta; pelagem curta e aveludada; cor muito escura; orelhas grandes.
Cor. Partes superiores em geral marrom muito escuro, com canela nas bochechas e nas laterais do pescoço, ficando enegrecido na face, ombros e parte inferior das costas; garganta e lados da barriga cinza rato; parte de baixo do pescoço, exceto faixa mediana, acinzentada, tingida de amarelo claro (buffy); cor geral das partes inferiores interrompida ao longo da faixa mediana que é amarela clara no pescoço, tornando-se branco puro, alargando-se no peito e estreitando-se gradualmente ao longo de uma linha que se estende posteriormente até a base da cauda; queixo com um pequeno ponto central; orelhas escuras; membros, pés e cauda pretos por toda parte.
Crânio. Bastante largo através das raízes anteriores do arco zigomático; laterais do rostrum afinando rapidamente para narinas anteriores bastante altas e estreitas; nasais moderadamente expandidos posteriormente, a expansão começando perto do meio; pré-molares ajustados; terceiro molar superior profundamente emarginado no lado externo; pré-molar inferior posterior menor que o pré-molar médio, a coroa larga e estendida ântero-posteriormente.
Medidas. Tipo: comprimento total, 168 mm; vértebras da cauda, 60; pé 16,5. Crânio (tipo): comprimento condilobasal. 28; nasais, 13,7 x 4,3; comprimento palatino 15; fileira de dentes molariformes superiores 9,5; série molar superior, 5,8.
Observações O tipo é o único espécime obtido dessa espécie de colorido muito escuro, parece diferir consideravelmente de todos os membros do gênero anteriormente conhecidos. Pode ser semelhante a adustus, mas o último é descrito como de cor mais clara e aparentemente difere em outros caracteres.
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Em 1912, Edward Alphonso Goldman descreveu Peramys melanops, com base num único exemplar. Ele a comparou com P. adustus, diferenciando-a com base na coloração bem mais escura e também pela faixa esbranquiçada na região ventral. Essa espécie é atualmente considerada como sinônimo júnior de Monodelphis adusta. A coloração diferente mostrou ser apenas uma variação individual.
Monodelphis adusta (= melanops) Zamora, Chinchipe, Tundayme, Ecuador, foto: Ronald Bravo |
Peramys melanops (tradução da descrição original)
Tipo de Cana (altitude 2.000 pés), nas montanhas do leste Panamá. número 179609, macho adulto, Museu Nacional dos EUA (Biological Survey Collection), coletado por E. A. Goldman. 23 de maio de 1912. Número original 21737.
Caracteres gerais. Tamanho médio: forma robusta; pelagem curta e aveludada; cor muito escura; orelhas grandes.
Cor. Partes superiores em geral marrom muito escuro, com canela nas bochechas e nas laterais do pescoço, ficando enegrecido na face, ombros e parte inferior das costas; garganta e lados da barriga cinza rato; parte de baixo do pescoço, exceto faixa mediana, acinzentada, tingida de amarelo claro (buffy); cor geral das partes inferiores interrompida ao longo da faixa mediana que é amarela clara no pescoço, tornando-se branco puro, alargando-se no peito e estreitando-se gradualmente ao longo de uma linha que se estende posteriormente até a base da cauda; queixo com um pequeno ponto central; orelhas escuras; membros, pés e cauda pretos por toda parte.
Crânio. Bastante largo através das raízes anteriores do arco zigomático; laterais do rostrum afinando rapidamente para narinas anteriores bastante altas e estreitas; nasais moderadamente expandidos posteriormente, a expansão começando perto do meio; pré-molares ajustados; terceiro molar superior profundamente emarginado no lado externo; pré-molar inferior posterior menor que o pré-molar médio, a coroa larga e estendida ântero-posteriormente.
Medidas. Tipo: comprimento total, 168 mm; vértebras da cauda, 60; pé 16,5. Crânio (tipo): comprimento condilobasal. 28; nasais, 13,7 x 4,3; comprimento palatino 15; fileira de dentes molariformes superiores 9,5; série molar superior, 5,8.
Observações O tipo é o único espécime obtido dessa espécie de colorido muito escuro, parece diferir consideravelmente de todos os membros do gênero anteriormente conhecidos. Pode ser semelhante a adustus, mas o último é descrito como de cor mais clara e aparentemente difere em outros caracteres.
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Em 1913, Wilfred H. Osgood descreveu Peramys peruvianus, que tem sido considerada como um sinônimo júnior de Peramys adustus.
Peramys peruvianus (tradução da descrição original)
Tipo de Moyobamba. Peru. 19362 Museu de História Natural. Adulto masculino. Coletado em 21 de julho de 191 2, por W. H. Osgood e M. P. Anderson.
Características. Tamanho pequeno; coloração escura e viva; pelo curto e fechado, comprimento 4-5 mm. nas costas; cabeça, ombros e dorso marrom Vandyke (castanho), escurecendo para marrom enegrecido (blackish seal brown) no traseiro; lados da barriga e toda a região inguinal marrom opaco ou marrom de brócolis; garganta mediana, peito e parte anterior do abdômen amarelo claro desde as bases dos pelos; queixo marrom acastanhado; braços, pernas e pés ligeiramente mais escuros que o corpo.
Crânio pequeno, leve e desprovido de angularidade; região interorbital levemente arredondada com apenas uma ligeira protuberância pós-orbital; nasais moderadamente expandidos posteriormente, terminando bem atrás das pré-maxilas; último molar superior bastante comprimido.
Medidas. Tipo: Comprimento total 173; cabeça e corpo 118; vértebras da cauda 55; pé 16. Crânio do Tipo (sem a metade posterior da caixa craniana): largura zigomática 15,3; nasais 14,5 x 3,8; constrição interorbital 5,7; palato 15,2; da frente do canino à parte traseira de M4 12,4. Crânio do topótipo feminino: Maior comprimento 26,9; comprimento basilar 24,5; largura zigomática 14; nasais 11 X,3,2; constrição interorbital 5,6; palato 13,9; frente do canino para trás do M4 11,1.
Observações Esta espécie parece não ter um parente muito próximo, a menos que seja Peramys adustus, do leste da Colômbia, que, embora tenha mais ou menos o mesmo tamanho, seja evidentemente muito mais pálida e sem a extensa área peitoral amarelo claro (buffy). Tanto o tipo como o topótipo obtido são imperfeitos, tendo sido injuriados por formigas, quando mortos nas armadilhas, o último tão gravemente que seu corpo mutilado foi preservado em álcool.
Em 1915, Oldfield Thomas publicou uma nota sobre Peramys peruvianus, em Mamíferos coletados pelo Sr. Edmund Heller durante a Expedição Peruana, sob os auspícios da Universidade deYale e da Sociedade Geográfica Nacional.
Dois machos do vale de Ocobamba, 9.100 pés (nºs 194379-80).
Esses dois espécimes, capturados no mesmo local em dias sucessivos. diferem notavelmente em cores, mas concordam em tantos caracteres essenciais que, penso eu, devem pertencer à mesma espécie. O nº.194379 é acinzentado por cima, anteriormente, enquanto o nº.194380 é mais uniformemente marrom e muito parecido com P. adustus; mas o primeiro é muito velho, com dentes desgastados, e o cinza provavelmente se deve à senilidade. Além disso, o nº.194379 também possui as marcas abdominais descritas no tipo, enquanto, como P. adustus, o nº.194380 está sem elas. Isso, novamente, pode ser uma característica da idade, um ponto que apenas outro material pode elucidar. O Museu Britânico não possui Peramys do Peru, os dois exemplares deteriorados descritos por Osgood são os únicos exemplares peruanos do gênero já registrados. Infelizmente, os crânios de ambos os espécimes atuais estão em pedaços, e só é possível comparar o tamanho e o desgaste dos dentes molares.
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Em 1915, Oldfield Thomas publicou uma nota sobre Peramys peruvianus, em Mamíferos coletados pelo Sr. Edmund Heller durante a Expedição Peruana, sob os auspícios da Universidade deYale e da Sociedade Geográfica Nacional.
Por Oldfield Thomas, Do Museu Britanico, Londres, Inglaterra
65. Peramys peruvianus Osgood.
Dois machos do vale de Ocobamba, 9.100 pés (nºs 194379-80).
Esses dois espécimes, capturados no mesmo local em dias sucessivos. diferem notavelmente em cores, mas concordam em tantos caracteres essenciais que, penso eu, devem pertencer à mesma espécie. O nº.194379 é acinzentado por cima, anteriormente, enquanto o nº.194380 é mais uniformemente marrom e muito parecido com P. adustus; mas o primeiro é muito velho, com dentes desgastados, e o cinza provavelmente se deve à senilidade. Além disso, o nº.194379 também possui as marcas abdominais descritas no tipo, enquanto, como P. adustus, o nº.194380 está sem elas. Isso, novamente, pode ser uma característica da idade, um ponto que apenas outro material pode elucidar. O Museu Britânico não possui Peramys do Peru, os dois exemplares deteriorados descritos por Osgood são os únicos exemplares peruanos do gênero já registrados. Infelizmente, os crânios de ambos os espécimes atuais estão em pedaços, e só é possível comparar o tamanho e o desgaste dos dentes molares.
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Em 1914, Wilfred H. Osgood descreveu Peramys palliolatus, que foi citada por Cabrera (1958: 8) como Monodelphis (Monodelphis) brevicaudata palliolata e por Pine and Handley (1984: 242) como parte de M. brevicaudata (portanto como um sinômino júnior desta).
Peramys palliolatus (tradução da descrição original)
Tipo de San Juan de Colón, Estado de Táchira, Venezuela. Altitude 2.500 pés. No. 20524 Museu de História Natural. Macho adulto. Coletado em 14 de novembro de 1913, por M. P. Anderson. número original 159.
Monodelphis brevicaudata palliolata - Barrancas, La Guajira, Colombia. |
Características. - Semelhantes em caracteres gerais a Peramys brevicaudatus, mas as cores das partes inferiores, marrom-alaranjado vivo; pilosidade na base da cauda reduzida a cerca de meia polegada, a do lado superior excedendo ligeiramente a inferior; crânio maior e dentes relativamente pequenos.
Cor. - Parte dorsal mediana da extremidade do nariz até o traseiro, com pelos cinza opaco nas bases e as pontas cinza amareladas, o conjunto formando uma larga faixa dorsal acinzentada; lados da face, incluindo uma linha estreita sobre o olho, lados do corpo, braços e pernas, e toda a parte inferior de cor ferrugem viva e profunda; mãos e pés escuros misturados com ferrugem; parte escamosa da cauda enegrecida por cima e por baixo.
Crânio. - Semelhante ao de P. brevicaudatus, mas maior; nasais longos e amplamente expandidos posteriormente; sutura naso-frontal com entalhe raso; protuberancias pós-orbitais bastante acentuadas; dentes molariformes um pouco menores que em brevicaudatus.
Medidas. - Tipo: comprimento total 197; cabeça e corpo 116; cauda 79; pé 21,5. Crânio do tipo: Maior comprimento 36; comprimento basal 36; largura zigomática 19,8; maior largura interorbital 7,5; menor largura interorbital 6,3; comprimento das nasais 17; maior largura de nasais 5,8; comprimento do palato a partir da ponta anterior 20; da frente do canino até atrás do M4 14,4; comprimento combinado dos Molares superiores1-3 6,5.
Observações - Esta espécie não é apenas mais escura na cor do que brevicaudatus, mas a pelagem da parte superior da cauda é muito menos extensa. É evidentemente maior e mais escura que P. b. orinoci e P. b. dorsalis e apresenta as partes inferiores mais ricamente coloridas. Para fins de comparação, um espécime coletado por R. H. Becker em Itacoatiara, próximo a Manaos, Brasil, foi considerado como representando o verdadeiro brevicandatus.
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Angel Cabrera (1919: 43) propôs um novo gênero para Peramys dimidiatus (=Didelphys dimidiata de Wagner): Minuania.
1838. Didelphis Waterhouse, Cat. Mamm. Zool. Soc. London, pag. 64 (parte, não Linneu).
1856. Microdelphis Burmeister, Erlaut. Faun. Bras., pag. 86 (parte).
1888. Peramys Thomas, Catal. Marsup., pag. 355 (parte, não Lesson).
Tipo. Didelphis dimidiata Wagner.
Alipio de Miranda-Ribeiro (1936) nomeou Minuania umbristriata com base em um macho representado por pele seca e crânio e em um indivíduo imaturo preservado em álcool. Nenhum holótipo foi designado e foi dito que os dois espécimes vieram de "Goyaz". Paulo de Miranda-Ribeiro (1955) designou o espécime imaturo como o lectótipo. Vieira (1955) usou a combinação "Monodelphis umbristriatus (Miranda-Ribeiro)" para este animal e deu sua distribuição geográfica como "Leste do Estado de Goiaz".
Em 1958, Cabrera tratou Monodelphis iheringi como uma subespécie de Monodelphis americana.
O exame e comparação de espécimes no Museu Nacional de História Natural (USNM), Smithsonian Institution me convenceram de que Cabrera estava errado e que Monodelphis iheringi e Monodelphis americana são realmente espécies separadas, como Thomas sustentou. Ruschi (1965) tinha aparentemente a mesma opinião quando listou "Monodelphis iheringii [sic]" como uma espécie válida e afirmou que ocorria no Espírito Santo em Castelo (20°36' S, 41°12' O) e Alegre (20°46' S, 41°32' O). Ruschi não reconheceu a existência de desacordo quanto à existência dessa forma.
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5. PERAMYS TRISTRIATUS.
O Sr. O. Thomas (l.c. p.363 e segs.) admite duas espécies de Peramys de três linhas. - um maior (P. americanus) e um menor (P. iheringii), apresentando uma boa figura deste último na prancha IV.
Confesso meu ceticismo com a opinião do Sr. Thomas e acho que tenho motivos sérios para fazê-lo. Em relação às medidas, este autor afirma que segue Burmeister "Erläut", p. 84, dando as dimensões do mesmo indivíduo. Mas Burmeister escreve: comprimento total 7" (ou seja, 7 polegadas da Prússia), cauda 2"2"' (2 polegadas da Prússia e 2 linhas). A polegada prussiana é 2,6154 cm., e as dimensões são iguais, portanto, a 183 mm. (comprimento total) e 57,53 mm. (cauda), enquanto o Sr. Thomas os reduz para 189 mm. e 59 mm. - uma diferença perceptível para um animal pequeno. As dimensões de um segundo indivíduo preservado no Museu de Berlim são de 168 mm. (comprimento total) e 61 mm. (cauda). Por outro lado, as dimensões do espécime tipo de P. iheringii (adulto?) descrito pelo Sr. Thomas são 110 mm. (comprimento total) e 43 mm. (cauda). Desde que o tamanho mínimo de P. americanus e o tamanho máximo de P. iheringii não sejam exatamente determinados por grandes séries de espécimes adultos autênticos, uma conclusão definitiva parece ser uma questão muito difícil; e, como está agora a questão, pode ser permitido interpretar a diferença de tamanho como a expressão de diferentes faixas etárias, quanto mais a forma do crânio também for evidentemente afetada pelo crescimento, como comprovado por R. Hensel em suas memoráveis investigações. Vejo que H. Winge compartilha dessa opinião, escrevendo: - "P. iheringii, Thomas, synes stemme ganske med smaa Individer af Hemiurus tristriatus" ('Pungdyr', p.108); e confrontando as figuras de crânios dadas pelo Sr. O. Thomas (Catálogo, pl. XXVII. Fig.8), H. Winge ('Pungdyr', pl.II. Fig.9) e Burmeister ('Erläuterungen', pl.XI. Fig.7), não consigo encontrar nenhum outro caráter essencial que justifique a admissão de duas espécies diferentes.
Houve uma ocasião que eu examinei dezenas de mucuras de três faixas de todas as idades, e posso afirmar a existência de variações de cor e tamanho. No que diz respeito à cor, os jovens são freqüentemente vistos com uma coloração amarelada ou acinzentada e listras pretas extremamente bem definidas e conspícuas, como na Figura 2 da prancha IV. do Catálogo de Marsupiais no Museu Britânico. Os indivíduos mais velhos, são geralmente mais ruivos, geralmente mostram apenas listras pálidas e, não raramente, os espécimes serão percebidos como se não tivessem listras, as listras aparecerão apenas contra a luz. Confesso francamente que tive momentos em que fiquei em dúvida se o P. henseli, um segundo novo Peramys do Sul do Brasil, recentemente descrito pelo Sr. O. Thomas, e figurado na mesma prancha, não poderia ser também um indivíduo de P. tristriatus de listras claras. A figura de P. tristriatus de Burmeister (pl.XVI. Fig.2) considero deficiente em relação a vários pontos. Peramys tristriatus, de modo algum é um "animal raro", como afirma Burmeister (Syst. Ueb. p.141), habita localidades mais ou menos semelhantes às de Micoureus pusillus. É frequentemente vista em trilhas florestais, especialmente próximas à água. Quando em 1891 cavamos um canal profundo para o nosso motor de serra, este canal percorria cerca de um quilômetro através da floresta, quase todos os dias um Peramys era encontrado nele, e mesmo agora a água muitas vezes derruba alguns individuos desse marsupial. É inteiramente terrestre, e não é talhado adequadamente, para a vida arbórea.
Também conheço Peramys tristriatus muito bem no que diz respeito a seus hábitos e características, estudando espécimes capturados. Sua comida em liberdade é semelhante à de Micoureus pusillus; mas aprendi que ataca animais comparativamente maiores que este último, e ataca sem hesitação, pássaros e mamíferos quase tão grandes quanto ele. Eu já fui bastante imprudente em juntar na mesma gaiola um Peramys adulto e um jovem Hesperomys squamipes. Na manhã seguinte, não encontrei nada mais do que um pequeno pedaço de pele, e a gaiola estava suja com traços inegáveis de um terrível combate. A disposição dessa espécie não é tão atraente quanto a de Micoureus pusillus; a sede de sangue e o prazer cego da crueldade são as características predominantes, e um baixo grau de inteligência, torna domesticá-lo uma tarefa muito ingrata. Uma inquietação quase estúpida e um desejo ilimitado de liberdade, juntamente com uma insaciável necessidade de comida, são geralmente as causas de uma decaída e morte incrivelmente rápidas. Os jovens, no entanto, são criaturas agradáveis, notáveis por suas cabeças grandes. Com leite e insetos, eles podem ser mantidos vivos por algum tempo por pessoas que tenham o tempo e o lazer necessários. Conheço aqui uma pessoa que observou a cópula de Peramys e que certa vez fui informado de uma mãe carregando seus filhotes nas costas; infelizmente cheguei tarde demais para vê-la.
Também é necessário dizer que os hábitos de Peramys são preferencialmente noturnos.
As medidas de três indivíduos diante de mim são:
a. fêmea. (álcool.) comprimento total 157 mm., cabeça e corpo 105 mm.
b. macho (pele seca) " " 179 mm. " " 120 mm.
c. macho ( „ ) " " 201 mm. " " 145 mm.
O comprimento basal do crânio do exemplar b é 28,5 mm., do exemplar c 28 mm.
(Sr. O. Thomas menciona para um adulto macho de P. americana 28 mm., para um adulto?* macho de P. iheringii 22,2 mm.).
Em 1938, J. Kenneth Doutt em Two new Mammal from South America, descreveu uma nova subespécie de Monodelphis como M. peruvianus osgoodi. Atualmente considerada como a décima segunda espécie válida do gênero.
Monodelphis osgoodi, Vilcabamba, Peru |
Monodelphis peruvianus osgoodi (tradução da descrição original da subespécie)
Tipo.— De Incachaca, Departamento de Cochabamba, Bolívia; altitude 2800 metros. No. 5242 Carnegie Museum. Macho adulto, coletado em 12 de setembro de 1921, por Jose Steinbach. Número original 1133.
Diagnóstico. Tamanho pequeno (comprimento total 158 mm.); semelhante a Monodelphis peruvianus peruvianus, mas superfície ventral muito mais escura, área mediana do lustre de luz ventral ausente, superfície dorsal, principalmente dorsal, principalmente sobre a cabeça, um pouco menos rugosa do que em M. p. peruvianus, traseiro não mais escuro que o resto da superfície dorsal; crânio marcadamente mais estreito e de construção mais leve, largura zigomática e palatal menor, molares superiores um terço menor, processo coronóide e ramo de mandíbula mais estreito e mais leve.
Cor - superfície dorsal, cabeça, traseiro, marrom canela, lados e pés marrom rapé, superfície ventral entre marrom madeira e marrom opaco, pelos da superfície ventral. Cinza rato na base.
Medidas - Tipo e um topótipo, respectivamente; comprimento total 158, 154; cabeça e corpo 96, 94; vértebras da cauda 62; 60; pé (sem garra) 12, 11; com garra, medida seca, 15,2; 14,1; orelha 9; 9.
Crânio: Maior comprimento 26; 25,3; maior largura zigomática 12,5; 11,8; Menor largura interorbital 5,7; 5,7; largura através das fileirasdos dentes superiores opostos a M4 7,6; 7,7; longo. M1-3 4,6; 4,6
Distribuição - Conhecido apenas na localidade do tipo.
Observações. Externamente, uma série de 8 espécimes da Província de Huanuco, Peru (agora no Field Museum), é um tanto intermediária entre essa nova subespécie de M. p. peruvianus, pois nestes a faixa branca na superfície ventral é muito reduzida ou ausente. Uma área na garganta variando de amarelo antimônio a amarelo pálido rosado está presente em cada uma das 8 amostras, mas está ausente nas duas amostras aqui descritas. Nos caracteres do crânio, a série anterior pertence definitivamente a peruvianus e não a osgoodi. Quando os crânios de osgoodi são comparados com a série de Huanuco, acenam com o tipo e o paratipo de peruvianus, eles são ao mesmo tempo visíveis por causa de seu tamanho pequeno, construção mais leve e mais esbelta, palato mais estreito e dentes menores. A relação entre essas formas e espécimes do leste do Brasil ainda é desconhecida.
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Em 1966, Charles O. Handley, Jr. comentou sobre alguns espécimes de Monodelphis adusta. Sugerindo que Monodelphis osgoodi Doutt do oeste da Bolívia e do sul do Peru fosse provavelmente uma espécie válida e distinta de M. adusta. pp. 754-755.
Monodelphis adusta Thomas
= Peramys melanops Goldman
= Monodelphis melanops Hall e Kelson
Raro em elevações médias no extremo leste do Panamá. Espécimes de Cana, 2000 pés, Guayabo e Tacarcuna Village, 1950 pés (Darién). Preso entre pedregulhos em uma barra seca de cascalho parcialmente aberta (vila de Tacarcuna) e entre rochas na margem de um rio em floresta densa (Cana). Monodelphis adusta ocorre do leste do Panamá, passando pela Colômbia e Equador, até o centro do Peru, sem exibir variação geográfica. Peramys melanops Goldman e Peramys peruvianus Osgood são sinônimos de adusta. Suas supostas características distintivas são meramente variações individuais. Por outro lado, Monodelphis osgoodi Doutt do oeste da Bolívia e do sul do Peru é provavelmente uma espécie distinta. Tem sido considerada como uma subespécie de M. adusta.
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Em 1975, Ronald Pine descreveu a menor espécie conhecida do gênero Monodelphis, e também a décima terceira espécie válida do gênero (semelhante a M. adusta).
Monodelphis (Monodelphis) kunsi (tradução da descrição original)
Holótipo. - Macho adulto, pele, crânio e esqueleto com algumas porções do esqueleto apendicular distal restantes na pele; USNM 461348; de La Granja, margem oeste do Rio Itonamas, 4 kN Magdalena, Província Itenez, Departamento Beni, Bolívia, abaixo de 200 m, coletada "em julho" de 1971 por Eladio Lotore, originalmente preparada como uma montagem de taxidermia por Tomas Rosas (agora preparado como pele de estudo padrão), presenteada por Merle L. Kuns. As medidas selecionadas em milímetros são: maior comprimento do crânio, 23,3; comprimento condilobasal, 23,2; comprimento basal, 21,8; comprimento palatal, 12,1; largura zigomática, 12,0; maior constrição do crânio entre rostro e caixa craniana, 4,4; maior largura dos nasais, 3,8; maior comprimento do nasal mais longo, 9,6; largura através dos caninos, 3,7; linha dentária maxilar, 9,3; M1-M4, 5,0.
Descrição. Um pequeno Monodelphis sem faixas dorsais ou avermelhado lateral; glândula da garganta presente, parcialmente oculta por pêlos esparsos; pêlo curto e delicado; coloração dorsal marrom avermelhado, mais amarronzado na cabeça, a maioria dos pêlos dorsais com cinza pálido opaco na base é seguida por marrom e depois com preto; superfície ventral inteira, de cor creme, com uma leve tonalidade rosa, e com pelos pálidos por todo o comprimento; escroto, região perianal, patas traseiras e áreas entre olhos e boca amarelo claro (buffy); cauda com pêlos como o do corpo apenas no extremo da base; resto da cauda coberto de cerdas minúsculas, bicolor, amarelo claro por baixo; crânio com rostro rombudo relativamente pequeno, sem espessamento ou processos pós-orbitais, um único par de vacuidades palatais com cada oposto da extremidade anterior de M1 até a extremidade anterior de M3 (limites posteriores um tanto incertos).
Comparações. Este é uma mucura muito pequena e pode revelar-se a menor espécie do gênero. É superficialmente mais parecida com a de maior tamanho, Monodelphis adusta (Thomas), embora esta última pode não ser o seu parente mais próximo (é necessário um estudo mais aprofundado do gênero como um todo antes que se possa determinar graus de afinidade entre as espécies). Comparado com espécimes de Monodelphis adusta, em mãos, M. kunsi difere por ser mais pálida dorsalmente e por ter toda a parte inferior do queixo até a ponta da cauda, de coloração branco sujo ou amarelo claro (buffy). Os pêlos de M. kunsi são mais curtos que os de M. adusta e o rostro relativamente menor e rombudo. Em M. adusta os frontais são expandidos anteriormente. Em M. kunsi, há pouca ou nenhuma expansão desse tipo.
Observações - O holótipo de Monodelphis kunsi aparentemente foi apanhado vivo em um arbusto cortado. A nova espécie pode ser a próxima depois do menor marsupial do Novo Mundo - com apenas Marmosa formosa Shamel sendo menor. Esta última forma parece ser uma espécie "válida". Embora Cabrera (1958) tenha citado Tate (1933) como tendo afirmado que o holótipo de Marmosa formosa é "[of an animal that was] bastante jovem", Tate sempre escrevia em inglês, pelo que eu saiba, e sua observação real foi "rather young adult male" (macho adulto bastante jovem). (um diagnóstico que concordo). A afirmação de Cabrera (1958) de que os números de Tate (1933) confirmam que a juventude extrema do holótipo não tem fundamento e o tratamento de Cabrera (1958) de Marmosa formosa, mas subespecificamente distinta de Marmosa velutina (Wagner), não é suportado por nenhuma evidência conhecido por mim. As considerações acima explicam por que Pine e Collins (1973) trataram Marmosa formosa como uma espécie válida. Collins é o único responsável pelos vernáculos inventariados em Pine e Collins (1973). A nova espécie de Monodelphis foi nomeada em homenagem ao Dr. Merle L. Kuns (que doou o holótipo ao Museu Nacional de História Natural) em reconhecimento de suas contribuições à Mastozoologia e Epidemiologia latino-americanas.
________________________________________________________________________________________________________________Angel Cabrera (1919: 43) propôs um novo gênero para Peramys dimidiatus (=Didelphys dimidiata de Wagner): Minuania.
gênero MINUANIA nov.
(vem de minuanes, um dos povos que habitavam o Uruguai).
1838. Didelphis Waterhouse, Cat. Mamm. Zool. Soc. London, pag. 64 (parte, não Linneu).
1856. Microdelphis Burmeister, Erlaut. Faun. Bras., pag. 86 (parte).
1888. Peramys Thomas, Catal. Marsup., pag. 355 (parte, não Lesson).
Tipo. Didelphis dimidiata Wagner.
Caracteres: tamanho pequeno. Aspecto soricoide. Focinho longo e afilado.
Orelhas pequenas, revestidas com pelos muito curtos. Cauda cerca de metade do corpo mais a cabeça, como em Peramys. Pés como os deste gênero. Pelagem curta e um pouco grossa. Um pequeno espaço glandular nu na parte superior do peito. Sem marsupio.
Crânio com uma caixa craniana muito pequena e muito estreita na frente, esse estreitamento é bem posterior aos processos pós-orbitais, que são muito salientes. Existe uma crista sagital bem desenvolvida, mesmo nos indivíduos jovens. A face, com um perfil levemente convexo, é estreita e muito longa, de modo que a distância do centro da borda dentária superior até a bifurcação anterior da crista sagital é maior do que a partir deste último ponto até a região mais posterior do crânio). Dentes como em Peramys; PM3 muito maior do que o anterior.
Distribuição geográfica: Desde o sul do Brasil até a desembocadura do Rio da Prata.
Em 1958, Cabrera tratou o seu gênero Minuania como subgênero de Monodelphis. Nesse trabalho de 1958, o "Catálogo dos Mamíferos da América do Sul", não aparece Peramys melanops. por ser uma espécie do Panamá, e essa espécie também está ausente, pelo mesmo motivo, do livro "Mamíferos Sud-Americanos" de Cabrera, A. & Yepes, J., 1940, duas obras restritas à fauna sul-americana.
Em 1958, Cabrera tratou o seu gênero Minuania como subgênero de Monodelphis. Nesse trabalho de 1958, o "Catálogo dos Mamíferos da América do Sul", não aparece Peramys melanops. por ser uma espécie do Panamá, e essa espécie também está ausente, pelo mesmo motivo, do livro "Mamíferos Sud-Americanos" de Cabrera, A. & Yepes, J., 1940, duas obras restritas à fauna sul-americana.
As publicações dos autores brasileiros, Miranda-Ribeiro, 1936 e Vieira, 1955 foram ainda mais restritas, limitando-se às espécies de Monodelphis da fauna brasileira. Miranda-Ribeiro (1936), em sintonia com Cabrera (1919), descreveu Minuania umbristriata e P[eramys] d[imidiatus]. itatiayae (pag.421), o que parece ser um descuido, já que dimidiata foi tratada como Minuania dimidiata, a espécie itatiayae deveria ser Minuania dimidiata itatiayae. Infelizmente a publicação de Miranda-Ribeiro foi impressa com inúmeros erros nos nomes, ou talvez descuidos, como M. goyana, por exemplo, que provavelmente foi o primeiro nome que ele escolheu para umbristriata. Pois M. goyana aparece na chave de identificação da pág. 419, mas na pág. 422 ele mudou para M. umbristriata. Nesse trabalho ele criou também, 3 subespécies para Peramys tricolor (=Didelphys tricolor Geoffroy, 1803): P. t. tricolor, P. t. rubidus (=P. rubidus Thomas, 1899) e P. t. emiliae (=P. emiliae Thomas, 1812). Essa associação entre a espécie da Guiana descrita por Geoffroy, como Didelphys tricolor, que foi associada por inúmeros autores ao Colicorto de Azara, e também pensada como uma espécie de ampla distribuição (chegando até o Paraguai), levou Miranda-Ribeiro a considerar as duas espécies de Thomas, como varições daquela, justamente pelas suas distribuições geográficas. Definitivamente, o trabalho desse brasileiro não contribuiu positivamente para a compreensão do gênero Monodelphis. Pois, infelizmente ele influenciou Vieira (1950: 359) a criar Monodelphis tricolor paulensis (=Didelphys brevicaudis Olfers, 1818) e Cabrera, 1958, que tratou essas 4 subespécies como formas de Monodelphis touan Shaw, 1800 (=Didelphys tricolor Geoffroy, 1803). Vejam as figuras acima e abaixo.
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Depois da publicação da descrição da espécie Monodelphis kunsi em 1975, Ronald H. Pine publicou uma série de notas tratando da sistemática de espécies isoladas do gênero Monodelphis. Em 1976 ele publicou uma nota discutindo o estatus taxonômico da espécie Monodelphis umbristriata, Miranda-Ribeiro 1936, que vinha sendo considerada como um sinônimo júnior de M. americana.
Monodelphis americana (=umbristriata)
Monodelphis umbristriata (A. de Miranda-Ribeiro) é uma espécie distinta de mucura
Alipio de Miranda-Ribeiro (1936) nomeou Minuania umbristriata com base em um macho representado por pele seca e crânio e em um indivíduo imaturo preservado em álcool. Nenhum holótipo foi designado e foi dito que os dois espécimes vieram de "Goyaz". Paulo de Miranda-Ribeiro (1955) designou o espécime imaturo como o lectótipo. Vieira (1955) usou a combinação "Monodelphis umbristriatus (Miranda-Ribeiro)" para este animal e deu sua distribuição geográfica como "Leste do Estado de Goiaz".
Cabrera (1958) colocou provisoriamente a espécie de A. de Miranda-Ribeiro na sinonímia de Monodelphis americana americana (Müller) e Avila Pires (1968) inequivocamente a colocou na sinonímia de Monodelphis americana. Avila Pires também relatou que os dois espécimes originais eram de "Veadeiros, Goiás" (14°07' S, 47°31' O). Ele tratou o espécime adulto preparado como pele e crânio como o lectótipo e chamou a designação de P. de Miranda-Ribeiro do espécime alcoólico imaturo como lectótipo de lapsus. Não obstante a infeliz escolha feita por P. de Miranda-Ribeiro, sua designação deve permanecer e o espécime do animal imaturo é o lectótipo.
Uma amostra (pele e crânio) de uma mucura no Museu Nacional de História Natural (USNM 304.595) de Passos (20°43' S, 46°37' O), 728 metros, Minas Gerais, Brasil concorda em todos os aspectos essenciais com A. de Miranda-Ribeiro. Esse terceiro espécime conhecido é o primeiro de Minas Gerais e seu estudo demonstra que a forma é uma espécie distinta por si só e, longe de ser sinônimo de Monodelphis (Monodelphis) americana americana, é um membro do subgênero Minuania Cabrera que também inclui (no mínimo) Monodelphis dimidiata (Wagner). Alipio de Miranda-Ribeiro estava, portanto, correto em sua estimativa da distinção das espécies e de suas afinidades. Monodelphis umbristriata está suficientemente distante de Monodelphis americana que a demonstração de simpatia entre os dois é supérflua para demonstrar sua separação, mas talvez não esteja fora de lugar relatar que o Museu Nacional de História Natural também contém um espécime (USNM 304.593) deste último de Passos, Minas Gerais.
O exemplar de M. umbristriata à mão não concorda com a descrição original, pois a pele dos lábios e as porções distais dos membros não é escurecida, mas, caso contrário, a correspondência é excelente. Dorsalmente, esse espécime é castanho-amarelado vivo. A coloração avermelhada é mais viva logo atrás das orelhas e o pêlo fica mais escuro posteriormente. O pêlo é acinzentado na base. Alguns pelos têm pontas pretas e existem pelos pretos. Existem três faixas dorsais longitudinais, semelhantes em posição e extensão às de Monodelphis americana, embora bastante fracas em comparação. A face é lavada com amarelo claro e as orelhas não são fortemente pigmentados. A cauda é pouco pilosa, praticamente nua, e os pêlos do corpo não se estendem até a base. Ventralmente, o animal é cinza pálido, lavado com amarelo claro com a parte inferior da cabeça mais pálida. Uma glândula nua na garganta é bem desenvolvida.
A construção do crânio em Monodelphis umbristriata demonstra afinidade com Monodelphis dimidiata (Wagner), mas também incorpora uma série de características não encontradas em outras espécies do gênero. A região facial do crânio é mais arqueada e afilada e os processos pós-orbitais parecem mais pontudos do que em M. dimidiata. Os forames infraorbitais são visíveis de baixo e não de cima. O palato de M. umbristriata reflete a curvatura descendente do perfil do rostrum. Em vez de apenas um par de curtos forâmens palatais, como em M. dimidiata, existem dois pares (e um dos posteriores é duplicado). As vacuidades anteriores se estendem desde a extremidade posterior do terceiro pré-molar até a borda anterior do quarto molar e são um pouco mais longas que as vacuidades emparelhadas únicas em M. dimidiata. As pequenas vacuidades traseiras são posteriores às fileiras de dentes. Essas vacuidades posteriores são suficientemente pequenas, que demonstrarão ser de ocorrência irregular, quando houver mais amostras disponíveis.
Monodelphis umbristriata compartilha com M. dimidiata a propriedade de ser uma mucura com dentes de sabre, pois os caninos superiores são longos e parecidos com lâminas (embora no espécime em questão não atinja o extremo visto em alguns dimidiata). As dentições das duas espécies também são bastante semelhantes em outros aspectos.
Os padrões de cores dos membros do gênero Monodelphis conhecidos por mim se enquadram em quatro grupos. Em um deles a coloração é mais ou menos uniforme (descontando partes mais pálidas) encontradas em espécies como kunsi, osgoodi, domestica e adusta (a última, no entanto, mostra uma leve faixa dorsal mediana) [deveria ser ventral]. Um outro é caracterizado por cabeças e nádegas avermelhadas (encontradas em emiliae e scalops). O terceiro exibe um vermelho ao longo dos flancos (dimidiata, sorex e no grupo brevicaudata). O quarto grupo é o que exibe três faixas dorsais (americana, iheringi, theresa e umbristriata). Gilmore (1941) propôs que os diferentes tipos de padrão de cores são indicadores de parentesco nos subgêneros de Monodelphis. É notável que os subgêneros Minuania e Monodelphis compartilhem o padrão caracterizado por flancos avermelhados e o padrão tristriado. A convergência peculiar de padrões de cores nos didelphidae também pode ser vista em outros lugares, como por exemplo, nas semelhanças entre os gêneros independentes Philander e Metachirops (ver Pine, 1973, para uso desses nomes; Pine, 1972, para afinidades de Metachirops). É razoável suspeitar que uma mimecria esteja envolvida.
Medidas (em milímetros) do Monodelphis umbristriata de Passos, Minas Gerais (medidas externas feitas por C. Lako, o coletor): comprimento total, 185; comprimento da cauda, 60; largura zigornática, 18,1; constrição interorbital, 6,4; constrição pós-orbital, 5,3; largura entre os caninos, 4,8; comprimento da série maxilar, 13,0; M1-M4, 5,5; maior amplitude de nasais, 5,0; comprimento do nasal mais longo, 15,4; peso, 45 gramas.
Ronald Pine não foi feliz em sua tentativa de validar o status de Monodelphis umbristriata. Ele não dispunha de material suficiente para decidir sobre a complexa variação existente no padrão de cor da espécie M. americana, que apresenta gradientes geográficos, variações etárias e dimorfismo sexual. Angel Cabrera e Avila Pires tinham razão, Monodelphis umbristriata é sinônimo júnior de M. americana. A sua tentativa de explicar ou questionar os padrôes de cor dos supostos subgêneros também não frutificou. Pois Minuania não tem significado filogenético. As espécies dimidiata e umbristriata não pertencem ao mesmo grupo de espécies.
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Em 1977, Ronald H. Pine publicou mais uma de suas notas isoladas, sobre a sistemática do gênero Monodelphis. Desta vez ele comentou o status da espécie Monodelphis iheringi, que vinha sendo tratada como subespécie de M. americana depois da listagem de Cabrera, 1958.
Monodelphis iheringi (Thomas) é uma espécie reconhecível de mucura brasileira (Mammalia Marsupialia Didelphidae)Em 1977, Ronald H. Pine publicou mais uma de suas notas isoladas, sobre a sistemática do gênero Monodelphis. Desta vez ele comentou o status da espécie Monodelphis iheringi, que vinha sendo tratada como subespécie de M. americana depois da listagem de Cabrera, 1958.
Thomas (1888b) nomeou "Didelphys (Peramys) Iheringi" baseado em um espécime masculino em álcool do "Rio Grande do Sul". A descrição completa (omitindo as medidas) consiste nas palavras "Cores e proporções exatamente como em D. americana Müll. (=D. tristriata auct.), mas com apenas cerca da metade do tamanho dessa espécie". Thomas mais tarde (1888a) fez uma descrição mais completa das espécies, afirmando que além do tamanho pequeno, o que eu chamarei de Monodelphis iheringi é caracterizado por um crânio marcadamente achatado. Ele deu como localidade-tipo "Taquara, Rio Grande do Sul" e listou dois espécimes do "Brasil" no Museu Britânico (História Natural), além do holótipo. Parece haver pelo menos dois locais no Rio Grande do Sul chamados "Taquara". Um é a 29°15' S, 53°30' O e o outro a 29°39' S, 50°17' O.
Em 1893, Winge escreveu sobre essa forma "...synes at stemme ganske med smaa Individer de H. tristriatus [= Monodelphis americana]". ("... parece concordar bastante com os indivíduos pequenos de H. tristriatus"). Ihering (1894) mostrou incerteza quanto ao fato de esse animal merecer reconhecimento como espécie e expressou forte ceticismo em relação a esse assunto. [Pine corrigiu posteriormente para: Goeldi, 1894]
A. de Miranda-Ribeiro (1936) não questionou o status específico de Monodelphis iheringi ou reconheceu a existência de controvérsia a esse respeito. Ele listou dois espécimes que ele atribuiu à forma de "Japarana (Sant'Anna), E. do Espírito Santo" [examinei esse exemplar no MZUSP e o identifiquei como M. americana] e "Humboldt, Sta. Catherina". Não consegui localizar nenhum desses locais. Vieira (1950, 1955) listou espécimes do Espírito Santo (Chaves) [examinei esse exemplar no MZUSP e o identifiquei como M. scalops], São Paulo (Iguape) e Santa Catarina (Colonia Hansa, Hamonia, Joinville). Não consegui encontrar o primeiro desses locais, mas os quatro restantes estão em 24°43' S, 47°33' O; 26°26' S, 49°14' O; 27°04' S, 49°31' O e 26°18' S, 48°50' O, respectivamente.
Em 1958, Cabrera tratou Monodelphis iheringi como uma subespécie de Monodelphis americana.
O exame e comparação de espécimes no Museu Nacional de História Natural (USNM), Smithsonian Institution me convenceram de que Cabrera estava errado e que Monodelphis iheringi e Monodelphis americana são realmente espécies separadas, como Thomas sustentou. Ruschi (1965) tinha aparentemente a mesma opinião quando listou "Monodelphis iheringii [sic]" como uma espécie válida e afirmou que ocorria no Espírito Santo em Castelo (20°36' S, 41°12' O) e Alegre (20°46' S, 41°32' O). Ruschi não reconheceu a existência de desacordo quanto à existência dessa forma.
Um espécime em mãos (USNM 11846, sexo?, Pele e crânio com pele em exposição em Ararangua, 28°56' S, 49°29' O, Santa Catarina, Brasil) se encaixa perfeitamente na descrição de Thomas e não tenho dúvida de que ela representa seu Monodelphis iheringi. Comparado com um espécime de Monodelphis americana de Passos, Minas Gerais, nota-se que Monodelphis iheringi é realmente um animal muito menor e que o crânio tem uma forma radicalmente diferente, marcadamente achatada em comparação com a de M. americana.
Em vista lateral, o crânio aparece em forma de cunha, à medida que a linha dentária e o perfil dorsal (essencialmente uma linha reta) se aproximam em ângulo agudo. O perfil ascendente gradual (mas uniforme) do crânio é notavelmente semelhante à condição do marsupial australiano de cabeça chata Pseudantechinus macdonnellensis (Spencer). O que resta da região auditiva indica que as bulas são comprimidas dorsoventralmente. A região occipital é mais protuberante posteriormente que em M. americana. Um único par de vacuidades palatinas está presente, cada uma estendendo-se do lado oposto ou anterior ao primeiro molar até a porção posterior do segundo molar ou um pouco além. O primeiro pré-molar inferior é proporcionalmente maior que em M. americana.
Quanto à pele, a cor de fundo é muito mais pálida (marrom bronzeado, "a tan buffy-brown") do que nos outros Monodelphis de três listras que eu já vi, embora isso possa ser o resultado de anos de exposição. A faixa mediana torna-se fraca à frente das orelhas. A pigmentação original dos pés, orelhas e rinério é difícil determinar, pois essas partes são cobertas com tinta rosa.
Medidas. - Maior comprimento do crânio, 24,4; comprimento condilobasal, 24,4; comprimento basal, 22,6; comprimento palatino, 12,7; comprimento do nasal mais longo, 10,7; maior amplitude de nasais, 3,5; largura da braincase em entalhes pós-zigomáticos, 9,1; constrição interorbital, 4,6; constrição pós-orbital, 4,4; comprimento da dentição maxilar, 9,1; M1-M4, 4,7; M1-M3, 4,0; M3-M3, 7,5; largura entre caninos, 3,5; comprimento bicondilar da mandíbula, 17,3; comprimento do ramo mandibular (primeiro côndilo incisivo), 18,2; profundidade mandibular posterior à dentição, 1.8.
E. A. Goeldi, 1894 em Análises Críticas sobre os Didelphidae da Serra dos Órgãos, fornece interessantíssimas informações e comentários sobre a publicação da descrição de Monodelphis iheringi de Oldfield Thomas (1888) distinguindo-a de Monodelphis americana.
5. PERAMYS TRISTRIATUS.
Com certeza, posso distinguir apenas um único membro do subgênero Peramys entre o material de Didelphyidae coletado na Serra dos Órgãos (Colonia Alpina, Theresópolis, 800m.). Eu o identifico com o P. tristriatus (Hemiurus, Microdelphys) da maioria dos autores, e posso dizer que esta espécie aqui é quase mais frequente que Micoureus pusillus.
O Sr. O. Thomas (l.c. p.363 e segs.) admite duas espécies de Peramys de três linhas. - um maior (P. americanus) e um menor (P. iheringii), apresentando uma boa figura deste último na prancha IV.
O habitat de P. americanus é mencionado como "Brasil" (tipo não existente), e o de P. iheringii como "Sul-Brasil", especialmente o Rio Grande do Sul (tipo no Museu Britânico). O Sr. Thomas diz sobre P. iheringii: -"Esta espécie parece externamente ser apenas uma forma anã de P. americanus, mas sempre pode ser distinguida não apenas por seu tamanho muito menor, mas pela forma diferente do crânio, e especialmente pelo achatamento acentuado da região frontal ".
Confesso meu ceticismo com a opinião do Sr. Thomas e acho que tenho motivos sérios para fazê-lo. Em relação às medidas, este autor afirma que segue Burmeister "Erläut", p. 84, dando as dimensões do mesmo indivíduo. Mas Burmeister escreve: comprimento total 7" (ou seja, 7 polegadas da Prússia), cauda 2"2"' (2 polegadas da Prússia e 2 linhas). A polegada prussiana é 2,6154 cm., e as dimensões são iguais, portanto, a 183 mm. (comprimento total) e 57,53 mm. (cauda), enquanto o Sr. Thomas os reduz para 189 mm. e 59 mm. - uma diferença perceptível para um animal pequeno. As dimensões de um segundo indivíduo preservado no Museu de Berlim são de 168 mm. (comprimento total) e 61 mm. (cauda). Por outro lado, as dimensões do espécime tipo de P. iheringii (adulto?) descrito pelo Sr. Thomas são 110 mm. (comprimento total) e 43 mm. (cauda). Desde que o tamanho mínimo de P. americanus e o tamanho máximo de P. iheringii não sejam exatamente determinados por grandes séries de espécimes adultos autênticos, uma conclusão definitiva parece ser uma questão muito difícil; e, como está agora a questão, pode ser permitido interpretar a diferença de tamanho como a expressão de diferentes faixas etárias, quanto mais a forma do crânio também for evidentemente afetada pelo crescimento, como comprovado por R. Hensel em suas memoráveis investigações. Vejo que H. Winge compartilha dessa opinião, escrevendo: - "P. iheringii, Thomas, synes stemme ganske med smaa Individer af Hemiurus tristriatus" ('Pungdyr', p.108); e confrontando as figuras de crânios dadas pelo Sr. O. Thomas (Catálogo, pl. XXVII. Fig.8), H. Winge ('Pungdyr', pl.II. Fig.9) e Burmeister ('Erläuterungen', pl.XI. Fig.7), não consigo encontrar nenhum outro caráter essencial que justifique a admissão de duas espécies diferentes.
Houve uma ocasião que eu examinei dezenas de mucuras de três faixas de todas as idades, e posso afirmar a existência de variações de cor e tamanho. No que diz respeito à cor, os jovens são freqüentemente vistos com uma coloração amarelada ou acinzentada e listras pretas extremamente bem definidas e conspícuas, como na Figura 2 da prancha IV. do Catálogo de Marsupiais no Museu Britânico. Os indivíduos mais velhos, são geralmente mais ruivos, geralmente mostram apenas listras pálidas e, não raramente, os espécimes serão percebidos como se não tivessem listras, as listras aparecerão apenas contra a luz. Confesso francamente que tive momentos em que fiquei em dúvida se o P. henseli, um segundo novo Peramys do Sul do Brasil, recentemente descrito pelo Sr. O. Thomas, e figurado na mesma prancha, não poderia ser também um indivíduo de P. tristriatus de listras claras. A figura de P. tristriatus de Burmeister (pl.XVI. Fig.2) considero deficiente em relação a vários pontos. Peramys tristriatus, de modo algum é um "animal raro", como afirma Burmeister (Syst. Ueb. p.141), habita localidades mais ou menos semelhantes às de Micoureus pusillus. É frequentemente vista em trilhas florestais, especialmente próximas à água. Quando em 1891 cavamos um canal profundo para o nosso motor de serra, este canal percorria cerca de um quilômetro através da floresta, quase todos os dias um Peramys era encontrado nele, e mesmo agora a água muitas vezes derruba alguns individuos desse marsupial. É inteiramente terrestre, e não é talhado adequadamente, para a vida arbórea.
Também conheço Peramys tristriatus muito bem no que diz respeito a seus hábitos e características, estudando espécimes capturados. Sua comida em liberdade é semelhante à de Micoureus pusillus; mas aprendi que ataca animais comparativamente maiores que este último, e ataca sem hesitação, pássaros e mamíferos quase tão grandes quanto ele. Eu já fui bastante imprudente em juntar na mesma gaiola um Peramys adulto e um jovem Hesperomys squamipes. Na manhã seguinte, não encontrei nada mais do que um pequeno pedaço de pele, e a gaiola estava suja com traços inegáveis de um terrível combate. A disposição dessa espécie não é tão atraente quanto a de Micoureus pusillus; a sede de sangue e o prazer cego da crueldade são as características predominantes, e um baixo grau de inteligência, torna domesticá-lo uma tarefa muito ingrata. Uma inquietação quase estúpida e um desejo ilimitado de liberdade, juntamente com uma insaciável necessidade de comida, são geralmente as causas de uma decaída e morte incrivelmente rápidas. Os jovens, no entanto, são criaturas agradáveis, notáveis por suas cabeças grandes. Com leite e insetos, eles podem ser mantidos vivos por algum tempo por pessoas que tenham o tempo e o lazer necessários. Conheço aqui uma pessoa que observou a cópula de Peramys e que certa vez fui informado de uma mãe carregando seus filhotes nas costas; infelizmente cheguei tarde demais para vê-la.
Também é necessário dizer que os hábitos de Peramys são preferencialmente noturnos.
a. fêmea. (álcool.) comprimento total 157 mm., cabeça e corpo 105 mm.
b. macho (pele seca) " " 179 mm. " " 120 mm.
c. macho ( „ ) " " 201 mm. " " 145 mm.
O comprimento basal do crânio do exemplar b é 28,5 mm., do exemplar c 28 mm.
(Sr. O. Thomas menciona para um adulto macho de P. americana 28 mm., para um adulto?* macho de P. iheringii 22,2 mm.).
* [Esta interrogação é do Dr. Goeldi, não minha. - O.Thomas.]
Em 1978, R. H. Pine & J. P. Abravaya redescreveram exemplares de Monodelphis scalops da localidade de Santa Teresa, no estado do Espírito Santo, Brasil. Esses foram os primeiros registros dessa espécie para esse estado. Os autores também forneceram outros dados, como medidas e informações sobre o ambiente das coletas, além de um breve histórico dessa espécie, até então bem pouco conhecida.
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O holótipo de P[eramys]. d[imidiata]. itatiayae Miranda-Ribeiro (1936) está agora no USNM. Aparentemente, o espécime foi presenteado a essa instituição pelo Museu Nacional, do Rio de Janeiro, devido a um lapso. Avila Pires (1068) observou que, embora o espécime tenha sido listado no livro de registro do Museu Nacional, ele não foi encontrado. De acordo com a descrição original, essa suposta subespécie possui "Olhos a 2/3 da distancia rhino-auricular; cauda unicolor; caninos enormes, passando o plano submental". O caráter envolvendo as orelhas não pode ser verificado, pois o espécime, originalmente preservado em álcool, foi recheado. As orelhas não parecem diferentes das dos espécimes co-específicos em mãos. A cauda não é unicolor, mas avermelhada por cima, e amarelada por baixo. Caninos longos são típicos dos machos adultos de M. henseli (provavelmente =M. sorex), cuja espécie Handley me mostrou que o tipo representa.
No momento, não vejo justificativa para reconhecer a suposta nova subespécie de Miranda-Ribeiro. A coloração é muito mais viva do que nos outros espécimes em comparação com ela, mas isso pode não ser uma diferença confiável, pois o holótipo já foi preservado em álcool e isso pode ter modificado sua coloração.
É interessante que Monodeiphis henseli, Monodelphis umbristriata (Miranda-Ribeiro) e Monodelphis americana (Müller) ocorram todas em Passos, Minas Gerais (ver "espécimes examinados" abaixo).
Todas as amostras que vi de M. henseli têm barrigas que não fluorescem sob uma lâmpada ultravioleta (General Electric 15 watts BLB Blackliglit com comprimentos de onda entre 3000-5000 angstroms, a maior parte da energia entre 3200-3800 angstroms e pico em 3400-3600 angstroms).
Espécimes examinados (de M. henseli). - BRASIL: Minas Gerais, Passos (20°43' S, 46°37' O), 428 m., 1 macho (USNM 304594); Rio de Janeiro, "Campo Bello" - Itatiaya (= Itatiaia a 22°30' S, 44°34' O), 1 macho (USNM 461068 - o holótipo de P[eramys]. D[imidiata]. itatiayae Miranda-Ribeiro); São Paulo, Boracéia, Casa Grande, ca. 20 k S Salesópolis (que fica a 23°32' S, 45°51' O), 1 macho (USNM 460504); São Paulo, Ribeirão da Lagoa (também ca. 20 km S Salesópolis), 1 macho (USNM 484016).
Medições (na ordem dos espécimes dados acima, externos e pesos coletados pelos colecionadores).—comprimento total, 195, 197, 245, 175+; comprimento de altura, 65, 78, 85, 30+; comprimento condilobasal, 34,1; 33,2; 37,3; 34,7; comprimento basal, 32,1; 31,3; 36,0; 33,0; comprimento palatal, 18,1; 17,8; 20,1;—; largura zigomática, 18,7; 18,0; 21,0; 18,6; constrição pós-orbital 5,0; 5,2; 5,0; 5,5; largura entre caninos, 5,5; 5,3; 7,0; 6,0; M3-M3, 9,2; 9,0; 10,6; 10,0; comprimento da dentição maxilar, 12,8, 12,5, 13,2; 13,0; M1-M4, 5,5, 5,8, 5,7, 5,8; maior amplitude de nasais, 9,0; 4,7; 5,5; 4,5; comprimento do nariz mais longo, 15,7; 16,9; 18,3; 16,9; peso, 48 g,—,—,—.
Wetzel e Lovett (1974) concluíram que D[idelphys]. brevicaudis Olfers (1818) era sinônimo sênior de Didelphys domesfica Wagner e usaram a combinação Monodelphis brevicaudis brevicaudis (Olfers) para espécimes de Monodelphis domestica. De acordo com Hershkovitz (1959), no entanto, o nome de Olfers é baseado no micouré cinquième ou micouré a queue courte de Azara (1801) e a referência a este último trabalho revela que o animal em questão é um grande Monodelphis de flancos avermelhados ao invés do opaco M. domestica. D[idelphys]. brevicaudis Olfers pode ser um sinônimo sênior de Monodelphis tricolor paulensis Vieira (1949) se Cabrera (1958) estiver correto ao listar essa forma (sob o nome "Monodelphis touan paulensis Vieira") do Paraguai. Hershkovitz (1959) aparentemente acreditava que o animal chamado Didelphys brevicaudis de Olfers não havia sido nomeado por mais ninguém que não estivesse conscientemente inventando um outro nome para o micouré cinquième de Azara ou micouré a queue courte, uma vez que ele (Hershkovitz) não deu outras citações além daquela baseada no animal de Azara, embora outros sinônimos no artigo de Hershkovitz tenham sido bastante exaustivos. Não está claro por que Hershkovitz desconsiderou a possibilidade de que D[idelphys]. brevicaudis Olfers poder ser coespecífico com Monodelphis brevicaudata (Erxleben).
Segundo Thomas (1888), os processos pós-orbitais estão ausentes em M. domestica. No material em questão, há indicações de processos pós-orbitais em várias amostras e a USNM 293131 os possui bastante bem desenvolvidos. A variação na forma do crânio é considerável e é suficiente para indagar se o M. domestica dos autores pode ser um composto de mais de uma espécie.
Como a USNM 293131 possui várias manchas brancas dorsalmente, ela lembra uma suposta espécie de Monodelphis chamada Did[elphys]. alboguttata de Burmeister (1854).
Wied-Neuwied (1826) mencionou uma criatura dessas antes, mas não deu nome a ela. De acordo com Burmeister (op. cit.), o animal é menor que D[idelphys tristriata [= Monodelphis americana (Müller)] e é cinza-rato com linhas de manchas brancas. Aparentemente, a descrição foi baseada em boatos e não havia exemplares disponíveis. Thomas (1888) afirma que o "tipo" dessa forma estava no "Rio Janeiro" e Burmeister (1856) afirma que o animal estava representado nas coleções do "Museu Nacional do Rio de Janeiro".
Em 1894, Goeldi declarou que havia localizado o espécime (no museu do Rio de Janeiro) que Thomas (1888) tinha em mente e que representava o marsupial australiano Dasyurus viverrinus. Como esta espécie é do tamanho de um gato pequeno, posso apenas assumir que o espécime referido por Goeldi era de um animal muito jovem, já que Burmeister (1854) registrou que a criatura era menor (como observado acima) do que o que hoje é conhecido como Monodelphis americana.
Avila-Pires (1968) não fez menção ao suposto tipo de Did[elphys]. alboguttata Burmeister em sua lista de tipos no Museu Nacional no Rio.
Espécimes examinados. - BRASIL: Ceará, Quixada (4°58' S, 39°01' O), 1 macho (USNM 259431); Ceará, Santana do Cariri, Catita (7°11' S, 39°44' O), 1 macho (USNM 304585); Mato Grosso, Conrumbá, São Marcus Rd. (19°01' S, 57°39' O), 1 fêmea (USNM 390016); Mato Grosso, São Luís de Cáceres, Lava Pés, Facão, entre 3 e 15 k de SE Cáceres (a 16°04' S, 57°41' O), 1 macho (USNM 390017); BOLÍVIA: Beni, Mamore, San Joaquín (13°06' S, 64°47' O), 1 macho, 1 fêmea (USNM 364714, 364715); Beni, Itenez, La Granja, 4 k N Magdalena (que dura 13°2' S, 64°07' O), 1 fêmea (USNM 461347): Santa Cruz, Velasco, San Ignacio de Velasco (16°23' S, 60°59' O), 1 fêmea (USNM 390015); Santa Cruz, Basilio), SSW Santa Cruz 45 k (que dura k a 17°45' S, 63°14' O), 1 fêmea (USNM 390568); Santa Cruz, 3,4 kS Basilio), que dura 45 km SSW Santa Cruz (19°15' S, 64°30' O), 1 macho, 1 fêmea (USNM 390566, 390567); Chuquisaca, Tomina, Tihumayo, 1 fêmea (USNM 290898).
Em 1923, Thomas nomeou Monodelphis maraxina com base em um espécime (o holótipo) de "Caldeirão" e um espécime [Museu Britânico (História Natural) no. 12.5.11.13] Tenho em mãos um macho da "Faz. Tesa", Soure (00°44' S, 48°31' O), Ilha de Marajó, Pará, Brasil. De acordo com Thomas, "Caldeirão" também fica na Ilha de Marajó. Não consegui encontrar um lugar com esse nome em Marajó, mas há uma ilha a oeste de Marajó chamada Caldeirão. Os dois espécimes discutidos por Thomas ainda são aparentemente os únicos a serem relatados.
O primeiro espécime que Thomas viu desta espécie (o macho de Soure) foi identificado por ele como "Peramys domesticus, Wagn.". Mais tarde, Thomas recebeu o espécime da fêmea, que agora é o holótipo, e concluiu que a forma representava uma espécie não descrita.
De acordo com Thomas, Monodelphis maraxina tem a fórmula mamária de Monodelphis brevicaudata (Erxleben) ao invés de Monodelphis domestica (Wagner). Monodelphis maraxina difere de M. brevicaudata, no entanto, por ser predominantemente cinza (e nesse aspecto se assemelha a M. domestica). Além disso, M. maraxina tem menos pelos na cauda, o que Thomas pensava ser uma característica de M. brevicaudata e a cauda é supostamente mais curta do que em M. domestica.
Desde o artigo de Thomas de 1923, nada foi adicionado ao nosso conhecimento de M. maraxina. Na revisão de Miranda-Ribeiro (1936) dos Didelphidae, essa forma nem é mencionada. Cabrera (1958) listou M. maraxina como uma subespécie de M. domestica, mas não deu justificativa para isso.
Segundo Thomas (1923), a fórmula mamária de M. domestica deve ser 4-3-4 ou 5-3,5, enquanto que para M. brevicaudata deve ser 4-1-4. Examinei três espécimes fêmeas da Venezuela, representando o grupo M. brevicaudata e constatei fórmulas aparentes de 4-1-4 (USNM 490241), 4-0-4 (USNM 490229) e 3-1-3 (USNM 490245).
Na primeira mencionada, todas as nove tetas são igualmente bem desenvolvidas e subjacentes ao tecido mamário. Nas outras, as duas tetas mais anteriores são muito menos desenvolvidas que as outras e são bastante difíceis de encontrar. Aparentemente, o par anterior está subjacente por nenhum tecido mamário no USNM 490229 e muito pouco no USNM 490245. A presença ou ausência de um jovem em amamentação pode ter tido esse efeito no desenvolvimento das mamas?
Os coletores devem evitar fazer incisões na região mamária ao preparar espécimes de mucuras. As incisões tornam o estudo das mamas muito mais difícil.
Por motivos zoogeográficos, uma população de M. domestica na Ilha de Marajó seria incomum, pois a espécie é desconhecida na região baixa da Amazônia. No entanto, um relacionamento com os membros próximos do grupo M. brevicaudata seria uma expectativa razoável. A relativa falta de pêlos da cauda em Monodelphis maraxina, embora diferente da condição nas populações geograficamente mais próximas do grupo M. brevicaudata, é paralelo à população na margem leste do rio Tapajós. Monodelphis maraxina mostra coloração viva lateralmente (especialmente logo atrás das orelhas), sugerindo as áreas laterais avermelhadas de Monodetphis brevicaudata. Porém, essa condição é abordada de pronto, em uma amostra de Monodetphis domestica do Ceará (USNM 259431).
A cauda de M. maraxina difere da cauda de M. domestica por ser mais nua e manifestamente escamosa. A cauda de M. domestica é mais fortemente coberta com cerdas minúsculas. M. domestica também possui bulas auditivas mais desenvolvidas. Devido a diferenças entre M. domestica e M. brevicaudata, parece melhor por enquanto tratar M. maraxina Thomas como uma espécie válida. No estado atual de nosso conhecimento, este parece ser o procedimento mais moderado.
A barriga da amostra em questão não apresenta fluorescência sob luz ultravioleta fornecida pelo tubo de 15 watts mencionado acima.
Medições da amostra de Soure (medidas externas realizadas pelo coletor). - comprimento total, 213; comprimento da cauda, 79; comprimento palatal, 19,9; largura zigomática, 20,0; maior constrição do crânio, 5,7; largura entre caninos, 6,6; M3-M3, 11,2; comprimento da dentição maxilar, 14,3; M1-M4, 7,0; maior amplitude dos nasais, 5,5; comprimento do nasal mais longo, 16,5.
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HISTÓRIA
DISCUSSÃO
Apesar das contestações apresentadas por Goeldi na publicação acima, Monodelphis iheringi (Thomas) é realmente uma espécie válida, e as dúvidas então existentes foram sanadas, por coletas que provaram, que essas espécies são sintópicas em várias localidades, as quais serão especificadas mais adiante. Pine, 1977 tinha razão em considerá-la como uma espécie válida e separada de M. americana, e não uma subespécie como foi sugerido por Cabrera (1958), ou até desacreditada por Goeldi.
_____________________________________________________________________________________________________________________________Em 1978, R. H. Pine & J. P. Abravaya redescreveram exemplares de Monodelphis scalops da localidade de Santa Teresa, no estado do Espírito Santo, Brasil. Esses foram os primeiros registros dessa espécie para esse estado. Os autores também forneceram outros dados, como medidas e informações sobre o ambiente das coletas, além de um breve histórico dessa espécie, até então bem pouco conhecida.
Monodelphis scalops, São José do Barreiro, SP - foto: Hudson Martins Soares |
Notas sobre a mucura brasileira Monodelphis scalops (Thomas)
(Mammalia Marsupialia: Didelphidae)
Monodelphis scalops foi descrito pela primeira vez por Thomas (1888b). A descrição foi suficientemente curta para permitir a citação em sua totalidade: "Didelphys (Peramys) scalops, sp. n./ tamanho de D. brevicaudata, Erxl. Cabeça, traseiro e cauda ruivo vivo; testa traseira [sic], ombros, e barriga cinza-oliva grisalho. Crânio longo e estreito; dentes muito pequenos. / Dimensões (macho, pele): Cabeça e corpo 133 mm.; cauda 71; orelha 8,0; Crânio, comprimento 33; comprimentos combinados dos três primeiros molares superiores 4,9./ Hab. Brasil". Thomas mais tarde (1888a) redescreveu e descobriu esta espécie e relatou um segundo espécime de uma localidade desconhecida.
Miranda-Ribeiro (1936) observou a existência de vários espécimes, mas mencionou apenas uma localidade [Therózopolis (=Teresópolis, que fica a 22°26' S, 42°59' O), Rio de Janeiro]. Ele também decidiu que certos espécimes mencionados por Hensel (1873: 123, 124 - dado incorretamente como p.125 por Miranda-Ribeiro) eram desta espécie. A julgar por uma nota anexada a uma mesa por Miranda-Ribeiro, ele aparentemente concluiu que um espécime mencionado em "Die Saugethiere in Abbildungen und Natur - Dr. J. Andreas Wagner - Leipsig - 1855" era dessa espécie. As medidas supostamente retiradas deste trabalho não podem ser encontradas lá, no entanto, e não conseguimos determinar qual espécime mencionado por Wagner, Miranda-Ribeiro tinha em mente. Miranda-Ribeiro afirmou que Goeldi desejava sinonimizar essa forma com "P[eramys]. tristriatus". Não conseguimos comprovar isso consultando obras de Goeldi com as quais estamos familiarizados.
Vieira (1950, 1955) restringiu a localidade-tipo a Therózopolis e citou três espécimes de três localidades no estado de São Paulo. As localidades são São Sebastião, Piracicaba e Piquete. Há mais de um "São Sebastião em São Paulo, mas o de 23°48' S, 45°26' O é provavelmente o que está em questão. Piracicaba está a 22°45' S, 47°40' O e Piquete a 22°36' S, 45°11' O. [Eu examinei o material citado por Vieira no MZUSP, e Pine está certo quanto a localização de São Sebastião, porém, Vieira falhou na identificação, dos exemplares das localidades de Piracicaba e Piquete, trata-se de exemplares de M. americana com eritrismo, não de M. scalops].
Recentemente, um de nós (Abravaya) foi autorizado a adquirir três espécimes machos de Monodelphis scalops no município de Sta Teresa, estado do Espírito Santo, Brasil. Pelo menos dois destes eram de adultos e foram preparados como "peles e crânios" e agora estão incorporados (não catalogados) na coleção do Museu de História Natural do Condado de Los Angeles (LACM). O terceiro foi preservado em fluido e está alojado no Museu de Biologia Prof. Mello-Leitão, em Santa Teresa. O espécime designado pelo número de campo 701 de Abravaya foi coletado em "Caixa Dágua, Sta Teresa", a 750 m em 4 de outubro de 1970 e os outros dois [designados pelos números de campo M-193 (o "alcólico"), M-207] foi capturado em 6 de setembro de 1973 e 4 de outubro de 1973, respectivamente, na "Forest Preserve Nova Lombardia [8k S Caixa Dágua], Sta Teresa", 800 m. Santa Teresa está localizada a 19°55' S, 40°36' O.
O primeiro mencionado dos espécimes acima foi presenteado a Abravaya. Os outros foram pegos em uma linha de 100 armadilhas montadas por quatro noites.
Descrições da vegetação nas duas localidades de coleta podem ser encontradas em Abravaya e Matson (1975). A vegetação na Reserva Florestal Nova Lombardia consistia em floresta primária e de segundo crescimento bem desenvolvida. A floresta é classificada como Floresta Subtropical submontana úmida pelo sistema Holdridge (1967). Caixa Dagua é a localidade-tipo de Proechimys iheringi gratiosus Moojen (1948). Outros mamíferos capturados por Abravaya nessa localidade foram Marmosa sp., Oryzomys eliurus, Oryzomys ratticeps, Nectomys squamipes, Delomys sublineatus, Rhipidomys sp., Oxymycterus hispidus, Blarinomys breviceps, Akodon arviculoides, Thaptomys nigrita e Echimys sp. (Identificações e nomenclatura de Abravaya).
Monodelphis scalops não havia sido incluído na fauna de mamíferos do Espírito Santo por Ruschi (1965) e os espécimes de Abravaya, portanto, fornecem os primeiros registros para esse estado. Duas outras espécies de Monodelphis foram listadas para o Espírito Santo por Ruschi. Estes eram "Monodelphis henseli (Thomas)" e "Monodelphis iheringii [sic] (Thomas)".
Como a informação descritiva sobre Monodelphis scalops é bastante superficial, parece apropriado descrever os espécimes do Espírito Santo com mais detalhes.
A coloração avermelhada na frente e atrás deste belo animal lembra muito o padrão de cores na mucura nomeada por Thomas (1912) como Peramys emiliae. Nas amostras do Espírito Santo, as superfícies da cabeça e dorso-lateral dos membros da frente são cor de canela vivo. A parte traseira das costas, o traseiro, as superfícies dorsolaterais dos pés e o pêlo da cauda são de um castanho denso. A área intermediária dorsalmente é "sal com pimenta", com os pelos pretos misturados com os de pontas amareladas. A superfície ventral é na maior parte cinza com pontas dos pelos amareladas - parecendo um pouco olivácea sob algumas condições de iluminação. O queixo é canela, mas menos vivo que o resto da cabeça. Os pelos de todo o corpo são grisalhos. Uma glândula da garganta está presente. O quarto basal da cauda é coberto com pêlos por cima e por abaixo. O restante é coberto com pelos avermelhados curtos. A superfície ventral fica fluorescente com um rosa brilhante sob luz ultravioleta. Sob certas condições de iluminação, parece estar presente ventralmente uma leve sufusão rósea.
O crânio, com caninos longos, curvos e comprimidos lateralmente, perfil arqueado anteriormente e rostro delgado e estreito, lembra os do subgênero Minuania (M. umbristriata, M. dimidiata) e M. scalops podem pertencer a esse subgênero. Ao contrário das observações de Thomas (1888a), existem vestígios de processos pós-orbitais (pelo menos nos espécimes LACM em mãos) e deles existem sulcos que se curvam para trás até uma crista sagital baixa.
Medidas externas (em mm) e peso (respectivamente de JPA 701, JPA M-193, JPA M-207), realizadas por Abravaya. — comprimento total, 206, 199, 210; comprimento da cauda, 60, 57, 65; pé, 20, 19, 21; orelha, do entalhe, 16, 15, 16; peso, —, 74 g, 48 g.
Medidas cranianas (em mm de JPA 701, JPA M-207), realizadas por Pine.—Largura da caixa craniana (em entalhes pós-zigomáticos), 12,3 e 12,6; maior constrição pós-orbital, 6,0 e 6,1; profundidade da caixa craniana (incluindo as bulas), —, 10,1; comprimento do ramo mandibular (do côndilo ao primeiro incisivo), 26,1, 26,4; profundidade mandibular posterior à série molar, 3,1 e 3,2; série dentária mandibular, 15,7 e 15,6; largura zigomática, 18,7 e 18,7; M1-M3, 4,9 e 5,0; M3-M3, 9,4 e 9,9; comprimento do nasal mais longo, 16,6; —; série dentária maxilar, 13,2 e 13,4.
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Em 1979, R. H. Pine publicou algumas notas taxonômicas sobre 3 espécies do gênero Monodelphis: M. dimidiata itatiayae, M. domestica e M. maraxina. Infelizmente, esse foi o trabalho mais desastroso de sua carreira, pois nesse momento da história do gênero, ele propôs, ainda que sutilmente, que Monodelphis sorex fosse "provavelmente" um sinônimo de M. dimidiata itatiayae. Assumidamente, também propôs M. henseli de Thomas, como sinônimo de M. d. itatiayae, no que concordo totalmente. Porém, como M. sorex precede M. henseli, e M. d. itatiayae, a confusão se estabeleceu. Definitivamente M. sorex é um sinônimo júnior de M. dimidiata de Wagner. No entanto, M. henseli e M. d. itatiayae são ambos sinônimos juniores de Monodelphis brevicaudis Olfers, 1818, o verdadeiro "Colicorto" de Azara, ou o "Micouré à queue courte". Desgraçadamente, a confusão que isso criou ainda persiste.
Notas taxonômicas sobre "Monodelphis dimidiata itatiayae (Miranda-Ribeiro)", Monodelphis domestica (Wagner)
e Monodelphis maraxina Thomas
(Mammalia Marsupialia Didelphidae)
by
Ronald H. PINE
Il ne semble pas que l'on puisse encore justifier l'existence du taxon "Monodelphis dimidiata itatiayae (Miranda-Ribeiro)" (=henseli), Le nom qu'll convient de donner au grand Monodelphis gris du Paraguay et des regions voisines de la Bolivie et du Brésil est Monodelphis domestica (Wagner) et. non Monodelphis brevicaudis (Olfers). Monodelphis maraxina parait être une bonne espèce et-non une sous-espèce de M. domestica.
Em comum com muitos outros gêneros de mamíferos da América do Sul, o gênero Monodelphis Burnett é muito pouco conhecido. Uma pesquisa da literatura e exame de certos espécimes nas coleções do Museu Britânico (História Natural) (BMNH) e do Museu Nacional de História Natural (USNM), Smithsonian Institution, permitiu-me chegar às conclusões nomenclaturais e taxonômicas apresentadas abaixo .
"Monodelphis dimidiata itatiayae (Miranda-Ribeiro)"
O holótipo de P[eramys]. d[imidiata]. itatiayae Miranda-Ribeiro (1936) está agora no USNM. Aparentemente, o espécime foi presenteado a essa instituição pelo Museu Nacional, do Rio de Janeiro, devido a um lapso. Avila Pires (1068) observou que, embora o espécime tenha sido listado no livro de registro do Museu Nacional, ele não foi encontrado. De acordo com a descrição original, essa suposta subespécie possui "Olhos a 2/3 da distancia rhino-auricular; cauda unicolor; caninos enormes, passando o plano submental". O caráter envolvendo as orelhas não pode ser verificado, pois o espécime, originalmente preservado em álcool, foi recheado. As orelhas não parecem diferentes das dos espécimes co-específicos em mãos. A cauda não é unicolor, mas avermelhada por cima, e amarelada por baixo. Caninos longos são típicos dos machos adultos de M. henseli (provavelmente =M. sorex), cuja espécie Handley me mostrou que o tipo representa.
No momento, não vejo justificativa para reconhecer a suposta nova subespécie de Miranda-Ribeiro. A coloração é muito mais viva do que nos outros espécimes em comparação com ela, mas isso pode não ser uma diferença confiável, pois o holótipo já foi preservado em álcool e isso pode ter modificado sua coloração.
É interessante que Monodeiphis henseli, Monodelphis umbristriata (Miranda-Ribeiro) e Monodelphis americana (Müller) ocorram todas em Passos, Minas Gerais (ver "espécimes examinados" abaixo).
Todas as amostras que vi de M. henseli têm barrigas que não fluorescem sob uma lâmpada ultravioleta (General Electric 15 watts BLB Blackliglit com comprimentos de onda entre 3000-5000 angstroms, a maior parte da energia entre 3200-3800 angstroms e pico em 3400-3600 angstroms).
Espécimes examinados (de M. henseli). - BRASIL: Minas Gerais, Passos (20°43' S, 46°37' O), 428 m., 1 macho (USNM 304594); Rio de Janeiro, "Campo Bello" - Itatiaya (= Itatiaia a 22°30' S, 44°34' O), 1 macho (USNM 461068 - o holótipo de P[eramys]. D[imidiata]. itatiayae Miranda-Ribeiro); São Paulo, Boracéia, Casa Grande, ca. 20 k S Salesópolis (que fica a 23°32' S, 45°51' O), 1 macho (USNM 460504); São Paulo, Ribeirão da Lagoa (também ca. 20 km S Salesópolis), 1 macho (USNM 484016).
Medições (na ordem dos espécimes dados acima, externos e pesos coletados pelos colecionadores).—comprimento total, 195, 197, 245, 175+; comprimento de altura, 65, 78, 85, 30+; comprimento condilobasal, 34,1; 33,2; 37,3; 34,7; comprimento basal, 32,1; 31,3; 36,0; 33,0; comprimento palatal, 18,1; 17,8; 20,1;—; largura zigomática, 18,7; 18,0; 21,0; 18,6; constrição pós-orbital 5,0; 5,2; 5,0; 5,5; largura entre caninos, 5,5; 5,3; 7,0; 6,0; M3-M3, 9,2; 9,0; 10,6; 10,0; comprimento da dentição maxilar, 12,8, 12,5, 13,2; 13,0; M1-M4, 5,5, 5,8, 5,7, 5,8; maior amplitude de nasais, 9,0; 4,7; 5,5; 4,5; comprimento do nariz mais longo, 15,7; 16,9; 18,3; 16,9; peso, 48 g,—,—,—.
Monodelphis domestica (Wagner)
Wetzel e Lovett (1974) concluíram que D[idelphys]. brevicaudis Olfers (1818) era sinônimo sênior de Didelphys domesfica Wagner e usaram a combinação Monodelphis brevicaudis brevicaudis (Olfers) para espécimes de Monodelphis domestica. De acordo com Hershkovitz (1959), no entanto, o nome de Olfers é baseado no micouré cinquième ou micouré a queue courte de Azara (1801) e a referência a este último trabalho revela que o animal em questão é um grande Monodelphis de flancos avermelhados ao invés do opaco M. domestica. D[idelphys]. brevicaudis Olfers pode ser um sinônimo sênior de Monodelphis tricolor paulensis Vieira (1949) se Cabrera (1958) estiver correto ao listar essa forma (sob o nome "Monodelphis touan paulensis Vieira") do Paraguai. Hershkovitz (1959) aparentemente acreditava que o animal chamado Didelphys brevicaudis de Olfers não havia sido nomeado por mais ninguém que não estivesse conscientemente inventando um outro nome para o micouré cinquième de Azara ou micouré a queue courte, uma vez que ele (Hershkovitz) não deu outras citações além daquela baseada no animal de Azara, embora outros sinônimos no artigo de Hershkovitz tenham sido bastante exaustivos. Não está claro por que Hershkovitz desconsiderou a possibilidade de que D[idelphys]. brevicaudis Olfers poder ser coespecífico com Monodelphis brevicaudata (Erxleben).
Segundo Thomas (1888), os processos pós-orbitais estão ausentes em M. domestica. No material em questão, há indicações de processos pós-orbitais em várias amostras e a USNM 293131 os possui bastante bem desenvolvidos. A variação na forma do crânio é considerável e é suficiente para indagar se o M. domestica dos autores pode ser um composto de mais de uma espécie.
Como a USNM 293131 possui várias manchas brancas dorsalmente, ela lembra uma suposta espécie de Monodelphis chamada Did[elphys]. alboguttata de Burmeister (1854).
Wied-Neuwied (1826) mencionou uma criatura dessas antes, mas não deu nome a ela. De acordo com Burmeister (op. cit.), o animal é menor que D[idelphys tristriata [= Monodelphis americana (Müller)] e é cinza-rato com linhas de manchas brancas. Aparentemente, a descrição foi baseada em boatos e não havia exemplares disponíveis. Thomas (1888) afirma que o "tipo" dessa forma estava no "Rio Janeiro" e Burmeister (1856) afirma que o animal estava representado nas coleções do "Museu Nacional do Rio de Janeiro".
Em 1894, Goeldi declarou que havia localizado o espécime (no museu do Rio de Janeiro) que Thomas (1888) tinha em mente e que representava o marsupial australiano Dasyurus viverrinus. Como esta espécie é do tamanho de um gato pequeno, posso apenas assumir que o espécime referido por Goeldi era de um animal muito jovem, já que Burmeister (1854) registrou que a criatura era menor (como observado acima) do que o que hoje é conhecido como Monodelphis americana.
Avila-Pires (1968) não fez menção ao suposto tipo de Did[elphys]. alboguttata Burmeister em sua lista de tipos no Museu Nacional no Rio.
Espécimes examinados. - BRASIL: Ceará, Quixada (4°58' S, 39°01' O), 1 macho (USNM 259431); Ceará, Santana do Cariri, Catita (7°11' S, 39°44' O), 1 macho (USNM 304585); Mato Grosso, Conrumbá, São Marcus Rd. (19°01' S, 57°39' O), 1 fêmea (USNM 390016); Mato Grosso, São Luís de Cáceres, Lava Pés, Facão, entre 3 e 15 k de SE Cáceres (a 16°04' S, 57°41' O), 1 macho (USNM 390017); BOLÍVIA: Beni, Mamore, San Joaquín (13°06' S, 64°47' O), 1 macho, 1 fêmea (USNM 364714, 364715); Beni, Itenez, La Granja, 4 k N Magdalena (que dura 13°2' S, 64°07' O), 1 fêmea (USNM 461347): Santa Cruz, Velasco, San Ignacio de Velasco (16°23' S, 60°59' O), 1 fêmea (USNM 390015); Santa Cruz, Basilio), SSW Santa Cruz 45 k (que dura k a 17°45' S, 63°14' O), 1 fêmea (USNM 390568); Santa Cruz, 3,4 kS Basilio), que dura 45 km SSW Santa Cruz (19°15' S, 64°30' O), 1 macho, 1 fêmea (USNM 390566, 390567); Chuquisaca, Tomina, Tihumayo, 1 fêmea (USNM 290898).
Monodelphis maraxina Thomas
Em 1923, Thomas nomeou Monodelphis maraxina com base em um espécime (o holótipo) de "Caldeirão" e um espécime [Museu Britânico (História Natural) no. 12.5.11.13] Tenho em mãos um macho da "Faz. Tesa", Soure (00°44' S, 48°31' O), Ilha de Marajó, Pará, Brasil. De acordo com Thomas, "Caldeirão" também fica na Ilha de Marajó. Não consegui encontrar um lugar com esse nome em Marajó, mas há uma ilha a oeste de Marajó chamada Caldeirão. Os dois espécimes discutidos por Thomas ainda são aparentemente os únicos a serem relatados.
O primeiro espécime que Thomas viu desta espécie (o macho de Soure) foi identificado por ele como "Peramys domesticus, Wagn.". Mais tarde, Thomas recebeu o espécime da fêmea, que agora é o holótipo, e concluiu que a forma representava uma espécie não descrita.
De acordo com Thomas, Monodelphis maraxina tem a fórmula mamária de Monodelphis brevicaudata (Erxleben) ao invés de Monodelphis domestica (Wagner). Monodelphis maraxina difere de M. brevicaudata, no entanto, por ser predominantemente cinza (e nesse aspecto se assemelha a M. domestica). Além disso, M. maraxina tem menos pelos na cauda, o que Thomas pensava ser uma característica de M. brevicaudata e a cauda é supostamente mais curta do que em M. domestica.
Desde o artigo de Thomas de 1923, nada foi adicionado ao nosso conhecimento de M. maraxina. Na revisão de Miranda-Ribeiro (1936) dos Didelphidae, essa forma nem é mencionada. Cabrera (1958) listou M. maraxina como uma subespécie de M. domestica, mas não deu justificativa para isso.
Segundo Thomas (1923), a fórmula mamária de M. domestica deve ser 4-3-4 ou 5-3,5, enquanto que para M. brevicaudata deve ser 4-1-4. Examinei três espécimes fêmeas da Venezuela, representando o grupo M. brevicaudata e constatei fórmulas aparentes de 4-1-4 (USNM 490241), 4-0-4 (USNM 490229) e 3-1-3 (USNM 490245).
Na primeira mencionada, todas as nove tetas são igualmente bem desenvolvidas e subjacentes ao tecido mamário. Nas outras, as duas tetas mais anteriores são muito menos desenvolvidas que as outras e são bastante difíceis de encontrar. Aparentemente, o par anterior está subjacente por nenhum tecido mamário no USNM 490229 e muito pouco no USNM 490245. A presença ou ausência de um jovem em amamentação pode ter tido esse efeito no desenvolvimento das mamas?
Os coletores devem evitar fazer incisões na região mamária ao preparar espécimes de mucuras. As incisões tornam o estudo das mamas muito mais difícil.
Por motivos zoogeográficos, uma população de M. domestica na Ilha de Marajó seria incomum, pois a espécie é desconhecida na região baixa da Amazônia. No entanto, um relacionamento com os membros próximos do grupo M. brevicaudata seria uma expectativa razoável. A relativa falta de pêlos da cauda em Monodelphis maraxina, embora diferente da condição nas populações geograficamente mais próximas do grupo M. brevicaudata, é paralelo à população na margem leste do rio Tapajós. Monodelphis maraxina mostra coloração viva lateralmente (especialmente logo atrás das orelhas), sugerindo as áreas laterais avermelhadas de Monodetphis brevicaudata. Porém, essa condição é abordada de pronto, em uma amostra de Monodetphis domestica do Ceará (USNM 259431).
A cauda de M. maraxina difere da cauda de M. domestica por ser mais nua e manifestamente escamosa. A cauda de M. domestica é mais fortemente coberta com cerdas minúsculas. M. domestica também possui bulas auditivas mais desenvolvidas. Devido a diferenças entre M. domestica e M. brevicaudata, parece melhor por enquanto tratar M. maraxina Thomas como uma espécie válida. No estado atual de nosso conhecimento, este parece ser o procedimento mais moderado.
A barriga da amostra em questão não apresenta fluorescência sob luz ultravioleta fornecida pelo tubo de 15 watts mencionado acima.
Medições da amostra de Soure (medidas externas realizadas pelo coletor). - comprimento total, 213; comprimento da cauda, 79; comprimento palatal, 19,9; largura zigomática, 20,0; maior constrição do crânio, 5,7; largura entre caninos, 6,6; M3-M3, 11,2; comprimento da dentição maxilar, 14,3; M1-M4, 7,0; maior amplitude dos nasais, 5,5; comprimento do nasal mais longo, 16,5.
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Em 1984, R. H. Pine & Handley. Jr. realizaram uma espécie de revisão na espécie Monodelphis emiliae, atualizando as informações sobre a taxonomia, trazendo novos dados de coleta, ampliando a distribuição geográfica e analisando as variações encontradas nesses novos exemplares coletados.
Uma revisão da mucura de cauda-curta amazônica Monodelphis emiliae (Thomas)
por Ronald H. PINE & Charles O. HANDLEY, Jr.
Monodelphis emiliae (Thomas) géneralement considéré comme conspécifique avec M. brevicaudata (Erxleben), est one espèce distincte, sympatrique de M. brevicaudata. D'abord connue seulement de la rive occidentale du Rio Tapajós, M. emiliae existe aussi sur la rive orientate et au Perou. L'espèce est redécrite et comparée aux autres especes de Monodelphis. M. emiliae présente, comme certains autres Didelphidés, une coloration fugitive qui est en corrélation avec sa fluorescence en lumière ultraviolette.
Monodelphis emiliae (Thomas) é uma mucura de cauda curta pouco conhecida, registrada com certeza apenas em duas localidades na margem oeste do rio Tapajós, e tratado por autores recentes como uma subespécie de Monodelphis brevicaudata (Erxleben). Espécimes recebidos pelo Museu Nacional de História Natural (USNM) do Dr. Francisco de Paula Pinheiro, Instituto Evandro Chagas, Belém, Pará, Brasil; pelo Museum of Comparative Zoology (MCZ) de A. M. Olalla: e pelo Field Museum of Natural History (FNINH) de Pekka Soini de Iquitos, Peru, demonstram que M. emiliae é uma espécie distinta de M. brevicaudata e forneça os primeiros registros dessa mucura do leste do Rio Tapajós e do Peru.
HISTÓRIA
Thomas (1912) nomeou Peramys emiliae (= Monodelphis emiliae) com base em uma fêmea e dois machos de Boim (2°49' S, 55°10' O) na margem oeste do Rio Tapajós. Mais tarde, Thomas (1920) registrou outros dois machos da Villa Braga (= Vila Braga), também a oeste do Tapajós. Até agora, esses são os únicos registros certos de M. emiliae. O dicionário geográfico do National Intelligence Survey fornece as coordenadas de Vila Braga como 4°25' S, 56°17' O. O Mapa da América Hispânica da Sociedade Geográfica Americana de Nova York, no entanto, mostra Vila Braga em cerca de 55°48' O.
Miranda-Ribeiro (1936) examinou um dos espécimes de Thomas de Vila Braga e o chamou incorretamente de ''Cotypo". Ao registrar um espécime rotulado como "Rio de Janeiro", que ele identificou como P[eramys] tricolor emiliae, Miranda-Ribeiro indicou ceticismo em relação à localidade, mas não à identificação. Provavelmente, ambos devem ser considerados incertos. M. scalops (Thomas) superficialmente similar seria mais provável se o rótulo "Rio" estivesse correto. Consideramos M. tricolor (É. Geoffroy St.-Hilaire) como sinônimo de M. touan (Shaw) e (provisoriamente) de M. brevicaudata. Vieira (1955) também tratou M. emiliae como Monodelphis tricolor emiliae e atribuiu incorretamente sua localidade-tipo como "Vila Braga, Rio Tapajós". Ele deu a região geográfica como "Estado do Pará". Vieira (1949) havia indicado anteriormente que essa forma estava representada nas coleções do Museu Paulista. Cabrera (1958), talvez influenciado por Miranda-Ribeiro (1936), refere-se a M. emiliae como "Monodelphis touan emiliae", mas ignorou o registro duvidoso de Miranda-Ribeiro como Rio de Janeiro. Carvalho (1962) relatou "Monodelphis brevidauda [sic] emiliae" de Gradaús e Riosinho, localidades a leste do Rio Xingú, mas a julgar pela descrição, esses espécimes não são Monodelphis emiliae. Peterson e Pine (1982) trataram a emiliae como uma espécie válida em sua chave para os mamíferos da Amazônia brasileira.
MATERIAL
Cinco espécimes relatados aqui são do sexto ao décimo indivíduo, inquestionavelmente representando Monodelphis emiliae. São eles:
- MCZ 30418, macho, adulto, Cametá (2°14' S, 49°30' O), Rio Tocantins (margem oeste), Pará, Brazil, 26 de janeiro de 1932.
- USNM 461883, fêmea, subadulto (M3 e M4 não corroído e sem vestígios de crista sagital), Km 217 (5 km por estrada SO de um ponto a 4°05' S, 55°06' O) na rodovia Santarém-Cuiabá (margem leste do Rio Tapajós), Pará, Brasil, 7 de maio de 1973.
- USNM 461884, masculino, subadulto (M3 e M4 não corroído e crista sagital pouco evidente; ver Tabela 1 para medições), Km 200 (12 km por estrada NNE de Flexal) na Rodovia Transamazônica, entre Itaituba e Jacareacanga (margem oeste do Rio Tapajós), Pará, Brasil, 1 de dezembro de 1973.
- Instituto Evandro Chagas (10C) M 42529, femêa, subadulta (aparentemente ainda com a pelagem juvenil), Flexal (5°34' S, 57°13' O), Km 212 na Rodovia Transamazônica, entre Itaituba e Jacareacanga (margem oeste do Rio Tapajós), Pará, Brasil, 19 de novembro de 1975.
- FMNH 58955, macho, adulto, Quebrada Aucayo (3°50' S, 73°05' O), Loreto, Perú, 6 de março de 1972.
Além dessas amostras, examinamos o holótipo - Museu Britânico (História Natural) (BM) 11.12.22.16, macho, subadulto; um parátipo - Museu Americano de História Natural (AMNH) 37491 (= Museu Goeldi 11), macho, juvenil e um dos espécimes que Thomas (1920) relatou de Vila Braga - BM 20.7.14.44, macho, adulto velho (cúspides obliteradas no M1).
MCZ 30418 e USNM 461883 são espécimes especialmente significativos porque amostras de M. brevicaudata (sensu lato) também estão disponíveis em ambas as localidades.
Como apenas três M. brevicaudata estão disponíveis de Cametá, mas muitos são preservados da Rodovia Santarém-Cuiabá, nós usamos o último em nossas comparações.
[Nota adicionada como prova. - Um décimo primeiro espécime, um macho muito jovem (FMNH 94293) de Fordlândia (3°40' S, 55°30' O), Rio Tapajós, Pará, Brasil, também existe.]
TABELA 1. - Variáveis (em mm e gr.) para Monodelphis emiliae. Exceto quando indicado de outra forma, as medições externas foram realizadas no campo pelo coletor. Quando aplicável, medições tomadas como dadas por Thomas (1905). Largura da caixa craniana obtida no entalhe entre a crista lambdoidal e a raiz zigomática posterior.
MATERIAL
Cinco espécimes relatados aqui são do sexto ao décimo indivíduo, inquestionavelmente representando Monodelphis emiliae. São eles:
- MCZ 30418, macho, adulto, Cametá (2°14' S, 49°30' O), Rio Tocantins (margem oeste), Pará, Brazil, 26 de janeiro de 1932.
- USNM 461883, fêmea, subadulto (M3 e M4 não corroído e sem vestígios de crista sagital), Km 217 (5 km por estrada SO de um ponto a 4°05' S, 55°06' O) na rodovia Santarém-Cuiabá (margem leste do Rio Tapajós), Pará, Brasil, 7 de maio de 1973.
- USNM 461884, masculino, subadulto (M3 e M4 não corroído e crista sagital pouco evidente; ver Tabela 1 para medições), Km 200 (12 km por estrada NNE de Flexal) na Rodovia Transamazônica, entre Itaituba e Jacareacanga (margem oeste do Rio Tapajós), Pará, Brasil, 1 de dezembro de 1973.
- Instituto Evandro Chagas (10C) M 42529, femêa, subadulta (aparentemente ainda com a pelagem juvenil), Flexal (5°34' S, 57°13' O), Km 212 na Rodovia Transamazônica, entre Itaituba e Jacareacanga (margem oeste do Rio Tapajós), Pará, Brasil, 19 de novembro de 1975.
- FMNH 58955, macho, adulto, Quebrada Aucayo (3°50' S, 73°05' O), Loreto, Perú, 6 de março de 1972.
Além dessas amostras, examinamos o holótipo - Museu Britânico (História Natural) (BM) 11.12.22.16, macho, subadulto; um parátipo - Museu Americano de História Natural (AMNH) 37491 (= Museu Goeldi 11), macho, juvenil e um dos espécimes que Thomas (1920) relatou de Vila Braga - BM 20.7.14.44, macho, adulto velho (cúspides obliteradas no M1).
MCZ 30418 e USNM 461883 são espécimes especialmente significativos porque amostras de M. brevicaudata (sensu lato) também estão disponíveis em ambas as localidades.
Como apenas três M. brevicaudata estão disponíveis de Cametá, mas muitos são preservados da Rodovia Santarém-Cuiabá, nós usamos o último em nossas comparações.
[Nota adicionada como prova. - Um décimo primeiro espécime, um macho muito jovem (FMNH 94293) de Fordlândia (3°40' S, 55°30' O), Rio Tapajós, Pará, Brasil, também existe.]
TABELA 1. - Variáveis (em mm e gr.) para Monodelphis emiliae. Exceto quando indicado de outra forma, as medições externas foram realizadas no campo pelo coletor. Quando aplicável, medições tomadas como dadas por Thomas (1905). Largura da caixa craniana obtida no entalhe entre a crista lambdoidal e a raiz zigomática posterior.
COMPARAÇÕES
A cauda de Monodelphis emiliae é revestida por todo o seu comprimento (pelo dorsal mais longo), ou quase isso, enquanto a cauda da simpática Monodelphis brevicaudata da Rodovia Santarém-Cuiabá é revestida apenas na base. O pêlo da brasileira Monodelphis emiliae é mais curto (4 mm versus 5 mm no meio do dorso) e levemente mais grosseiro que na simpátrica Monodelphis brevicaudata da Rodovia Santaréem-Cuiabá. O espécime peruano tem pêlo de cerca de 7 mm no meio do dorso.
Na coloração, M. emiliae se assemelha a M. scalops (Thomas). Superficialmente, a colaboração em adultos é semelhante em M. emiliae e M. brevicaudata, mas um exame mais atento revela muitas diferenças. Ambos são em grande parte ruivos e "cinza" (fuscos com pontas brancas), mas M. brevicaudata tem o cinza confinado a uma larga faixa dorsal que se estende do focinho à cauda e delimitada em todo o seu comprimento por amplas faixas laterais ruivas; enquanto que M. emiliae tem toda a face e, geralmente, a coroa, juntamente com o traseiro, quadris e extremidades traseiras, ruivos, e os flancos e o dorso intermediários, cinza (no USNM 461883, no entanto, faixas ruivas laterais estreitas se estendem anteriormente nos flancos a partir da parte traseira). A coloração ventral na simpátrica M. brevicaudata da Rodovia Santarém-Cuiabá não é muito distinta da dos flancos, e varia de um sombrio marrom claro a um creme escurecido, com os pelos individuais de base cinza. Os pelos ventrais dos M. emiliae USNM e FMNH, por outro lado, são atualmente creme ou amarelados na base e nitidamente diferenciados da cor dos flancos.
Comparados com espécimes de Monodelphis brevicaudata de idade semelhante e do mesmo sexo da Rodovia Santarém-Cuiaba, os crânios de M. emiliae USNM são menores (por exemplo, o comprimento condilobasal 34,4 versus 38,9 mm), têm o rostrum e a caixa craniana desproporcionalmente mais curtos e posteriormente mais largos, a base do rostrum mais inflada, rostrum e caixa craniana deprimidos, de tal maneira que o crânio é mais uniformemente convexo no perfil dorsal, fossa orbital mais curta, processos pós-orbitais bem definidos nos frontais, constrição pós-orbital mais curta, palato mais curto e posteriormente mais amplo, vacuidades palatais menos distintas, petroso mais achatado ventralmente, molares menores (por exemplo, M1-M4, 6,9 versus 8,8), P3 notavelmente menores e mais baixos do que P3, caninos longos e mais esbeltos, e p2 mais baixo que p3 e não aglomerados. As bulas auditivas, ausentes nos espécimes da USNM, são vistas no holótipo e no BM 20.7.14.44 (de M. emiliae) como sendo amplamente anexadas medialmente e anteriormente e sendo muito maiores e mais extensas (mais desenvolvidas) do que em M. brevicaudata, sendo maiores e mais bulbosas do que em qualquer outra espécie de Monodelphis.
A cauda de Monodelphis emiliae é revestida por todo o seu comprimento (pelo dorsal mais longo), ou quase isso, enquanto a cauda da simpática Monodelphis brevicaudata da Rodovia Santarém-Cuiabá é revestida apenas na base. O pêlo da brasileira Monodelphis emiliae é mais curto (4 mm versus 5 mm no meio do dorso) e levemente mais grosseiro que na simpátrica Monodelphis brevicaudata da Rodovia Santaréem-Cuiabá. O espécime peruano tem pêlo de cerca de 7 mm no meio do dorso.
Na coloração, M. emiliae se assemelha a M. scalops (Thomas). Superficialmente, a colaboração em adultos é semelhante em M. emiliae e M. brevicaudata, mas um exame mais atento revela muitas diferenças. Ambos são em grande parte ruivos e "cinza" (fuscos com pontas brancas), mas M. brevicaudata tem o cinza confinado a uma larga faixa dorsal que se estende do focinho à cauda e delimitada em todo o seu comprimento por amplas faixas laterais ruivas; enquanto que M. emiliae tem toda a face e, geralmente, a coroa, juntamente com o traseiro, quadris e extremidades traseiras, ruivos, e os flancos e o dorso intermediários, cinza (no USNM 461883, no entanto, faixas ruivas laterais estreitas se estendem anteriormente nos flancos a partir da parte traseira). A coloração ventral na simpátrica M. brevicaudata da Rodovia Santarém-Cuiabá não é muito distinta da dos flancos, e varia de um sombrio marrom claro a um creme escurecido, com os pelos individuais de base cinza. Os pelos ventrais dos M. emiliae USNM e FMNH, por outro lado, são atualmente creme ou amarelados na base e nitidamente diferenciados da cor dos flancos.
Comparados com espécimes de Monodelphis brevicaudata de idade semelhante e do mesmo sexo da Rodovia Santarém-Cuiaba, os crânios de M. emiliae USNM são menores (por exemplo, o comprimento condilobasal 34,4 versus 38,9 mm), têm o rostrum e a caixa craniana desproporcionalmente mais curtos e posteriormente mais largos, a base do rostrum mais inflada, rostrum e caixa craniana deprimidos, de tal maneira que o crânio é mais uniformemente convexo no perfil dorsal, fossa orbital mais curta, processos pós-orbitais bem definidos nos frontais, constrição pós-orbital mais curta, palato mais curto e posteriormente mais amplo, vacuidades palatais menos distintas, petroso mais achatado ventralmente, molares menores (por exemplo, M1-M4, 6,9 versus 8,8), P3 notavelmente menores e mais baixos do que P3, caninos longos e mais esbeltos, e p2 mais baixo que p3 e não aglomerados. As bulas auditivas, ausentes nos espécimes da USNM, são vistas no holótipo e no BM 20.7.14.44 (de M. emiliae) como sendo amplamente anexadas medialmente e anteriormente e sendo muito maiores e mais extensas (mais desenvolvidas) do que em M. brevicaudata, sendo maiores e mais bulbosas do que em qualquer outra espécie de Monodelphis.
DISCUSSÃO
O crânio e a dentição de Monodelphis emiliae diferem dos de M. brevicaudata em tantos aspectos, que a conclusão de que os dois táxons não estão intimamente relacionados é inevitável. Entre as espécies de Monodelphis que reconhecemos - M. adusta (incluindo peruviana e melanops), americana, brevicaudata (incluindo touan, tricolor e palliolata), dimidiata, domestica, iheringi, kunsi, maraxina, orinoci, osgoodi, rubida (incluindo umbristriata), scalops, sorex (incluindo henseli e itatiayae) e theresa - o crânio de M. emiliae é mais parecido com os de M. americana e M. sorex. Esses três táxons compartilham, em particular, o processo pós-orbital distinto, constrição pós-orbital curta, caixa craniana e rostrum curtos, bula auditiva extensa, petrosal achatado, molares pequenos, pré-molares escalonados e caninos longos e delgados. Eles também diferem em muitos aspectos, particularmente externamente, mas inferimos uma relação próxima, com base em suas semelhanças cranianas e dentárias.
VARIAÇÃO
A variação é vista na extensão e avivamento das partes ruivas na frente e atrás; as pernas da frente podem ser ruivas por cima ou amareladas; o ventre no pós-rosado, mas com coloração pré-chartreuse (a cor muda) pode ser de cor ocre alaranjado a amarelado amarronzado ou creme; a cauda varia em pilosidade e varia de preto principalmente dorsal a sólido avermelhado. Agora, poucas amostras de M. emiliae estão disponíveis para permitir a avaliação de variações individuais e geográficas.
O M. emiliae juvenil difere consideravelmente dos adultos na cor. Um parátipo juvenil masculino, AMNH 37491, representado apenas por uma pele, coletado em 24 de setembro de 1911 com medições externas registradas pelo coletor como 101-53-19-13 (presumivelmente sistema europeu como pé seco mede 20 com garra) tem o rosto, focinho e topo da cabeça na linha das orelhas vermelho escuro, quase ruivo; antebraços e mãos vermelhas; uma faixa mediana vermelha escura estreita do topo da cabeça à parte inferior das costas; traseiro e lombar vermelho escuro enegrecido; quadris, dorso das membros traseiros e pés ruivos; cauda vermelha escura; lados do pescoço e partes irregulares dos flancos grisalhos, entremeados de vermelho escuro; borda da boca, queixo e garganta são avivados; o restante das partes inferiores e sob as superfícies de todos os quatro membros chartreuse.
O espécime fêmea juvenil da Flexal coletado em 19 de novembro de 1975 tinha as seguintes medidas e peso (medidas externas realizadas pelo coletor - medidas realizadas por Pine, 1981): comprimento total 165, vértebras da cauda 45, pé 20 cerca de (19 s.u.), orelha 12 do entalhe (8 europeu), peso 25 g, maior comprimento do crânio ca. 30,7 Neste caso, toda a superfície dorsal ferrugem, gradualmente ficando mais vermelho na cabeça e no traseiro. O vermelho mais profundo e mais escuro está no traseiro. O pêlo das mãos é mais colorido como no espécime do outro lado do rio (USNM 661883), assim como a garganta. Posterior à garganta, a superfície ventral é de um vivo acinzentado e opaco. Uma área rosada entre as pernas da frente ainda era aparente a partir de agosto de 1982. As solas dos pés são mais escuras do que nas amostras da USNM e a cauda é ainda mais escura do que no subadulto de cauda escura USNM 461883.
COLORAÇÃO TRANSITÓRIA
As partes inferiores das duas amostras de M. emilae da USNM em 1973 mostraram um "rubor" de cor lavanda ou rosa ao longo da linha média. Isso desapareceu em algum momento entre 1973 e 1978. As partes inferiores do BM 20.7.14.44, descritas por Thomas (1920) como vináceo, agora são chartreuse como são os do holótipo e do parátipo que examinamos. O rótulo do holótipo tem uma afirmação pouco legível, que provavelmente deve ser lida como "Farbe der unter Seite, rost rot, wurde nach d[em]. präparieren rosa" ("A cor do lado de baixo, vermelho-ferrugem, ficou rosa após a preparação"). A superfície ventral da amostra de Cametá, coletada em 1932, é agora uniformemente ocre alaranjado, muito mais escura do que nas amostras da USNM.
Thomas (1912, 1920) discutiu as cores trasitórias características das partes inferiores de M. emiliae. Violeta lábil e rosa (cores de pelagem extremamente incomuns para mamíferos) também são encontradas em outros marsupiais da América do Sul (Anderson, Pine e Ligara, 1978). Burmeister (1854) relatou que as cores avermelhadas em Marmosa cinerea desaparecem logo após a morte. Marmosa murina (Linnaeus) que Pine coletou em Belém, Pará, em 1968, originalmente possuía as partes inferiores cor de salmão, mas seis anos depois eles mudaram para um creme ou creme pálido e totalmente opaco.
Thomas (1912 e 1923) observou uma coloração violeta trasitória em Lutreolina crassicaudata, e Krumbiegel (1941) especulam longamente sobre a natureza do brilho rosado trasitório de Lutreolina (ver também Hensel, 1872; Stichel, 1929; Cabrera, 1958, com relação a este assunto). Kuiper (1928) afirmou que o vermelho na pelagem do Callosciurus finlaysoni branco-amarelado é um fenômeno sazonal.
Quando eles são expostos à luz ultravioleta, todas as espécies de Didelphidae nas quais as cores trasitórias são conhecidas mostram fluorescência das áreas onde as cores trasitórias ocorrem. Isto é especialmente notável nas superfícies ventrais de certas Marmosa e Monodelphis, como nas amostras USNM de M. emiliae. Algumas formas nas quais as cores trasitórias não foram registradas também fluorescem. Quando USNM 461883 e 461884 (M. emiliae) são expostos a UV, um um vivo vermelho-rosa (red-pink) aparece no ventre - especialmente entre as pernas da frente, onde o rosa trasitório aparece sob luz branca. Para uma discussão mais aprofundada sobre a fluorescência em didelfídeos, veja Pine e Abravaya (1978) e Pine (1979, 1981).
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Em 1985, Pine, Dalby & Matson publicaram um trabalho mais extenso sobre a mucura Monodelphis dimidiata. Tratando de sua ecologia, desenvolvimento, morfometria e taxonomia. Tornando-a talvez a espécie mais estudada, depois de Monodelphis domestica. Nessa publicação ele reconheceu que em 1976, ele poderia estar errado. "When Miranda-Ribeiro (1936) and Pine (1976) were writing about M. umbristriata, the extreme sexual dimorphism in at least some Monodelphis was unappreciated. The status of the name M. umbristriata may be in need of reassessment because both reported adult specimens are males".
Ecologia, Desenvolvimento pós-natal, Morfometria e Status taxonõmico da Mucura de cauda curta, Monodelphis dimidiata, um marsupial anual aparentemente semelparo
Ronald Pine, Peter L. Dalby & João Matson
Dados de campo para Monodelphis dimidiata foram coletados em locais de captura perto de Balcarce, província de Buenos Aires, Argentina. Pastagens de pousio e pastagens nativas foram alvo de capturas realizadas com gaiolas (live-trapped) e ratoeiras (snap-trapped), como parte de um estudo de dinâmica populacional de roedores, que se estendeu de dezembro de 1968 a abril de 1970. As mucuras representavam apenas uma pequena fração da comunidade total de pequenos mamíferos capturados a cada mês. O maior número foi capturado no outono (de março a maio), coincidindo com a dispersão dos jovens. Os animais eram diurnos, com a maior parte da atividade concentrada no final da tarde. Raramente as mucuras foram capturadas mais de uma vez. A espécie parece ser predominantemente insetívora; não se acredita que seja um dos principais predadores de roedores. As ninhadas foram documentadas por dois meses do verão (dezembro a janeiro), com uma alta de 16 jovens registrados para uma ninhada. Os dados sobre o desenvolvimento pós-natal foram registrados para um número limitado de jovens durante as primeiras cinco semanas após o nascimento, próximo ao momento da abertura dos olhos. Dados morfométricos de animais de laboratório e de campo e medições do crânio mostram que os jovens se desenvolveram bastante lentamente nos meses mais frios, enquanto o crescimento da primavera, especialmente nos machos, aumentou drasticamente, com a maturação sexual ocorrendo em ambos os sexos no verão.
Monodelphis dimidiata mostra-se uma espécie aparentemente semelpara e anual. A distribuição temporal das classes etárias e os padrões de variação não geográfica fornecem o principal suporte para essa conclusão. De acordo com sua aparente estratégia reprodutiva, M. dimidiata mostra um dimorfismo sexual extremo. Variação não geográfica é documentada. As diferenças entre os sexos em M. dimidiata e em alguns outros Monodelphis às vezes resultam em problemas taxonômicos, e foi observad aqui. Anteriormente cofundido com M. henseli (provavelmente =M. sorex), M. dimidiata parece ser conhecido com certeza apenas da Argentina e do Uruguai. Embora algumas vezes seja considerado co-específico com M. fosteri, a co-especificidade não foi demonstrada.
Histórico Abreviado Relativo ao Nome
MONODELPHIS DIMIDIATA
MONODELPHIS DIMIDIATA
1838. Waterhouse mencionou pela primeira vez o animal agora conhecido como Monodelphis dimidiata (Wagner) sob o nome "Didelphis brachyura. Gmel". Esta e as referências posteriores de Waterhouse (1839, 1841, 1843, 1846) foram baseadas em um espécime trazido por Darwin de Maldonado, Uruguai. Esta afirmação de Pine está errada, não foi Waterhouse que mencionou pela primeira vez o animal conhecido hoje como Monodelphis dimidiata, mas sim Temminck (1827: 53) em MONOGRAPHIES DE MAMMALOGIE como Didelphis brachyura. Waterhouse baseou-se na descrição de Temmincki para identificar o animal como Didelphis brachyura.
1847. Wagner nomeou o animal de Darwin, D [idelphys]. dimidiata.
1854. Burmeister chamou o animal de Darwin, de Didelphys brachyura.
1855. Schreber o incluiu em "D [idelphys]. Brachyura SCHREB".
1856. Burmeister se refere ao animal de Darwin como Microdelphys brachyura.
1873. Hensel usou o nome Microdelphys brachyura para um animal brasileiro.
1882, 1887. Arechavaleta (fide Ximenez et al., 1972) discutiu a distribuição uruguaia de Monodelphis dimidiata sob o nome Didelphis brachyura.
1888. Beddard descreveu a glândula esternal de Didelphys dimidiata. Thomas usou esse mesmo nome para espécimes de Taquara e San Lorenzo (=São Lourenço do Sul), Rio Grande do Sul, Brasil. Todas as amostras disponíveis para Thomas eram do sexo masculino, como sua redescrição indica claramente (consulte a discussão sobre dimorfismo sexual neste artigo).
1892. Ihering usou o nome Peramys dimidiatus para animais do Rio Grande do Sul.
1894. Figueira usou o nome "Didelphys brevicaudata Erxl". para Uruguayan Monodelphis.
1896. Lydekker escreveu sobre Didelphys dimidiata.
1898. Holmberg registrou Monodelphis dimidiata de "La Tinta", Argentina, usando o nome "? Didelphys brachyura" (p.478). Trouessart escreveu sobre a área geográfica de [Peramys] dimidiata.
1899. Lahille refere-se a Peramys dimidiata (Wagn.) Como "El Colicorto de Azara - Mesopotámica-orientalis.-Pampeana".
1900. Thomas relatou Peramys dimidiata Wagn. de Palmeira, Parana, Brasil.
1914. Bertoni usou o nome P [eramys]. dimidiatus, afirmando que não era "el ((Colicorto)) de Azara".
1916. Matschie usou a combinação de nomes "[Didelphis (Monodelphis)] dimidiata WAGN".
1919. Cabrera descreveu o gênero nominal Minuania com [Minuania] dimidiata Wagner como o tipo e a única espécie. Os caracteres distintivos foram em grande parte os encontrados (apenas?) Em machos adultos.
1923. Larrafiaga (1771-1848, publicada em 1923) se refere a D. Brachyura, fornecendo uma descrição das características externas e algumas notas da história natural. Ele considerou o "Colicorto" de Azara.
1924. Thomas nomeou Monodelphis fosteri de Caleufú, La Pampa, Argentina. Thomas comparou M. fosteri com M. dimidiata.
1929. Sanborn registrou um espécime identificado como M. dimidiata de Montevidéu, Uruguai
1932. Marelli usou a combinação Minuania dimidiata.
1935. Devincenzi usou a combinação Minuania dimidiata e colocou o "Colicorto" de Azara em sua sinonímia.
1936. Miranda-Ribeiro descreveu P [eramys]. d [imidiata]. itatiayae de Itatiaia, Rio de Janeiro, Brasil, e nomeado Minuania umbristriata na página 422. Na página 419, ele incluiu uma chave com as palavras: "[Coloracao] ruiva, aparentemente uniformemente ... M. goyana".
Minuania goyana foi mencionado apenas na chave. A descrição de M. umbristriata concorda com a de M. goyana na chave. Claramente, M. goyana e M. umbristriata pretendiam que os espécimes brasileiros fossem mais coloridos nos flancos e no ventre e mais escuros dorsalmente do que os argentinos. Bertoni (1914) também encontrou o que ele considerou como M. dimidiata do norte (paraguaio) mais vistoso que o do sul. Da mesma forma, Cabrera e Yepes (1940, 1960) relataram que espécimes do estado do Rio de Janeiro, Brasil, eram especialmente vistosos e, por esse motivo, eram considerados uma subespécie separada. Reig (1964) observou que os dimidiata costeiros argentinos concordavam em cores com o tipo de M. dimidiata, e Massoia e Fornes (1967) também consideravam que eles concordavam essencialmente em cores com os espécimes uruguaios. No entanto, Ximenez et al. (1972) relataram que Ximenez havia examinado o holótipo de P [eramys]. d [imidiata]. itatiayae (um M. henseli segundo Handley) e não encontrou diferenças que justificassem sua separação no nível subespecífico do topotípico M. dimidiata. Eles alegaram que M. dimidiata mostra coloração variável, mesmo em uma única localidade, o que, por implicação, poderia explicar as diferenças externas entre o holótipo de itatiayae e M. dimidiata. Como M. dimidiata foi confundido com M. henseli (provavelmente = M. sorex), as distribuições reais das duas espécies e identidades de alguns espécimes publicados são problemáticas.
Monodelphis dimidiata itatiayae (Miranda-Ribeiro)
Veja M. henseli.
Monodelphis fosteri Thomas
Este nome foi baseado em uma única fêmea imatura de "Caleufú... Cerca de 64°30' W e 35°35' S .... La Pampa, Argentina."
Thomas (1924) escreveu: "Este espécime tem quase a mesma idade que uma série de M. dimidiata que eu coletei em 1896, perto de Montevidéu, e é visivelmente diferente na cor do que qualquer um deles, "descrevendo M. fosteri como" de uma cor cinza muito mais pálida por cima, perto de "um cinza-rato denso" os lados escassamente mais levemente amarelados do que as costas, a barriga apenas levemente tingida com amarelo, como também é o caso das bochechas, em vez dessas partes serem, em cada caso, um forte proeminente amarelado. Cauda bicolor, preto acima, esbranquiçado abaixo. Crânio e dentes como em dimidiata. " Reig (1964) afirmou que seu imaturo M. dimidiata da Argentina tinha a coloração que Thomas dava para fosteri, sendo mais pálido que os adultos de Reig e o holótipo de M. dimidiata. Isso parece estranho porque os espécimes de Balcarce, que não estão longe de As localidades de Reig, mostram o contrário, os jovens são mais escuros que os adultos, como também foi relatado por Crespo (1964) para seu Monodelphis argentino. Nossas anotações feitas em um dos três espécimes masculinos imaturos essencialmente idênticos de Balcarce (MSU 17469), com comprimento total igual a 120 mm, crânio igual a 23,5 mm ("faixa etária 3"), são os seguintes: "pelo de barriga... com bases cinzas com ponta amarelo claro; muito mais escura do que em adultos com barrigas laranjas ou amareladas mais ou menos monocromáticas. Cor alaranjada lateral nos flancos não tão bem desenvolvidos quanto nos adultos. Lado da cabeça e pescoço bastante laranja, no entanto". Esses imaturos são mais escuros e mais marrons que os adultos. Um ponto aparentemente esquecido por Reig é que Thomas (1924) comparou o (pálido) M. fosteri com o que ele considerava típico (escuro) M. dimidiata aproximadamente da mesma idade. Supondo que o M. fosteri de Thomas mostre um padrão de crescimento semelhante ao de M. dimidiata perto de Balcarce, a julgar pelas suas medidas, seu holótipo cairia em nosso "grupo etário 5", momento em que a pelagem do adulto deveria ser desenvolvida (como Thomas sem dúvida sabia). Reig, no entanto, concluiu que M. fosteri Thomas é provavelmente um sinônimo de M. dimidiata, sendo os caracteres de M. fosteri meramente aqueles típicos de dimidiata juvenil. Ele não tomou uma decisão definitiva sobre isso, no entanto, e afirmou que sua suposição deveria ser verificada por comparação de tipos e estudo de caracteres específicos no gênero. Segundo Kirsch e Calaby (1977), no entanto, "Reig (1964) mostrou que os espécimes de M. fosteri eram simplesmente juvenis de M. dimidiata, e fosteri é omitido [da lista de espécies]". Embora eles próprios não tenham realizado os estudos recomendados pelo Reig, Kirsch e Calaby trataram a especificidade de M. dimidiata e M. fosteri como comprovado e eles foram os primeiros a colocar os nomes em sinonímia. Acreditamos que a conduta cautelosa é tratar M. fosteri como uma espécie válida, aguardando comparações diretas adicionais com outras amostras.
Monodelphis goyana (A. de Miranda-Ribeiro)
Ver M. umbristriata.
Monodelphis henseli (Thomas)
Este nome é um sinônimo júnior de Monodelphis sorex (Hensel) de acordo com C. 0. Handley, Jr. (comunicação pessoal). Handley nos convenceu de que o holótipo de P [eramys]. d [imidiata]. itatiayae Miranda-Ribeiro é um sinônimo júnior de M. henseli (ver Pine, 1980).
Monodelphis sorex (Hensel)
Veja M. henseli.
Monodelphis umbristriata (Miranda-Ribeiro)
No mesmo artigo (p. 422) da descrição de "Monodelphis dimidiata itatiayae", Miranda-Ribeiro (1936) nomeou Minuania umbristriata. Na página 419 em uma chave, ele escreveu: "[Coloracao] ruiva, apparentemente uniforme... M. goyana." Cabrera (1958) provisoriamente colocou Minuania umbristriata na sinonímia de Monodelphis americana Müller. Em relação a M. goyana, Cabrera escreveu "mencionada solamente en una clave, sin indicación de localidad ni más caracteres diferenciales que...[cita Miranda-Ribeiro], apenas puede ser considerada más como un nomen nudum. En todo caso, es por ahora una forma forma nominal muy dudosa, tal vez una forma erítrica de dimidiata". Por mais breves que sejam as observações de Miranda-Ribeiro, elas constituem uma descrição, e qualquer que seja o status de M. goyana, não é um nomen nudum. Embora isso não tenha ocorrido a Cabrera, é evidente que a Minuania goyana e a Minuania umbristriata se destinavam a aplicar-se a um mesmo animal. Em sua chave, Miranda-Ribeiro reconheceu duas espécies no subgênero Minuania (M. dimidiata e M. goyana). No restante do texto, ele também reconheceu duas espécies (M. dimidiata e M. umbristriata). A descrição de M. goyana na chave concorda com a descrição de M. umbristriata no texto principal. O nome específico goyana em português do Brasil significa um habitante (feminino) do estado brasileiro de Goiás, e ambos os espécimes de M. umbristriata de Miranda-Ribeiro são desse estado. Obviamente, ele inicialmente pretendia chamar sua nova forma por um nome e depois mudou de idéia mas falhou em fazer todas as alterações necessárias em seu manuscrito. Como primeiros revisores, selecionamos o nome Minuania umbristriata Miranda-Ribeiro 1936 ter prioridade sobre Minuania goyana Miranda-Ribeiro 1936. Pine (1976) relatou um exemplar de Monodelphis umbristriata de Minas Gerais, e tratou a Minuania como um subgênero válido contendo M. umbristriata e dimidiata. Um caráter usado por Miranda-Ribeiro (1936) e Pine (1976) para distinguir M. umbristriata (como adultos) de outro Monodelphis de dorso listrado, foi as faixas dorsais extremamente fracas em M. umbristriata. Thomas (1888) observou esse padrão de cor em animais que chamou M. americana e observou que pode ser sazonal porque ele tinha visto um espécime em Paris com listras ruivas anteriormente e listras pretas posteriormente. Quando Miranda-Ribeiro (1936) e Pine (1976) escreveram sobre M. umbristriata, o dimorfismo sexual extremo em pelo menos alguns Monodelphis foi desvalorizado. O status do nome M. umbristriata pode estar necessitando de reavaliação, pois ambas as amostras adultas relatadas são do sexo masculino.
Esse era o cenário da Sistemática do gênero Monodelphis em 1984. Eu estava no início da minha Revisão do gênero, e a Lista de Cabrera de 1958 era um trabalho consolidado (uma referência internacional), enquanto a lista de Pine & Handley Jr. de 1984, apenas despontava como um tímido esboço, em meio a minha Revisão, já em andamento. Foi partindo desse cenário que comecei a organizar meus resultados.
Literatura citada:
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